Salvar o Interior

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Mas para salvar o Interior ..... é de facto preciso que nós todos, habitantes das Cidades incluídos, percebamos que o nosso nível de vida tem de sofrer com isso. Que temos de comprar menos jipes e tele-móveis se quisermos continuar a poder olhar para o mapa de Portugal e não ver uma língua litoralizada.

Que manter o Interior pode custar caro, mas esse investimento será bem recompensado, a longo prazo.

É necessário uma espécie de pacto social, para que o Interior sobreviva!

Eu estou disposto a pagar o preço: implemente-se a Regionalização JÁ e crie-se um IMPOSTO ESPECIAL para financiar políticas de atracção de população para o Interior, com base numa rede de pólos (Cidades e Vilas) de referência!

Siga-se o exemplo de Berlim-Oeste (entre muitos outros, a começar por Israel), antes da queda do Muro, onde o Estado Federal Alemão Ocidental investia maciçamente para apoiar a fixação de estudantes, artistas, investigadores, etc. e, assim, evitar o declínio demográfico do que era uma autêntica "ilha" encravada em território inimigo, que custava caríssimo manter (recorde-se que, nesse tempo, até as couves e a fruta tinham que vir da R. F. A., pois não havia relações económicas entre Berlim-Ocidental e os seus próprios arredores...)!

A. Castanho
- Editor

Comentários

Al Cardoso disse…
So posso concordar plenamente, podem crer que a assim ser, passariam muitos dos que decidissem deslocar-se a ter uma qualidade ve vida muito melhor.

Um abraco da futura regiao da Beira.
Uma análise mt interessante...
Cumps
Frederico Lucas disse…
Caro AA Felizes,
Quero felicitá-lo pelo seu blogue, que só hoje conheci.
Escrevo-lhe da Beira Interior, onde o Blogue Beira Medieval relata o que por aqui se passa.
A questão da Interioridade e da Inclusão tem sido frequentemente debatida, numa perspectiva de aproveitamento de oportunidades na região.
Por outro lado, existe uma rubrica às terças feiras, designada por Inovação & Inclusão onde pretendemos sensibilizar os visitantes para as oportunidades do interior para o sector quaternário: Comunicação e Informação.

Apareça!
Anónimo disse…
SALVAR O “INTERIOR” DE SI PRÓPRIO E SALVAR O PAÍS DO “INTERIOR”
Qualquer política de promoção de coesão territorial deve ser realizada sem comprometer o crescimento, e o desejado processo de convergência com os países mais ricos da Europa, das regiões mais desenvolvidas de Portugal; ou seja, deve-se promover o crescimento do interior sem que isso represente o empobrecimento do litoral ou a diminuição do seu crescimento (evitando passar para o plano administrativo e regional esse verdadeiro cancro social que é a inveja do sucesso alheio).
Anónimo disse…
O Interior (tal como o conhecíamos há 30 anos) não existe. Existe um interior cultural, social e económico que já não tem a desculpa das chamadas (faltas de) acessibilidades. Com a evolução rodoviária registada na década de 80 o interior aproximou-se (em distância-tempo, infelizmente não em iniciativa) do litoral.
Anónimo disse…
A alteração cultural que se impõe no chamado interior deveria começar pelo léxico. Proponho as seguintes trocas (correspondentes a uma mudança estrutural nas atitudes e nos comportamentos do chamado interior):
- Custos da interioridade POR Benefícios da interioridade
- Falta de apoios POR Falta de iniciativa
- Falta de meios POR Falta de organização
- Falta de investimento central POR Falta de visão local
- Afastamento do desenvolvimento no litoral POR Proximidade do desenvolvimento no país vizinho
- “Estou à espera” POR “Vou obter em [ data ] “
- “Já pedi” POR “Obtive o compromisso de realização em [ data ] “
- “Está em análise / aprovação” POR “Vai ser tomada uma decisão em [ data ] “
- “Tem de aguardar” POR “Vai ser atendido em [ data / hora ] “
- Queremos ter mais POR Queremos ser melhores (para querermos, e podermos, ter mais).
Anónimo disse…
Em alternativa à criação de novos impostos sugere-se a eliminação da indústria do aluguer clandestino, sem contrato e sem recibo, uma das mais dinâmicas indústrias do interior, sobretudo nas cidades que dispõem de pólos universitários que atraem população originária de outros pontos do país; substituindo-a por uma indústria de aluguer legal, em que os rendimentos auferidos são declarados ao fisco (não seria assim necessário qualquer novo imposto, apenas uma nova oportunidade de cobrança de imposto devido não declarado).
Anónimo disse…
Aliás, a introdução de um critério de “eficiência concelhia” para promover a redução de impostos nos concelhos mais eficientes, constituiria, isso sim, um forte incentivo à migração voluntária de cidadãos e de empresas do litoral para o interior (o incentivo existente ao nível do IRC aplica-se apenas às empresas e não constitui motivação bastante para a atracção de quadros altamente qualificados e de outros trabalhadores).

A ideia teria ainda o mérito adicional de proporcionar aos decisores públicos o conforto de poderem pugnar pela optimização de processos e de recursos (financeiros e humanos) nas suas organizações, sabendo estarem a lutar por uma “boa causa”: a disputa pela redução de impostos (que é do interesse geral da população). Ou seja, sem terem o receio de recriminação futura, eleitoral ou de nomeação.

Diminuiria a pressão sobre a despesa. O “quanto mais gastar melhor” seria substituído pelo “quanto melhor gastar, e quanto melhor cobrar, melhor”. E os decisores públicos mais eficientes seriam mais premiados.

Ficaria então mais fácil explicar a razão de ser de, por exemplo, construir menos uma estátua, menos uma piscina, menos um estádio de futebol, ou menos um fontanário.

A própria ideia de colocar os concelhos em competição pela eficiência no consumo de recursos do Estado, em vez de em competição pela despesa (por mais despesa), teria efeitos multiplicativos positivos no funcionamento global da sociedade e no comportamento dos agentes económicos.
Anónimo disse…
A mera existência de artigos a propor que se faça (quem ? o Estado ? mais ainda ? mais estádios, piscinas, pistas de atletismo sem desportistas, museus, rotundas com estátuas e outras obras faraónicas, mais recrutamento de pessoal com o 9.º ano e de licenciados em relações internacionais para a câmara municipal financiada pelo dinheiro dos impostos, mais IPs, auto-estradas e aeródromos ?) algo pelo interior contribui para a manutenção da ideia fortemente enraizada no interior de que são os outros, e não os próprios, que têm de fazer alguma coisa pelo interior. É a atitude do “estou à espera” em vez da atitude do “vou obter”.
Caro Frederico,

Primeiramente quero agradecer-lhe as palavras elogiosas ao Regionalização.

Tive também a grata oportunidade de visitar o seu Beira Medieval que achei extremamente interessante. Irei visita-lo com frequência.

Um abraço,
Caro Anónimo,

Li com atenção todos os seus comentários e pude constatar que o meu amigo é uma pessoa interessada nestas questões relacionadas com o chamado "interior". Todavia não posso estar de acordo com a maior parte da sua análise desta problemática. Considero-a algo simplista e mesmo injusta para com as populações visadas.

Como certamente saberá a própria UE canaliza milhões de euros (40% do seu orçamento) para os seus programas de fomento à coesão territorial (FEDER e outros), dos quais as regiões portuguesas do litoral foram até agora as principais beneficiárias.

Para se potenciar o desenvolvimento em regiões deprimidas é necessário, entre outras coisas, um elevado investimento. Ora, para isso, tem que existir uma forte solidariedade nacional.
Mas é um facto que há um "défice" de iniciativa nas "forças vivas" do Interior português que também tem que ser ultrapassado.

E que se instalou um pouco por todo o Interior a cultura do miserabilismo, que por vezes conduz à substituição do trabalho, do esforço e da busca do melhoramento pela "pedincha" fácil aos poderes do Litoral.

E que este "síndroma" também terá de ser erradicado da mentalidade dos habitantes das zonas mais desfavorecidas pelo "progresso".

Mas obviamente que, no estado a que chegou a demografia das regiões economicamente mais deprimidas de Portugal, só mesmo uma política concertada, muito bem articulada e baseada nessa forte solidariedade nacional é que poderá inverter as actuais tendências de desertificação de extensas regiões.

Temos aí agora uma óptima oportunidade de ver avançar alguma coisa, com a elaboração do PNPOT!

Mas daquilo que conheço, não passa de ideias genéricas, inóquas e carregadas daquele "bom-intencionismo" tão típico das nossas "autoridades" timoratas e ignorantes das realidades mais profundas...
Anónimo disse…
«…programas de fomento à coesão territorial (FEDER e outros), dos quais as regiões portuguesas do litoral foram até agora as principais beneficiárias.», Ter Jul 25, 03:24:50 AM

Em valores acumulados per capita (desde o início da disponibilização dos fundos comunitários)?
[ Nota – é natural que a Região de Lisboa e Vale do Tejo tenha um valor absoluto de fundos recebidos superior à Região do Alentejo mas o critério relevante é o do valor per capita ]

Acresce que a questão deve também ser vista na perspectiva do contributo das regiões destinatárias de fundos para a receita do Estado. Para que haja retorno visível (mensurável) sobre o investimento público acumulado realizado numa dada região. E para que não se caia numa situação de “investimento sem fim”. A questão chave é a da responsabilização. [ 1 ]

Uma política de coesão territorial equilibrada tem de evitar a ideia de que às zonas “pobrezinhas” tudo é devido e nada é exigível. Que é a ideia actualmente instalada, ela própria constituindo um bloqueio cultural ao desenvolvimento dessas mesmas regiões.

No interesse da coesão as regiões devem competir entre si. E não será certamente injusto comparar a receita adicional do Estado gerada por um Euro de fundos investidos na região A com a receita adicional do Estado gerada por um Euro de fundos investidos na região B. E tais comparações poderão realizar-se em relação a valores acumulados num período alargado de tempo. Confrontar depois as “forças vivas” com os resultados desta análise teria certamente efeitos pedagógicos relevantes sobre as performances futuras das regiões menos dinâmicas (quer em termos de apetência para a “pedincha” quer em termos de iniciativa, esforço e trabalho para o seu próprio desenvolvimento).

[ 1 ] Será simplista ou injusto confrontar os decisores locais com o facto de terem gasto milhões de Euros num estádio de futebol onde não há jogos (nem mesmo das distritais) e numa pista de atletismo onde não há um único praticante ?
Nem mais!

Muitas pessoas que residem no Interior e passam a vida a queixar-se da macro-cefalia do País, sentadas à mesa a comer um "petisco", ou tomando um cafèzinho em Badajoz, não fazem a mínima ideia de como é dura a vida de quem trabalha nas grandes Cidades...

Mas querem ter, por "milagre", direito por igual aos mesmos níveis de vida, isto é, equipamentos desportivos, culturais, educativos, de saúde, etc.!

Claro que todos, em princípio, têm o mesmo direito a ter tudo isso. Mas apenas na exacta medida em que o mereçam!...
Anónimo disse…
Essa da solidariedade tem muita piada. Então abra-se concurso entre os concelhos do interior para a transferência de, pelo menos, 25% do mais típico da Grande Lisboa. Docas, Cais do Sodré, Intendente e similares. Cova da Moura, Azinhaga dos Besouros, Bairro 6 de Maio... Ninguém quer? Pois...
A solidariedade para com os mais carenciados também nos é útil: com um Interior desenvolvido e mais próspero, talvez não existissem tantos males sociais e urbanos nas (exageradamente) grandes Cidades...