Mais Perguntas e Respostas sobre a Regionalização

Um dos argumentos contra as regiões é que estas vão exaltar rivalidades e pressões junto do governo central, tornando o país ingovernável.

— Isso faz lembrar aqueles que antes do 25 de Abril entendiam que o nosso país era ingovernável em democracia. O que é verdade é que temos 308 municípios, entre os quais existem algumas rivalidades, e ninguém duvida, hoje, que é muito mais vantajoso eleger as câmaras e assembleias municipais do que o Governo nomear o presidente e o vice-presidente da câmaras como acontecia antes do 25 de Abril.

Mas a imagem de um país dividido está a ser muito explorada...

— Dividido está ele hoje com tantas desigualdades... Devemos ser o único país do mundo que com 89 mil quilómetros quadrados tem 38 divisões regionais diferentes. É uma verdadeira selva para o cidadão, que torna impossível qualquer coordenação de serviços... Corrigir esta situação pode permitir desburocratizar. E no conjunto não vai haver mais cargos públicos remunerados mas sim a sua legitimação por via eleitoral.

Como se vai resolver o problema das capitais de região?

— Pessoalmente, há muitos anos que defendo que a solução é não haver capitais nas maior parte dos casos. A minha proposta é semelhante ao que acontece nos Açores, onde foram fundidos três distritos, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta, sendo três órgãos de poder distribuídos pelas três cidades, com a garantia de que os serviços públicos estivessem próximos dos cidadãos.

Da mesma forma, cidades como Braga e Viana do Castelo ou Vila Real e Bragança, que foram esvaziadas de serviços em favor do Porto, ou Aveiro e Viseu bem como Guarda e Castelo Branco que foram preteridas em relação a Coimbra, ou Portalegre e Beja em relação a Évora, e mesmo Setúbal em relação a Lisboa, devem ter no futuro equipamentos, infra-estruturas e serviços que actualmente não têm, porque nos últimos anos muitos serviços foram foi concentrados no Porto, Coimbra, Lisboa, Évora e Faro.

É possível construir redes racionais de serviços e centros urbanos que hoje não existem.

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