Regionalizar aonde?

Publicado em deleites pensamentos

Prevê-se que alguns milhares de escolas vão desaparecer, por não ter os dez alunos necessários para se manter. Quem mais vai ter escolas a encerrar, será o interior e as suas aldeias.

A escola era um equipamento social de que as aldeias dispunham até há bem pouco tempo. Agora, há toda a uma série de processos de descapitalização evidente, que marcam e que, no fundo, agravam, penalizam e castigam a própria zona rural.

Primeiro desapareceu o padre, passou a ser um padre para várias aldeias, agora desaparece a escola, em muitos sítios os correios encerraram e ou deixaram de chegar. Também encerram hospitais, maternidades, e outros serviços públicos. Muitas localidades antes servidas pelo caminho-de-ferro também viram desaparecer o comboio.

O que resta à aldeia? Nada!

Desaparecem os jovens por falta de oportunidades de trabalho, não existe investimento empresarial, o pouco comércio existente vai encerrando e os mais velhos vão ficando desamparados na sua solidão.

Há quem volte a falar na regionalização, mas regionalizar com quê? Regionalizar aonde? Só se for todo o Litoral onde as gentes se concentram, porque o interior ficou desertificado e só resta o vazio.Este país passou para o Litoral e os sucessivos governos nada fizeram para o evitar…

Comentários

A desertificação humana do interior português é um facto e constitui na actualidade um problema de muito difícil resolução.

Mas tem talvez aspectos positivos, se soubermos tirar partido deles: uma maior preservação do meio natural e dos aglomerados rurais, que um dia poderão ter um grande valor ecológico e, consequentemente económico, não só em termos turísticos mas em outras actividades ligadas à natureza e ao património histórico - agricultura biológica, recursos cinegéticos, energia eólica...

Mas isso só será possível com grandes investimentos em alguns polos urbanos mais qualificados, que estruturem o desenvolvimento das respectivas zonas de influência!

Ou seja, poderá ser necessário uma espécie de "Plano Marshall" para salvar o interior português!

Mas, uma vez esgotados os fundos comunitários, teremos que ser nós, os contribuintes das grandes Cidades, a financiá-lo! São as grandes e decisivas opções políticas que os nossos governantes não tiveram (ainda?) a coragem de nos colocar, mas para as quais nos temos de ir preparando seriamente...