Regionalização - Um Movimento Cívico

Agostinho Branquinho
candidato à liderança do PSD/Porto
entrevista a O PRIMEIRO DE JANEIRO


É um acérrimo defensor da regionalização… pensa levar este tema novamente à discussão?

Sempre fui a favor da regionalização mesmo quando o meu partido, oficialmente, a abandonou. Do meu ponto de vista, a regionalização é um avanço na divisão administrativa e política do País e, portanto, permitiria obter, na minha opinião, eficiência na distribuição dos dinheiros públicos. O que eu me proponho fazer, caso venha a ser eleito, é lançar um movimento cívico, onde estejam os partidos políticos, onde estejam as associações empresariais, sindicatos, associações dos mais diversos níveis, culturais, artísticas, colectividades…para discutirmos qual a melhor forma de nos organizarmos a divisão administrativa e política do País. Vamos encontrar um consenso. Se for a regionalização, ficarei muito grato e contente, mas se não for e se encontar uma outra fórmula, estou na disponibilidade de lutar por essa fórmula. Porque o que é inconcebível é nós termos uma divisão político-administrativa do País que data do século XIX. Esta divisão tem mais de 150 anos.

Também foi neste século que a população se pronunciou sobre a regionalização e disse que não queria.

Com certeza, mas volto a dizer. Eu achava que a regionalização era o caminho, mas as pessoas podem não achar isso. Estou na disposição de discutir outras formas de organização e lutar por elas. Agora uma coisa é certa, quando estamos a falar na divisão administrativa do País estamos a falar como os nossos impostos são gastos.
A questão que se coloca é se queremos que os nossos impostos sejam mais bem gastos ou continuar a haver desperdício. Esta actual divisão só provoca desperdícios, não provoca mais nada. Não serve as pessoas.

A regionalização, para muita gente, significa a criação de mais «tachos».

Pretende-se é diminuir tachos. O problema é que agora há muitos tachos. Há tachos que as pessoas nem fazem a mínima ideia que existem. Essa é que é a questão. Aquilo que se pretende é diminuir o número de tachos, de lugares públicos, de lugares de nomeação política…é isso que se pretende. Há muitas coisas que existem por aí que não servem para nada, a não ser para dar emprego às pessoas dos partidos. Eu faço parte de um partido e também sei que a gente tem os nossos pecadilhos. Neste momento, não somos nós os que estamos a pecar, são os socialistas, mas também já lá estivemos. Temos de discutir e colocar em torno da mesa todos os quadrantes políticos e encontrar uma plataforma de entendimento. Quando as pessoas pagam os seus impostos é para serem bem servidas pelo Estado e para que o seu dinheiro não seja mal gasto. É esse o objectivo desta plataforma para o desenvolvimento, que eu proponho, deste movimento cívico que desejo que seja constituído.

12/Fevereiro/2006

Comentários

Anónimo disse…
Deixo esta pergunta:

Será esta uma intenção genuina ou pelo contrario uma posição conjuntural ao serviço de uma qualquer estratégia política?
Pois...

Há sempre um ponto de não retorno, nos discursos e práticas incoerentes e contraditórios, a partir do qual a credibilidade se perde irreparavelmente.

Não vejo ainda em nenhuma força política vontade genuína de debater a Regionalização a sério. Muito menos de implementá-la! Só falam nela a propósito da "distribuição das verbas".

Enquanto for assim, por mais bonitas (ou bem calculadas...) que sejam as palavras dos políticos de serviço, vai ser muito difícil convencer o comum dos Cidadãos de que a Regionalização é um bem para o País e não apenas para a classe política...