A regionalização “é elementar”

Correio do Alentejo
Entrevista a Alberto Matos, coordenador do Bloco de Esquerda no distrito de Beja,


Que análise faz da intervenção do Governo no Alentejo?
Há uma coisa que é propaganda e, na propaganda, o PS, quer a nível central quer nível regional, sempre fez no Baixo Alentejo e no Alentejo Litoral grandes bandeiras de propaganda. E depois há outra coisa que são os factos e a realidade.

Que bandeiras de propaganda são essas?
O célebre triângulo Sines, Alqueva e Base de Beja. Toda a gente sabe que o PS tem a bandeira do Baixo Alentejo e ninguém lha leva em termos de propaganda. Não digo que seja por uma particular perseguição à região, não é nada disso. Mas as políticas que têm a obsessão do défice cortam cegamente na despesa e não olham muitas vezes às consequências sociais e às regiões mais desfavorecidas. As políticas na interioridade têm sido particularmente penosas.

O que é que o Governo já deveria ter feito que não fez?
Há uma coisa elementar que é a regionalização. Depois do referendo ao aborto, o problema da regionalização tem que ser novamente colocado em cima da mesa. Sobre isso o PS tem vindo a fazer uma descentralização encapotada, fechando serviços ou deslocando-os para Évora, o que é absolutamente inaceitável. E não temos nenhuma obsessão contra Évora, isso que fique claro.

Como é que analisa a necessidade e a intervenção do Movimento BAAL 21?
É um movimento que acompanhamos com alguma expectativa e eu próprio participei numa das reuniões públicas que já se realizaram. É difícil às vezes congregar interesses tão diversos, mas houve uma reacção salutar a uma série de questões do tal centralismo do Governo, que não é regionalista, pelo contrário. Até agora acho que [o BAAL 21] desempenhou um papel positivo.

O movimento tem condições para continuar?
Acho que até à regionalização faz todo o sentido. E uma das bandeiras que esse movimento devia ter, de forma mais clara, é precisamente a bandeira da regionalização. Independentemente de defender uma ou duas regiões e até admitindo que hajam posições diferentes no seu seio sobre isso. O mapa não é o essencial. O mais importante é bater o pé à regionalização.
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