Ainda - "Onde estão as elites do Grande Porto?


O problema do Porto, e do Norte, não está na falta de elites. Há muitas e boas, nas empresas, nas artes, nas universidades, no desporto, com alguns afloramentos muito fortes, como é o caso do Museu de Serralves, que, por mérito próprio, se impôs como referência nacional e internacional, constituindo um excepcional exemplo de vitalidade capaz de atrair mais gente do que "todos os museus juntos de Lisboa.

Há elites no Porto, mas não têm poder ?

Miguel Cadilhe - por falta de poderes regionais instituídos

António Barreto - em boa parte por culpa própria.

António Barreto - a afirmação do Porto e do Norte não deve fazer-se por "outorga" da regionalização pelo poder central, mas antes pela afirmação prática da excelência das suas elites.

Miguel Cadilhe - relembrou e criticou os expedientes de Lisboa para "empatar" a instituição das regiões, lembrando, a propósito, uma afirmação de Cavaco retirada da sua autobiografia política - "Fiz por empatar o processo", confessou o próximo Presidente da República.

António Barreto - "Ninguém foi capaz de dar voz ao Porto e ao Norte”, acusou. "As universidades não o fazem, as câmaras não se entendem" e preferem "cooperar com o poder central", e a capital "não cessa de se sentir superior e de troçar da cidade segunda".

Miguel Cadilhe - "Agustina Bessa-Luís e Siza Vieira são elite, mas não são líderes", para haver mais e melhores elites, é necessária "massa crítica". Ora, "quanto maior for a centralização do país, mais enfraquecidas são a massa crítica e os factores exógenos" que favorecem o aparecimento dos melhores.

António Barreto - é o Porto que deve fazer por se impor, a exemplo de congéneres como Barcelona, Edimburgo, São Paulo, Frankfurt e uma multidão de "segundas cidades" norte-americanas.

Baseado no artigo de Carlos Romero in Público - 24/11/2005

Comentários

Miguel Primaz disse…
Um Porto vive uma situação de afogamento, ou seja, está emaranhado num remoinho da qual só sairá se mergulhar a pique nos problemas existentes.
Parabèns pela consciência crìtica e pelo blog
Caro Miguel Primaz,

Obrigado pela visita, pelo seu contributo e já agora pelo elogio.

Estamos só no início, brevemente teremos aqui novos colaboradores, de elevadíssimo nível académico e político e extremamente conhecedores destas temáticas.

Volte sempre.

Cumprimentos
Não acho que uma Cidade, como uma Aldeia, ou um País, se tenham que impor nem pelas suas "élites", nem pelas suas bases...

Nem sequer têm que se impor! Talvez haja um certo fanfarronismo nesta história de nos compararmos sempre a qualquer coisa que está muito para além de nós.

Imaginem se Lisboa se quisesse comparar com Paris, Roma, ou mesmo Madrid? Andávamos sempre na fossa...

Acho que nós temos é de nos afirmar por aquilo que somos. E naquilo que somos únicos e ninguém mais tem. Há muitas coisas em Lisboa, no Porto ou no Pulo do Lobo que ninguém mais tem igual.

Esta história de termos de pôr saltos altos para jogar basquetebol, se nós somos bons é na malha, ou no hóquei em patins, ou no atletismo, ou no futebol, ou no vinho, ou no folclore, ou, ou, ou...