Economia Portuguesa e o modelo de administração pública


(...)
as dificuldades da nossa economia estão também associadas a algo que representa uma espécie de "deficiência" associada a uma incapacidade crónica de ordenamento do território e de valorização da diversidade da geografia física e humana do país, produzindo uma minimização e fragmentação da base espacial da economia portuguesa e uma exagerada rivalidade regionalista alimentada pela difusão de referenciais demasiado comuns e imitativos, para os modelos de produção e de consumo, e por formas de centralismo que foram gerando progressivamente uma capital demasiado grande para o país e demasiado pequena para a Europa e para o Mundo.

A resistência secular de uma organização administrativa do país sem correspondência com a evolução das realidades urbanas e empresariais, bem como a proliferação, mais recente, da criação de ‘cidades’ sem a dimensão de vilas ou de ‘áreas metropolitanas’, sem a dimensão de cidades médias, constitui uma boa expressão destas dificuldades associadas à gestão estratégica do território, onde o ‘grande’ (exigindo centralização e selectividade) e o ‘pequeno’ (exigindo descentralização e equidade) parecem, quase sempre, assustar os modelos estabelecidos de governação.

Augusto Mateus

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