Reflexões sobre a não Regionalização

Extraido do Blog "Fio do Norte"

(...)

Há já alguns anos os Portugueses optaram (através de um referendo de carácter vinculativo bem discutível) por enfiar na gaveta da indiferença o projecto de Regionalização.

Os pretextos foram os do costume... que ia aumentar a corrupção, o compadrio político, a despesa pública.
Acrescem ainda os argumentos sobre a unidade Nacional, a indivisibilidade da mais velha Nação da Europa...

E um enormíssimo Etc.

Enquanto isso, por artes demoníacas, o Tio Alberto João foi furando a ilha de lés a lés, fazia um aeroporto com Betão para cimentar o país todo, e consolidava um sistema de "empregamento regional" capaz de garantir as suas fantásticas vitórias eleitorais.
Financiava os clubes da região, os jornais da sua propaganda, as TêVês do seu contentamento.
Ao inviabilizar a regionalização do nosso querido Portugal, criava-se espaço para envios mais volumosos de capital para a pérola do Atlântico.

Por cá, com o projecto da regionalização na gaveta, provavelmente deixou de haver corrupção, os autarcas apresentam as suas parcas declarações de rendimentos a tempo e horas, não desviaram fundos da rés pública, não empregaram familiares... não têm ligações duvidosas a clubes de futebol, nem situações de promiscuidade com a construção civil...

Nada disso!

Com o "arquivamento" da regionalização tudo anda sobre carris!

Ou seja...

Os desmandos do Tio Alberto, justificam-se a si próprios.
Provam que a melhor forma de fazer política é na boa tradição do Nacional espertismo.

Vale tudo! Insultar o Presidente da República - o Sr. Silva - chamar ladrões aos membros do governo, anormais aos juízes, cretinos aos jornalistas, enfim a todos os poderes do estado democrático.

O único poder que ele aceita, para além do seu, é o de Deus e mesmo assim, desde que ande sossegadinho. (E não se lembre de inventar padres esquerdistas).

Como me custa ver que tantos anos após o referendo da regionalização ainda não tenhamos compreendido que a única forma de gerir um País é a responsabilização de cada uma das suas partes (leia-se regiões).

A única forma de poder fazer um País mais solidário, não passa pela atribuição de orçamentos megalómanos aos Bébés chorões da Política à Portuguesa, mas sim à distribuição racional dos recursos e das competências por cada região, respeitando como é evidente, os critérios de solidariedade que o facto de sermos um País impõe.

A última do menino birrento é convocar eleições antecipadas para poder provar a todos os energúmenos do continente que quem manda na Madeira é ele!
Assim como assim, sempre consegue dois anos extra para enfrentar os tempos das vacas magras...
Prevê-se um chinfrim capaz de irritar os mais santos dos santos.

Comentários

Alberto J. Jardim pode ser lá o que for, mas a verdade é que a Madeira tem alguém que, mal ou bem, possa falar por ela e representá-la!


Sim, duas centenas de milhar de portugueses, só pelo facto de viverem numa Ilha (viva a Geografia!), têm direito a uma representação política especial, vetada aos continentais!


Imaginem se por exemplo os Municípios de Gaia, ou de Sintra, por meio de um forte (e feliz...) cataclismo da natureza, se "despegassem" do Continente europeu, assim como as Berlengas, ou a Culatra?


Por esta altura Menezes e Seara poderiam representá-los com uma força muito, mas muito superior à do Porto, ou até de Lisboa, e com honras de Conselho de Estado...


Azar dos continentais, ou questão a resolver quanto antes num segundo referendo, como no caso da despenalização da IVG?
Anónimo disse…
Pois.. estar contra o político Alberto João Jardim, é estar contra a regionalização. Não tenho dúvidas. É o melhor governante da Europa, nos últimos 30 anos. Gastou? Sim. Roubou? Não. O povo do Alberto João vive muito melhor que o povo do Fernando Gomes, do Narciso e do Mesquita Machado? SIM... SIM... Mistério... Parem... pensem...
Discordo em absoluto. O nível de vida das populações da Madeira pode ter melhorado muito nos últimos 33 anos (piorar era decerto quase impossível...), mas tal não significa que os habitantes de toda a Ilha usufruam dessa melhoria de uma forma equitativa. Basta conhecer os arredores do Funchal para se perceberem as diferenças.

Quanto à Regionalização e Alberto João Jardim, é completamente abusiva a associação. Ser contra um não significa em absoluto ser contra o outro e a recíproca também é verdadeira!

Agora para quem, como eu, defende as vantagens da descentralização administrativa (na Madeira é um pouco mais do que isso, é mesmo Autonomia), não há dúvidas de que não é por os políticos regionais cometerem erros que se deve ser contra. Este foi, até, o mais lamentável equívoco da argumentação de, por exemplo, Francisco Louçã no anterior referendo (espero que entretanto também tenha "evoluído" quanto a esta questão e honestamente o admita).

Senão, meus senhores, por esta hora já tínhamos que estar contra a existência dos Municípios de Marco de Canavezes, Felgueiras, Oeiras, Gondomar e, seguramente, Lisboa!...
Discordo em absoluto. O nível de vida das populações da Madeira pode ter melhorado muito nos últimos 33 anos (piorar era decerto quase impossível...), mas tal não significa que os habitantes de toda a Ilha usufruam dessa melhoria de uma forma equitativa. Basta conhecer os arredores do Funchal para se perceberem as diferenças.

Quanto à Regionalização e Alberto João Jardim, é completamente abusiva a associação. Ser contra um não significa em absoluto ser contra o outro e a recíproca também é verdadeira!

Agora para quem, como eu, defende as vantagens da descentralização administrativa (na Madeira é um pouco mais do que isso, é mesmo Autonomia), não há dúvidas de que não é por os políticos regionais cometerem erros que se deve ser contra. Este foi, até, o mais lamentável equívoco da argumentação de, por exemplo, Francisco Louçã no anterior referendo (espero que entretanto também tenha "evoluído" quanto a esta questão e honestamente o admita).

Senão, meus senhores, por esta hora já tínhamos que estar contra a existência dos Municípios de Marco de Canavezes, Felgueiras, Oeiras, Gondomar e, seguramente, Lisboa!...