Associação Movimento Cívico "Regiões, Sim!"

JN
Hermana Cruz



O deputado social-democrata Mendes Bota oficializa, hoje, em Coimbra, um movimento a favor da regionalização que visa recolher, durante este ano, as necessárias 75 mil assinaturas para pedir à Assembleia da República a realização, em 2008, de um segundo referendo sobre a criação no país de regiões administrativas. A petição já tem, contudo, um fracasso anunciado, visto que conta com a oposição do PS, CDS/PP e até de destacados regionalistas do PSD, além do autor do "Pacote Relvas". Apesar disso, Mendes Bota não desiste, acusando alguns "dirigentes políticos" de preferirem a "teoria do 'orgulhosamente sós'".

A Associação Movimento Cívico "Regiões, Sim!", com sede em Coimbra, contesta os efeitos "nefastos" do centralismo e propõe a criação de cinco regiões administrativas. É com base nessa proposta que tenciona levar o Parlamento a convocar um segundo referendo à regionalização.

"O nosso calendário é este 2007 para a recolha; 2008 para a decisão e a convocação do referendo; 2009 primeiras eleições regionais em simultâneo com as eleições locais", adianta ao JN o líder do PSD/Algarve.

Prudência evitará chumbo

A petição, que pressiona o PS a antecipar uma promessa eleitoral, não faz os socialistas mudarem a estratégia para a regionalização primeiro distribuir competências pelos serviços desconcentrados do Estado e, após 2009, convocar uma nova consulta.

"Mantenho-me fiel à metodologia acertada, que é a mais correcta para levar isto a bom porto", afirma José Augusto Carvalho, lembrando que essa também era "a linha de rumo" do ex-ministro Valente de Oliveira. "Não se concretizou porque o PS começou a fazer outros desenhos. Foi um erro político", admite. E pede que não se introduzam novos "factores de perturbação, que só darão espaço aos adversários convictos da regionalização".

O regionalista Agostinho Branquinho concorda que "não há condições para um referendo antes de 2009". "Não é possível fazer um referendo sem se discutirem questões que são fundamentais e que levam o seu tempo. É preciso fazer tudo isso com algum cuidado para não haver um chumbo", adverte o deputado e líder distrital do PSD/Porto.

O deputado comunista Honório Novo também aconselha prudência "Está no Parlamento um projecto de resolução do PCP que recomenda um referendo nesta legislatura. Sabemos que a iniciativa é logo rejeitada. Aguardamos por um momento de maior abertura do PS". "O BE é favorável à regionalização mas isso não está na agenda de preocupações do PS", reforça a deputada bloquista Alda Macedo.

Referendo só em 2011

"Sou adepto da tradição municipalista portuguesa e não concordo com o que o movimento de Mendes Bota está a organizar", diz o deputado do CDS António Carlos Monteiro, defendendo a manutenção do "Pacote Relvas".

O responsável pelo modelo em vigor insiste na defesa da descentralização. "Temos que dar dimensão às autarquias, transferir competências, valorizar a componente supra-municipal e não criar mais um patamar de poder", argumenta o social-democrata Miguel Relvas, adiantando que, se houver um novo referendo, "combaterá do lado do 'Não'".

"Está na moda seguir o que se denomina de 'boas práticas' do que se passa lá fora. Em todos os sectores. Só na regionalização, há dirigentes políticos que preferem a teoria do 'orgulhosamente sós'", reage Mendes Bota, garantindo que, com a metodologia do PS, "na melhor das hipóteses", só haverá referendo em 2011"

Comentários

Anónimo disse…
O Dr. Mendes Bota é um homemm dinâmico. Mas também muito teimoso. E a "teimosia", que por vezes é uma virtude, no Dr. Mendes Bota, é definitavamente, um defeito. Pare, escute e olhe. Se está no "maldito livrinho" que o referendo é depois de 2009, para quê insistir com esta malta? Vai ser mesmo depois de 2009. Mas, oh Dr. Bota! Há tanta coisa a fazer até 2009. Porque não trabalha o dossier, para que em 2009 esteja tudo pronto? garantir as Cinco Regiões. Onde poupar para pagar a Regionalização? Que funções para as Juntas Regionais? Que funções para as Direcções Regionais dos vários Ministérios? Passar os actuais Governos Civis a Direcções Regionais do MAI? E tanta coisa mais... sem colocar o carro à frente dos "boys".
Sam disse…
Isso do "para quê insistir com esta malta" é relativo. Qual o problema de insistir? O governo não acabou por ceder no caso do Metro do Porto? A Junta acabou por ver os seus principais prósitos aprovados, cedendo apenas na linha da Boavista e em parte da linha de Gaia, que em vez de ir até Laborim termina 8para já) no Cedro.
Anónimo disse…
Pôr o tema na ordem do dia (mediática...): o único mérito desta iniciativa algo "descomandada".

E consolidar a "separação das águas": saliente-se a evolução positiva da posição do BE, mas também a teimosia autista do CDS e de grande parte do PSD.

Mas algum bom senso precisa-se, urgentemente, para não desacreditar o processo, assim como mais "trabalhinho de casa": neste aspecto estou quase em perfeita sintonia, desta vez, com o primeiro comentador...

A. das Neves Castanho.
Anónimo disse…
Dr. Mendes Bota, de homens com coragem e determinação é que o nosso pais precisa, apoiarei esta sua inicitava. Agora gostaria de saber o que o sr. pensa sobre o estatuto e competencias das Juntas de Freguesia, quanto a esta materia tambem continua-mos orgulhosamente sós,basta olhar para a nossa vizinha espanha, frança etc. Defendo que as camara municipais deveriam de ser extintas e essas competencias passariam para as actuais juntas de freguesia, pois tambem estas estão mais perto das populações, logo mais eficientemente resolvem os problemas das suas populações.
Kruzes Kanhoto disse…
Como adepto incondicional da regionalização é com agrado que assisto à tentativa de colocar de novo este tema na agenda politica. Continuo a pensar que a derrota deste projecto no referendo foi uma oportunidade perdida para o progresso e desenvolvimento do interior do país e temo que, se sujeito novamente a plebiscito popular, a criação de regiões volte a ser chumbada pelo eleitorado. O horizonte temporal que se anuncia para um eventual novo referendo também não augura nada de bom, ao ritmo que as coisas estão a evoluir – se é que o termo é adequado – em 2009 não restará muito país para “regionalizar”. Serviços públicos e população estarão, ainda mais, concentrados numa estreita faixa litoral do território. Mais que sim ou não a questão a discutir será se ainda vale a pena.

Texto publicado em http://kruzeskanhoto.nireblog.com
Anónimo disse…
so em 2011 ai ai
este governo e essa gente contra a regionalizaçao sao mesmo burros.
Querem desenvolver o pais e querem que o pais recupere e para isso em vez de regionalizarem urgentemente, põe-se a fazer mais obras de construção civil desnecessarias como OTA e TGV (o Alfa com a linha melhorada chegava e sobrava).

É isto a inteligencia dos Portugueses.
Depois perguntam e remoem o juizo do porque de serem atrasados e sub-desenvolvidos.

Para 2011 como se nao fosse urgente e o nosso principal problema. Ya 2011, ja agora porque nao para 2020 ou mais tarde?
ridiculo país que temos fdx
era mas é a separaçao do norte de Portugal e nao tinhamos de aturar esta escumalha que so nos fode