Portu Cale

O porto de Cale: Portu Cale

Segundo aponta Coelho da Silva (2000) a «justaposição natural da cívitas [ou castro] de Cale e o seu porto, portus, poderão justificar a primeira referencia a Portu Cale», datada na segunda metade do século V d.C. e transmitida pelo Chronicon de Idácio. Um Portu Cale que nos atrevemos a localizar, quase com toda seguridade, ao pé da margem norte do Douro, no que logo virá a ser Ribeira do Porto.

Idácio, o cronista e bispo de Chaves (falecido em 472 d.C.), afirma textualmente Portu Cale estar situado «ad extremas sedes Gallaeciae» (na extrema da Gallaecia), que como se sabe, estando separada da Lusitânia pelo rio Douro, «Fluvius Dourus dividens... Gallaecia et Lusitania...» (Julius Honorius), exclui claramente qualquer hipótese de localização desse sitio na margem esquerda do rio.

Mendes Corrêa (1933) escreve que «havia uns 500 ou 600 metros a percorrer [desde Cale] até o Douro pela via natural de trânsito, nas margens do [afluente] Rio da Vila».

Para o grande arqueólogo portuense, o vale que se vinha a conformar desde a Sé e o monte da Cividade, até a beira do rio (o que hoje seria as rua das Flores e Mouzinho da Silveira), ligaria Cale com o seu porto na margem norte do Douro, estabelecendo-se Portu Cale, já na época romana (daí a origem latina do radical inicial da palavra), como porto de serventia para Cale.

Chegados a este ponto não faz sentido, como já afirmamos, que o porto de Cale se situasse do outro lado do rio, no castelo de Gaia, pois, o trajecto natural desde Cale até o Douro, vinha a encorajar-se através do vale marcado pelo rio da Vila até a actual Ribeira da cidade. «A Ribeira era o cais natural da Cividade sobre o Douro», afirma Mendes Corrêa (1933).

Portu Cale virá a nascer então como uma derivação natural das actividades de Cale para a beira do rio. Pois, era este, o processo geral da «pax romana»: o abandono dos lugares altos e abruptos dos habitats castrejo/celtas, e a migração para os vales, planícies e terras baixas.

Por isto é que só a partir do século V d.C. é que se começa a deixar de se falar de Cale como tal, e se iniciam as primeiras referências ao «porto de Cale» (Portu Cale). Topónimo que teria a sorte de erigir-se em nome do actual Portugal, como séculos antes, o Cale de Portu Cale, dera nome à Galiza (Calécia/Gallaecia).

PGL
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Comentários

Anónimo disse…
Gostei deste mapa.
Intruduzam a região Lisboa e Vale do Tejo, separem o Algarve e aí tem as 5 regiões plano.

venhaa regionalização, que até Mar()elo apoia...alcunha "o inteligente"

Já sem o virus do Tejo...limpinho..
Muita coisa aconteceu, desde os tempos de Idácio...


Mas sempre sobrou o nome de Portugal! Pena que os portugueses não sejam devidamente ensinados a enaltecer e a honrar devidamente a Cidade que no-lo ofertou..
O Galaico disse…
A regionalização faria ainda mais sentido com a Galiza junto ao Norte...

Pois como disse o outro: "não há mais Galego que o Porto que deu o Nome À Galiza nem do que Braga que fora sua capital"..
aderitus disse…
Peço desculpa, mas tudo o que aqui é apresentado como factos, não passam de suposições, nada disto se encontra comprovado, nem sequer se conhece a real localização, tamanho ou mesmo as tribos constituintes da Lusitânia pré-romana. infelizmente preocupam-se mais em estudar o antigo Egipto, do que estudar a nossa pré-história. Dito isto, em relação à regionalização, em primeiro lugar não acho lógico, e até precipitado, riscar umas fronteiras no mapa e criar regiões, porque não manter as fronteiras distritais e fazer dos distritos regiões? não seria mais fácil e até mais natural?
Outra coisa, falam muito do exemplo espanhol, mas acaso algum já reparou no tamanho das regiões espanholas? não serão elas quase equivalentes ao nosso território continental? quais as verdadeiras vantagens? o que ganhariam regiões como o Alentejo, ou trás-os-montes que actualmente quase não têm população? donde viria o rendimento regional?
é preciso pensar bem, e discutir a sério com o povo, e não com pseudo-intelectuais que mal conhecem o país. cumprimentos