ALBERTO JOÃO JARDIM

Injustiça!


IN: Jornal da Madeira - 27.11.2007

Para mim, Política é cada um, no seu posto, dar o melhor pelo Bem Comum dos Portugueses e de cada Português, e construir um País de que nos possamos orgulhar. (…) E não deixar confundir a nobreza da Política com a mesquinhez da facção, nem com o culto de “interesses” que não são os dos Portugueses, nem com os episódios menores com que se vai entretendo e distraindo as massas menos atentas ou mais vulneráveis.

Tive ocasião de, publicamente, dizer, há dias, que, na normal evolução ideológica que cada um tem no seu percurso de vida, sentia-me mais afastado de Lisboa.

Não se trata de “separatismo”. Esclareço-o para que os numerosos inquisidores que existem neste País, não entrem de imediato no seu afã “pidesco” contra quem, como eu, não aceita os dogmas desta Situação política a que Portugal chegou.Continuo a ter muito orgulho em ser português.

Desprezo o sistema político, cada vez mais.

Mas se a minha opção de consciência fosse por um separatismo da Madeira em relação ao Estado português, também di-lo-ia sem medo, sem qualquer temor reverencial fosse de quem fosse.Tal como assumo a minha posição de Autonomista. Até seria engraçado, se por acaso, ideologicamente, eu optasse pelo separatismo — o que não é o caso — respeitando sempre nos meus actos a Constituição e as leis, as instituições da República Portuguesa, dita Estado democrático, me reprimissem por isso… por “delito de opinião”!…Mas peço aos Portugueses que compreendam uma coisa.Até por precaução em respectivas causas próprias.

O que pensar de um Estado que, por um lado, teve a coragem democrática de estabelecer Autonomias Políticas nos seus territórios insulares, indo assim de encontro ao sentir legítimo dos respectivos Povos mas, por outro lado, discricionariamente e sem estar em causa a Unidade Nacional, trava indevidamente a evolução político-administrativa destes territórios, alimentando suspeitas, preconceitos e ódios incultos e invejosos?!…

O que pensar de um Estado que, manobrando os meios de propaganda que tem ao seu dispor, por um lado tenta apagar da História os cinco séculos e meio de sonegação de dois terços da riqueza gerado pelo suor dos povos insulares nas circunstâncias físico-históricas de então, e por outro lado transforma as suas responsabilidades com a ilhas portuguesas, numa exageradamente falsa “esmola”, como se de territórios não nacionais se tratassem e apresentando os povos insulares como “gigolos”?!…

O que pensar de um Estado que, por um lado organiza a omissão de tudo o que de positivo se fez e faz nas Regiões Autónomas, sobretudo com receitas próprias ou vindas da União Europeia, quando esse positivo é positivo português, e por outro lado faz com que só se realce o negativo de qualquer obra humana, quando todos até que nos visitam, testemunham semelhante iniquidade de comportamento para connosco?!…

O que pensar de um Estado que é instrumentalizado partidariamente, no tom do mais reles estalinismo, para criar problemas a Portugueses cujo “pecado” é o de, em Democracia, ter opiniões políticas diferentes e ter o Direito de denunciar os que Lhes faltaram à palavra?!…

O que pensar de um Estado que nem sequer reconhece o Serviço que prestam os Autonomistas ao Interesse Nacional, com a postura responsável de não criar à República Portuguesa os problemas de separatismo regional, às vezes até violento, como por exemplo e só para falar dos países geograficamente mais próximos, se assiste na Espanha, na França, no Reino Unido, na Bélgica, etc?!…

O que pensar de um Estado, onde não há a Cultura bastante para se libertar das amarras conceptuais, dos preconceitos e do “quero, mando e posso” dos poderes de Lisboa, ainda e claramente marcas de mais de cinco séculos de Império?!…

E não avio mais o rol, para não incomodar o Leitor com a tristeza que é um Estado ainda assim!Mas manda a honestidade que reconheça que, mesmo dentro do próprio Partido Social Democrata, a organização político-partidária que mais se bateu pela descentralização POLÍTICA insular, também tem havido pessoas mancomunadas com o centralismo jacobino e com “interesses” que não são os de Portugal, assim enjeitando um património político-cultural do PSD!Neste Estado português prega-se tanto a “tolerância”!

Mas este Valor é logo retirado, quando se trata do Direito à Diferença, do Direito de construir Portugal através de caminhos diferenciados e democraticamente mais do que legítimos!Tudo isto leva a compreender porque a sensação de INJUSTIÇA e de discriminação em relação a Direitos que para nós são sagrados e irreversíveis, leve por vezes a um exacerbar de posições, a um grito de revolta.

E daqui nunca passámos…Para mim, Política é cada um, no seu posto, dar o melhor pelo Bem Comum dos Portugueses e de cada Português, e construir um País de que nos possamos orgulhar.

Mesmo quando a maldade de alguns nos ofenda e marginalize.Há que lhes saber perdoar, até pela menoridade intelectual que assim patenteiam, mas sempre com o bom-senso da precaução de nunca esquecer.E não deixar confundir a nobreza da Política com a mesquinhez da facção, nem com o culto de “interesses” que não são os dos Portugueses, nem com os episódios menores com que se vai entretendo e distraindo as massas menos atentas ou mais vulneráveis.

Resguardo-me no conceito de Política que, com erros também, sempre impus a mim próprio.Por isso, disse, estou cada vez mais distante de Lisboa.


ALBERTO JOÃO JARDIM
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Comentários

Anónimo disse…
Este jogral já não presta mesmo para nada: já não diverte, já nem incomoda. Apenas enfastia.


A que propósito é que tem uma "deixa" nesta peça?
Anónimo disse…
É um REGIONALISTA CONVICTO contra o seu CONTINENTE...
enfastia?....grande pivet...
ah! já não tem varizes...essas libertaram-se...
Anónimo disse…
Pois, pois... Se cada Região do Continente tivesse um AJJ, todos viveriamos muito melhor. Conheci a Madeira, antes de AJJ governar. Acompanhei a Madeira ao longo destes 33 anos. Não tenho qualquer dúvida que AJJ foi o melhor governante europeu deste período.
Quanto ao facto de ser mais "divertido" que Pinto da Costa e José Mourinho, isso não afecta os madeirenses, nem o resto do mundo.
Aqui, a obra é prioritária. E essa está aí à vista de todos, ou pelo menos dos que conseguem ver.
Anónimo disse…
Eu consigo ver, como vejo os Açores..

Mas haverá alguma semelhança entre este Senhor e Hugo Chavez...é que ele estraga a Festa a Todos...Viva o Sr. Silva...viva o lacaios dos Continente...diz ele não sou eu...
O Senhor Jardim é um dos mais poderosos argumentos anti-regionalização utilizados pelos analistas políticos.


As vantagens das Autonomias insulares não se confundem em nada com os protagonistas dos seus órgãos de Poder.


A Madeira actual NÃO é obra exclusiva de Alberto João Jardim, assim como o Portugal de hoje, comparado com o de há 30 anos, também não é obra exclusiva de Mário Soares, de Ramalho Eanes, ou de Cavaco Silva. É obra da Democracia.


A Madeira actual é, sobretudo, fruto da nossa adesão à Europa e dos avultadíssimos fundos que lhe foram destinados por INTEGRAR PORTUGAL.


A Madeira actual tem muitas estradas, túneis e pontes, mas social e economicamente continua a ter muitos problemas, facto mais do que provado pelos indicadores económicos (elevadas assimetrias de rendimentos) e pelo continuado fluxo da emigração. Nomeadamente para o Continente...


O Governo de A. J. Jardim é um mito, que não resistirá a uma adequada e objectiva análise histórica, ou outra. É esperar para ver...
Anónimo disse…
SR.CASTANHO...desculpe a brincadeira...PRETO NO BRANCO.
Anónimo disse…
Só mais umas questões:
O Vale do Ave e outras zonas semelhantes, não fazem parte da mesma Europa que o Machico?
A análise histórica diz tanta coisa, por exemplo:
Record da Inflacção - Mário Soares 1977 e 1984.
Record de Pobreza - José Sócrates, dois milhões, em 2007. Rica evolução...
A Madeira tem pobres... Mas, por acaso já deram uma voltinha à noite, por Londres, ou qualquer das outras cidades mais ricas da europa?
As estatísticas são bons instrumentos de trabalho, não só quando nos são convenientes.
Cada político tem sempre uma série de defeitos e tb algumas virtudes. Uns e outras não são separáveis.
Pois é, anónimo-mor, viva o seu Portugal de MARÇO!
Anónimo disse…
Obrigado. esse é o vosso argumento.. conheço-o há muitos anos. Nunca me incomodou. O que me incomoda é o que estão a fazer a Portugal. Eu é que sou de Março? Eu sou de todos os tempos. Sempre contra os ditadores e os lambe-botas. Contra os fascistas e os stalinistas. Contra a miséria do leste e de Cuba. Contra Salazar e o PREC. Contra a Unicidade sindical. A favor da Regionalização, mas contra os "penduras" da regionalização.
Eu sou eu, de Janeiro a Dezembro..
Anónimo disse…
mas há por doi meses em que este anónimo é mais do que Janeiro a Dezembro...
quando recebe o 13º e 14º mês.. há muitos desempregados no Pais e e, especial no NORTE, que não sabem quando começa Janeiro nem Dezembro do Natal..muito menos quando é pincipio ou fim do mês..
Faça alguma coisa por isso...
VIVA A REGIONALIZAÇÃO...
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