Região Norte pode ressurgir graças à riqueza vinda do mar

14/Abril/2006
Erika Nunes

Um milhão de empregos pode nascer de um melhor e mais eficaz aproveitamento dos recursos do mar na orla costeira da região Norte

Restabelecer o mar como recurso económico de valor acrescentado para a região, promovendo a instituição de um cluster de indústrias marítimas no Norte de Portugal é o objectivo do novo Instituto para o Desenvolvimento do Conhecimento e da Economia do Mar (IDCEM), ontem formalmente apresentado à Comunicação Social.

A Universidade do Porto, com o apoio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N), é a responsável pela constituição da instituição, que pretende fazer a ponte entre o conhecimento científico e tecnológico e as empresas que operam num dos muitos sectores ligados ao mar."É uma nova oportunidade para a economia marítima, que pode voltar a ter um papel fulcral no reforço da imagem e da identidade do país, e também um reforço para o crescimento, apoiado nos mais recentes desenvolvimentos da tecnologia", explicou João Coimbra, encarregado da instalação do IDCEM, professor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e presidente da Direcção do Centro de Investigação Marinha e Ambiental.

Além da gestão científica dos ecossistemas marinhos no que concerne às pescas, também a utilização do pescado na alimentação - tendo em conta a nutrição e o processo de transformação e o seu impacto ambiental -, bem como a aquacultura, podem beneficiar, agora, da investigação e conhecimento de mais de duas centenas de doutorados, considerando o envolvimento dos pólos universitários desde Trás-os-Montes e Alto Douro, até Aveiro, passando pelo Porto.

Outras áreas possíveis de exploração do mar residem na biotecnologia marítima, com a produção de moléculas para a indústria farmacêutica; no lazer e no turismo, através de actividades subaquáticas ou o turismo costeiro, passando pela saúde, com a talassoterapia - com o potencial de gerar "um milhão de empregos" -; a exploração de energias alternativas, provenientes das ondas e do vento na orla marítima; a robótica submarina; a exploração de recursos minerais, nomeadamente para a construção civil; e a indústria da construção e reparação naval.

O novo instituto tem, por isso, capacidade de "potenciar a criação de novas empresas inovadoras e de cariz tecnológico que as torna competitivas no mercado", analisou Paulo Gomes, vice-presidente da CCDR-N, adiantando que a área deste projecto abrange, naturalmente, a Galiza. "Grande potência em matéria de exploração dos recursos do mar", como definiu Carlos Lage, presidente da CCRD-N, a Galiza é também precursora das "cidades do mar" que, sem a definição geográfica, no nosso caso, se pretende também alargar à região Norte do país.

Resta saber se os fundos, esperados a partir do próximo Quadro Comunitário de Apoio, estarão à altura da ambição e pertinência deste projecto e também da anunciada política do mar que levou Portugal, desde há duas semanas, a liderar o projecto europeu "Espaço Atlântico".

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