Debate sobre a Regionalização - JSD Algarve


Realizou-se no Sábado, dia 5 de Maio, no Hotel Real Bellavista, um debate sobre a regionalização que contou com a presença de 6 oradores (4 do PSD e 2 do PS).

Pode-se dizer que debate só no nome, pois todos os oradores estavam a favor da regionalização. A diferença entre os 2 partidos era somente na data de realização do novo referendo, já que o PSD defende que o mesmo deve ser em 2008 (para se fazerem as primeiras eleições regionais juntamente com as autárquicas de 2009), e o PS concorda em deixar este referendo para a próxima legislatura, não apontando no entanto ano para isso.

Falou-se um pouco da história da regionalização, inserida na Constituição em 1977. As razões apontadas para o referendo ser o mais breve possível passam pelo facto de o país estar pior e mais desequilibrado agora do que há 10 anos atrás. 80% do território está em desertificação acelerada. Os jovens que queiram ser profissionais de sucesso têm que ir para Lisboa ou para o estrangeiro. Um recente estudo mostrou que o país desequilibra-se 2% ao ano; em 10 anos são 20%! Tem-se assistido a um retirar de poderes às regiões, centralizando-se tudo em Lisboa.

Todos os oradores foram de acordo que o fracasso do último referendo se deveu ao mapa de 8 regiões. Actualmente o mapa apresenta 5 regiões que já existem: as 5 CCDRs
A questão fulcral deste debate prendeu-se mesmo com o porquê do PS querer deixar a regionalização para a próxima legislatura. Se está de acordo, porquê atrasar? Na minha opinião os membros do PS presentes não foram capazes de dar uma resposta que convencesse.

Na altura das questões do público, os membros da Comissão Política Distrital que se encontravam presentes, acharam que se devia referir o facto de 2 semanas antes, no Congresso Nacional da JSD, termos apresentado uma moção com o título "Vamos referendar a regionalização" e a mesma ter sido aprovada somente com 1 voto contra em mais de 600 delegados. Perguntou-se ainda aos oradores o que achavam disto.

As opiniões foram unânimes. Surpreendeu alguns, mas mostra que os jovens são sensíveis a esta questão; é uma sondagem muito interessante e é extremamente importante. E mostra, ainda, uma mudança de mentalidades dentro do próprio PSD.

Houve quem louvasse a JSD por esta iniciativa, quem referisse que ter as duas juventudes partidárias mais importantes de acordo neste tema é excelente, quem desafiasse a JS a seguir o nosso exemplo e também apresentar uma moção deste teor no congresso da JS.

O alerta também foi dado: compete-nos a nós agora (JSD e JS) sensibilizar os restantes jovens para esta temática, de forma a que estes votem, mas votem favoravelmente.


Mafalda Reis

Publicado no "JSD Algarve"

Comentários

Anónimo disse…
Bom trabalho. Parabéns. Apenas duas notas à atenção das JOTAS do Algarve. Aí, na minha cidade, havia um Hospital, onde eu fui operado à apendicite em 1963, ainda no tempo do Salazar. E tinha maternidade, onde as minhas filhas nasceram, em 1965 e 1976. Onde o meu pai faleceu, em 1999. Hoje, esse Hospital está transformado em armazém. Resta Faro, a 30 kms. Com este progresso e esta descentralização, bem podem "limpar as mãos à parede"... E não se esqueçam. Antes do referendo, façam contas e apresentem o mapa de receitas e despesas..
Anónimo disse…
Jovens,
Sou um cidadão contra a Regionali-
zação por razões que não vou agora
desenvolver.

Entre elas há uma que parece que
ninguém quer abordar, ou então,
julga não ter importância e quem
sabe se vocês me podem esclarecer:

-Através do estudo da nossa História são encontradas raizes,
tradições regionalistas?
-No processo da fundação, alarga-
mento de fronteiras, em qualquer
fase do Antigo Regime são encon-
trados paradigmas regionalistas
com correspondência de desenvol-
vimento económico?

O pensamento e cultura de um povo
tem um longo processo de formação
e a forma como se organiza e se
relaciona entre si é parte da sua
cultura de identidade.

Aprecio o vosso debate, como juven-
tude partidária, independente, au-
tonomamente mas a minha opinião
é de que a regionalização não deve
ser debatida numa perspectiva mera-
mente económica e burocrática.

Podem-se estar a comprar "guerras"
para o nosso país e não devemos
esquecer que já temos cinco mi-
lhões de nós a viver no estran-
geiro.

Sou de opinião que o grave problema
do nosso país é a cultura do exer-
cício do poder e, neste aspecto,
cabe à juventude portuguesa deba-
tê-la, especialmente a nível estu-
dantil e, particularmente no seio
dos estudantes universitários de
onde saiem a maior parte dos
quadros dirigentes de Portugal.

Fernando Marques - Sintra
ferroma@sapo.pt

-
Caro jovem Fernando Marques, permita-me uma pergunta. Qual é a sua opinião, à luz dos argumentos que aduz contra a Regionalização (que respeito e que agora não vou rebater), sobre as Autonomias dos Açores e da Madeira?


E não se esqueça de que a Regionalização NÃO é Autonomia, é apenas descentralização de algumas competências (e aplicação do princípio da subsidiariedade, consagrado na filosofia da política europeia).


E, já agora, tenha presente que nos tempos que cita, da fundação de Portugal, do Antigo Regime, etc., também não encontra quaisquer "paradigmas" de democracia, de liberdade, de exercício do poder sob um égide constitucional, etc. . Também quer prescindir de tudo isso em prol da "pacificação nacional"?