E Este Referendo?



O que falhou até agora no processo de desenvolvimento do Vale do Douro?

Terá sido uma lacuna de descentralização política? Ou haverá outros problemas, mesmo intrínsecos? Procuram-se respostas para estas questões. Muitas opiniões já foram emitidas, muitos estudos e planos apresentados, mas a região continua a ser uma das menos desenvolvidas da Europa.

A eventual falha na descentralização política é a questão central .

As opiniões recolhidas pelo JN indicam que sim, que houve essa falha. O presidente da ACP, Rui Moreira, não tem dúvidas "Todas as iniciativas que tem havido são desgarradas, vistas a partir de Lisboa". Exemplifica com o planeamento que "tem obedecido a uma directriz central que desconhece, por vezes, o que as regiões têm para oferecer".

Defensor da regionalização, o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira, nota que "se há zona do país que é prejudicada pelo actual modelo administrativo é o Douro". "Acabem com a figura dos distritos, que é uma aberração", atira. Entende ser "mais que óbvio" que a criação de regiões teria ajudado a desenvolvê-lo. Na mesma linha de pensamento situa-se o autarca de Lamego, Francisco Lopes, para quem "a excessiva centralização do país afecta todo o interior", sobretudo as regiões com "menor capacidade reivindicativa de políticas de discriminação positiva". No entanto, acrescenta que, actualmente, "tal como o Douro, todo o Norte do país e o Porto são vítimas do aumento das assimetrias regionais".

Fonte: Jornal de Notícias.

Evidentemente os problemas do desenvolvimento assimétrico não se resolvem por milagre com a instituição de um novo quadro de gestão administrativa. Como diz na mesma notícia o Presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques o problema do desenvolvimento da zona duriense começa nos próprios durienses e acaba nas responsabilidades do Governo, com absoluta razão.

No entanto, se há problemas ao nível local, desde a má gestão à displicência, desde o medo da inovação à subsidiodependência (passe o neologismo, se o é), a macrocefalia do país, no mínimo, será mais lenha nesta fogueira. Se se permitisse às várias regiões terem uma maior capacidade de auto-governo, uma maior independência face a Lisboa, aí não teríamos - como temos tido - uma política que se faz quase exclusivamente para alimentar as zonas mais densamente urbanizadas, no mais completo desrespeito, no mais acabado ostracismo em relação ao Interior.

É nisto que fundo o meu grande apego à causa da Regionalização: à ingente necessidade de descentralizar, sobretudo no que à capacidade decisória diz respeito, sem que contudo se perca a necessária atenção às peculiaridades regionais. Ora, iso só poderia ser feito por um Governo Regional.

Publicado no Vivo e de boa saúde!

Comentários

Anónimo disse…
Profundo agradecimento pela publicação do meu texto.
É um assunto que urge debater.

Cordiais Saudações