Movimento Cívico “Regiões, Sim!”

REGIÕES, SIM! PORTUGAL, SEMPRE!
Intervenção de abertura de José Mendes Bota proferido durante o Jantar-Conferência do Movimento Cívico “Regiões, Sim!”, realizado no Estádio Algarve no dia 6 de Julho de 2007

"Só a Regionalização pode travar o centralismo galopante que caracteriza o actual momento do País.

Durante 9 anos, após o referendo de 1998, abateu-se um pesado silêncio sobre a Regionalização em Portugal. Pelo caminho, tentaram matá-la de vez, com a suposta reforma da descentralização, que felizmente para o país foi o fiasco que está à vista, um nado-morto que só baralhou e nada acrescentou. Era a lógica do dividir para reinar.

Durante este longo período de luto, foram muito poucas as vozes que se fizeram ouvir em defesa da Regionalização.

Foi com a criação do Movimento Cívico “Regiões, Sim!” , a 26 de Abril último, que a Regionalização voltou para a ordem do dia do debate político nacional. Muitas personalidades voltaram a emitir opiniões. E isso é sempre positivo. A Regionalização voltou a ser falada.

Desde logo, suscitou as reacções primárias dos comentaristas do regime e de alguns beneficiários económicos do centralismo.

É claro que a verdadeira descentralização do país, não interessa à aliança entre o centralismo político e o centralismo económico.

Foi uma reacção muito primária, a roçar o insulto. Com muito pouca imaginação, e nenhuma elevação, diga-se. Para esses senhores, nós os regionalistas, não passamos de um bando de caciques locais, de anti-patriotas que querem dividir Portugal às postas, de políticos desempregados, e de interesseiros num bolo qualquer de interesses indefinidos, mas que pelos vistos alguém anda a abocanhar, tais as reacções.

Também nos acusaram de despesistas, inventando acréscimos orçamentais por conta da Regionalização.

Também houve quem nos chamasse apressados, por nos propormos desencadear o mecanismo de uma nova consulta popular. Como se não bastassem já 32 anos de atraso constitucional, como muito oportunamente relembrou recentemente Diogo Freitas do Amaral.

Tudo não passa de um rol de mentiras, demagogia e desinformação, que repudiamos com serenidade.

Não recebemos lições de patriotismo de ninguém, A Regionalização, por toda a Europa, é um factor de reforço da coesão e da competitividade nacional. Todos temos as nossas vidas, os nossos empregos, e as nossas funções. A Regionalização não será nem uma reserva de caciques, nem uma bolsa de empregos políticos. As finanças regionais, como muito bem está a demonstrar Miguel Cadilhe na Universidade Católica do Porto, contribuirá para a redução do défice público.

A Regionalização une-nos. É a sociedade civil em força que aqui está a dizer aos poderes políticos que também devem entender-se nesta matéria. A sociedade civil deseja este pacto de solidariedade nacional, antes que seja tarde, e antes que Portugal fique definitivamente fracturado entre o litoral e o deserto, entre a capital e a paisagem sobrante. Apelamos aos líderes políticos para que estabeleçam este pacto de entendimento e de regime.

Não estamos contra ninguém. Não estamos contra nenhum partido político. Não somos arma de arremesso de nenhuma oposição, nem correia de transmissão do poder instalado.

Somos contra o centralismo. E queremos a Regionalização. E ninguém nos desviará do nosso objectivo.

(...)

Este Movimento Cívico é um rio ascendente. No amplo delta das suas convicções, estão os cidadãos e as cidadãs de Portugal. E a força da nossa corrente chegará à nascente da reforma política, na Assembleia da República. Serenos, mas convictos. Regiões, Sim! Portugal, sempre!"

José Mendes Bota
Estádio Algarve, 6 de Julho de 2007

Comentários

Anónimo disse…
"(...) que repudiamos com serenidade"


Muito bem.


Serenidade. Conceito muito útil, também para os discursos, mas sobretudo para a prática política...


Ant.º das Neves Castanho.
templario disse…
Não pondo em causa o seu patriotis-
mo, solicito ao Dr. Mendes Bota
que dê uma fundamentação histórica
para a regionalização (afinal isto
não é uma questão meramente buro-
crática administrativa). Mas não
me venha com a especificidade do
Algarve).
Anónimo disse…
O modelo centralista está mais que falido, mais provas desta falência administrativa só com o colapso total.
A histeria na defesa do centralismo é própria de quem julga estar em causa os seus privilégios e não querem abrir a mão deles.
Quanto não perdem os jornais, os advogados, os economistas e muitos mais que sugam o Estado pelo simples facto de estarem junto dos órgãos do Poder?
Essa perda deixa-os em estado de pânico mas é altamente benéfica para o país.
Açores e Madeira são regiões autónomas mas pensam que teriam tido o mesmo desenvolvimento se estivessem dependentes do poder central?

Luís Carvalho
Caro Luis Carvalho,

Inteiramente de acordo consigo.

Cumprimentos,