Os problemas da Regionalização - Trás-os-Montes

O presidente da Federação Distrital de Vila Real do PS, Rui Santos, diz que, caso os compromissos assumidos pelo Partido Socialista (!!!) não fossem concretizados e Vila Real saísse a perder da reorganização administrativa, assumiria as suas responsabilidades e se demitiria.

Já o deputado do PS na Assembleia da República, eleito pelo círculo de Vila Real, Jorge Almeida, afirma que está solidário com as reformas levadas a cabo pelo poder central mas há que marcar uma posição em defesa da região. A reorganização administrativa, na lógica da NUT II, tem de resultar numa regionalização poli-nucleada, com distribuição de competências pois, a região e os socialistas da região, não estão interessados numa nova lógica de regionalização centrada no Porto. Tem de haver uma distribuição de competências e de serviços.


Como se pode constatar, estes senhores políticos do distrito de Vila Real (com algumas nuances) continuam a acreditar que seria viável a criação de uma Região Administrativa em Tras-os-Montes.

Este, é apenas mais um exemplo, das muitas dificuldades que esperam o processo de Regionalização.

Comentários

Anónimo disse…
O problema é que o discurso dos portuenses , por vezes assemelha-se muito ao dos lisboetas , são palavras cobertas de centralismo.Não é só em Trás-os-montes, em Braga e na sua região é igual , descontando o factor proximidade.
Ninguem levantava dúvidas se o discurso não as levantasse por si só.
Anónimo disse…
A região Norte tem 4 milhões de habitantes, o distrito do Porto tem mais de 2 milhões e cresce. O Grande Porto tem uma área de influência de mais de 3 milhões de habitantes. Os trasmontanos e bracarenses que escolham. O Porto por sí só é suficiente para ser uma região autónoma. O Norte sem o Porto não sobrevive. Esse discurso do centralismo do Porto é uma das mais bem sucedidas mentiras postas a circular pelos inimigos da regionalização. As principais vozes que se ouvem em defesa do Douro e Minho até são ligadas ao Porto. Quem tem defendido a reabilitação da Linha do Douro, do Comboio moderno para Vigo que atravessará o Minho? Quem tem berrado em defesa da indústria do Ave? Quem tem feito coro em defesa do desenvolvimento turístico do vale do Douro? Infelizmente, tanto no Minho como no Douro não têm faltado autarcas que se vendem rapidamente por um prato de lentilhas. O fecho da Linha do Douro do Pocinho à Barca, da Linha do Corgo de Vila Real em diante, da Linha do Pocinho a Duas Igrejas, assim como a da Amarante ao Arco de Baúlhe, são exemplos eloquentes da pusilaminidade de muitos autarcas do Douro e Trás-os-Montes que trairam as suas populações por 10 reis de mel cuado. Tenho a certeza que a maioria dos portuenses não se incomodaria se colocassem a capital noutro sítio qualquer (por mim pode ser Braga, pelo significado histórico e até devido às minhas origens familiares, mas qualquer outra me serve). A regionalização implicará necessariamente uma outra ordem e não a cópia do pior que existe neste momento - Lisboa. Um modelo que se apoia na multipolaridade que é característica da Região Norte. Deve adoptar-se o funcionamento em rede, com as valências distribuidas. Por exemplo: transportes e economia no Porto, indústria em Braga, Cultura em Guimarães, agricultura e turísmo em Vila Real, pescas em Matosinhos. Outras hipóteses podem ser apontadas. Aqui existem vários centros de excelência: Porto, Braga, Guimarães, Vila Real e até Aveiro se esta cidade decidir juntar-se ao Norte. Repare-se que se traçarmos um raio de 60 km com centro no Porto englobamos na sua circunferência um conjunto de grandes e dinâmicas cidades portuguesas. Por aqui não existe um eucalipto que tudo seca em volta como acontece no sul. O peso demográfico do Grande Porto é suficiente para garantir o papel desta metrópole em qualquer modelo. Mesmo que existam tiques centralistas qual será melhor: um centralismo a 400 km de distancia e de costas voltadas para o Norte, ou um a 50/100 km e com grandes afinidades, até pela imensa mole de naturais, com o Minho, o Douro e o Vouga? Decidam-se: para o Porto basta que a área metropolitana vote sem margem para dúvidas na regionalização que ela far-se-à pelo menos na Grande Área Metropolitana do Porto. Não haverá governo capaz de aguentar a pressão política a menos que se disponha a enfrentar uma revolta. A partir desse dia será insustentável manter o Porto na menoridade política. Quem quiser vir atrás que venha. Acabaram-se os tempos das contemporizações. A hora é de acção. Caminhemos juntos!
ruim disse…
Os autarcas deste lado do marão, preocupam-se sobretudo com a auto-estrada e IP`s. O governo que rasgue as montanhas com alcatrão, para os ter na mão.
Anónimo disse…
Caro António Alves,
em primeiro lugar, não sou inimigo da regionalização, bem pelo contrário.
O meu post teve como intenção agitar as águas , é um tema bastante importante e talvez não é aprofundado o suficiente .
Falei apenas em termos de discurso , que na minha opinião , pode e deve ser melhorado , deve agregar mais do que tem sido até aqui, "falar" em demasia em Porto em detrimento de Norte , não me parece que seja tão mobilizador.
Quanto à capital , sem ser o mais importante , tem bastante simbolismo e tenho dúvidas se o Porto fosse a melhor escolha.
Gostei bastante do seu post com o qual me identifico bastante
Um abraço.
Sem querer meter "a foice em seara alheia" (até porque sou de Lisboa a ainda me vão apodar de centralista...), considero que esta é que é a verdadeira discussão do essencial e alegro-me por ver que o nível do debate a Norte está bastante evoluído (talvez mais até do que a Sul).

Conhecendo bem o Porto e menos bem o Nordeste e o Noroeste, parece-me que a solução ideal, na minha concepção descentralizada de regionalização, seria a criação de DUAS Regiões a Norte, uma de características metropolitanas - a R. M. do Porto, englobando o chamado "Grande Porto" (com ou sem Aveiro) - e outra de características mais rurais e urbanas, polinucleada, que englobasse todo o restante Norte, ou seja, o Minho, Trás-os-Montes e o Alto Douro (mais a parcela do Douro Litoral que não se entendesse dever integrar a R. M. P.). A sede regional seria em Braga, em Guimarães, rotativa, ou mesmo policêntrica, à semelhança da U. Europeia, cuja Comissão está em Bruxelas e o Parlamento em Estrasburgo.

Mas concordo que nada disto é o mais importante e que o que mais interessa é ultrapassar os bairrismos exacerbados (a Norte, ao Centro e a Sul) e COMEÇAR de algum modo, porque este processo, como em tudo na vida, não tem que ser perfeito logo de início, pode ir sendo afinado e melhorado com a experiência e o decorrer do tempo.

Agora se nunca se começar...

Cumprimentos e que esta discussão possa alargar-se e aprofundar-se até ao próximo Referendo, são os meus votos.
Anónimo disse…
É como lhe digo caro Eon, a configuração em rede é o novo paradigma. O conceito de capital é um anacronismo. Por exemplo: é preciso religar a Porto, Régua, Vila Real e o Douro a Salamanca; já imaginou o potencial turístico deste eixo com duas cidades (Porto e Salamanca) e o vale do Douro que as liga classificados como património mundial?; é preciso religar o Porto, Braga e o Minho a Vigo, Santiago e Corunha; só o poderemos fazer juntos!
Suevo disse…
Para o EON

Esse argumento não cola porque no ultimo referendo não se falou numa região norte, falou-se numa região transmontana e a resposta dos transmontanos foi esmagadora.
Votaram todos na continuação do centralismo lisboeta, e não podiam sequer dizer que do outro lado estavam os centralistas do Porto.
No entanto acredito que Tras-os-montes tem muito mais a ganhar com uma região norte que só com Tras-os-montes. Devemos criar uma unica região a norte, se de facto no futuro comprovar-mos que esse modelo não serve Tras-os-montes então estariamos sempre a tempo de afectuar ajustamentos, mas acredito que o Porto é a capital do Norte por natureza.

Fala-se mais do Porto por varias razões, uma delas é que no Porto o sim à regionalização já ganhou no ultimo referendo, o problema foram "voces".
Anónimo disse…
A região de Entre Douro e Minho também votou Não em maioria no anterior referendo, não foi só Trás-os-Montes, esta última traida pela direita (que estava pelo Não) que está fortemente estabelecida na região. Talvez por isso é que a unica região onde o Sim ganhou foi no Alentejo. Mas ainda não entendi bem porque é que Trás-os-Montes fica a ganhar estando numa região onde se inclua o Porto, sendo certo que esta irá concentrar em si os recursos da região tal tal como o faz em menor medida actualmente e como sempre o fez históricamente com o vinho do "Douro". Preferia que a AMP tivesse a sua própia região tal como Lisboa, e o resto do norte ficasse com a sua.
Anónimo disse…
"Salienta-se que durante o III QCA, Trás-os-Montes e Alto Douro, deveria pela sua dimensão (60% do território do Norte de Portugal e tendo em conta a respectiva população), mobilizar 30% dos fundos comunitários, sem contar com a correcção de assimetrias, tendo, de facto, mobilizado 18%, o que evidencia a dificuldade permanente que os decisores políticos a nível central têm colocado ao desenvolvimento de Trás-os-Montes e Alto Douro, adiando o reconhecimento e pagamento de uma dívida histórica de que esta região é credora."
Suevo disse…
“Mas ainda não entendi bem porque é que Trás-os-Montes fica a ganhar estando numa região onde se inclua o Porto”

Trás-os-montes por sí só não possui massa critica nem sequer tem voz. Nisso tem muito a ganhar estando ligada ao Porto.

Vou até mais longe, e temo que Trás-os-montes estando separada do Porto (ou do Norte Litoral se preferir) caminhe para o despovoamento quase total.
O Douro por exemplo perdeu um terço da sua população nos últimos 30 anos.

Trás-os-montes (incluindo parte dos distritos de Viseu e da Guarda) tem 60% do território da região norte, mas em termos de população só tem 12,5% (dados de 2001 creio, mas se estiver errado corrija).

Portanto se investiram 18% numa região que terá 12% da população não será esse o problema em si. Existem outras situações bem mais “estranhas” e que ninguém refere, se quiser posso-lhe dar alguns exemplos.
Suevo disse…
Em relação ao resultado do referendo, em entre douro e minho 59% foram contra a regionalização, ao passo que em Tras-os-montes 69% foram contra a regionalização.

Se preferir, apenas 31% dos transmontanos foram favoraveis à criação das regiões, o que me parece um resultado desastroso, o que não quer dizer que o resultado de Entre douro e minho não tenha sido também ele muito mau.
Anónimo disse…
Parece a história do lobo e do cordeiro. "Matem-se" todos os que votaram não em 1998. Com regionalistas destes, os INIMIGOS engordam...
Anónimo disse…
Também não percebo porque diabo não criam a região da Área metropolitana do Porto e preferem misturar regiões tão diferentes. Trás-os-montes e o Minho vão ficar a perder.Se por um lado a região Norte pode arrecadar mais umas verbas por incluir uma área deprimida como a de Trás-os-montes, duvido muito da justa aplicação das mesmas.