Regionalização / Unidade Nacional

Com a instituição das regiões administrativas estas não terão quaisquer poderes políticos que permitam aos seus responsáveis levar por diante projectos independentistas. Mesmo que o quisessem fazer, nada nos leva a pensar que teriam população suficiente para os seguir. Os portugueses do Continente uns sentem-se transmontanos, outros minhotos, outros nortenhos, outros beirões, outros ribatejanos, outros alentejanos, outros algarvios, outros lisboetas, outros não sentem qualquer afiliação regional, mas quase todos se sentem também portugueses.

Na ausência de clivagens culturais propícias a movimentos regionais independentistas. o que mina mais a unidade e a coesão nacional é o agravamento nas disparidades entre os vários grupos sociais e entre as várias regiões. Ora a criação das autarquias regionais se não vai acabar com essas disparidades vai certamente contribuir para as atenuar.

Pode contra-argumentar-se dizendo que com regiões o que vai haver não é mais solidariedade inter-regional, mas sim mais concorrência entre as regiões. É certo que com responsáveis regionais fundados na legitimidade do sufrágio universal haverá maior protagonismo político a nível regional que se alimentará, em parte do confronto, com o "inimigo exterior" seja ele o poder central ou outras regiões. Com a regionalização essa concorrência inter-regional passará a desenrolar-se num quadro mais democrático e mais transparente do que actualmente onde, sob a capa de processos burocráticos da Administração Central e sem regras claras, certas regiões com mais facilidades de acesso ao poder acabam por ser beneficiadas em detrimento de outras.

Actualmente o pais já está dividido administrativamente em freguesias, concelhos e distritos e isso não tem posto em causa a unidade e a coesão nacional. Pode argumentar-se que este tipo de divisão administrativa é de uma escala geograficamente mais reduzida do que a das regiões o que é suficiente para eliminar o risco de desagregação nacional. É verdade, mas então considere-se o caso das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. A sua autonomia não pôs em causa a unidade e a coesão nacional. Pode até dizer-se que se não tivesse havido autonomia para os Açores e a Madeira a unidade e a coesão nacional poderiam estar hoje em perigo nessas regiões.

Américo Carvalho Mendes
- Docente Universitário
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Comentários

Anónimo disse…
A autonomia regional. na versão das Regiões Autónomas (7) nunca porá em causa a coesão e a unidade nacional.
Parabéns, professor Américo Mendes.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - "Requiem" para as Regiões Administrativas e para os arautos da desgraça, os confrariais.
Anónimo disse…
Caríssimos Regionalistas,

A implementação é indissociável da prossecução de grandes desígnios ou objectivos nacionais. Estes desígnios são de natureza permanente ou estrutural, presente em qualquer época para garantir a melhoria das condições de vida de forma estabilizada e pacífica:
1) Soberania Nacional
2) Desenvolvimento Económico e Social
3) Conhecimento (cultura) e tecnologia
4) Equilíbrio Social
Com a regionalização na versão das 7 Regiões Autónomas, é possível conseguir (não é o mesmo que arranjar) e atingir consistentemente estes objectivos, sem ser preciso imprimir muita pressa por decreto, com a adesão e mobilização das populações em sintonia com dirigentes nacionais, regionais e locais totalmente sintonizados.
O resto, lamento muito afirmá-lo e apesar de os meus opositores neste "blog" estarem a abandoná-lo, sem dar "troco" útil e objectivo que se veja, é pura conversa da treta, comentários de bancada ou argumentos de tasca, nada mais.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Silêncio na passarada; ninguém pia?
Anónimo disse…
NÃO É QUE SE CALARAM TODOS QUANDO FOI DADA A ORDEM: "NINGUÉM PIA".
QUE CARNEIRADA
Carlos do Nascimento disse…
Muito sinceramente, acho que o modelo que se quer impor de regionazização não tem absolutamente nada a ver com o que as pessoas querem. Já algum de voz pensou no que realmente os cidadãos querem?
Este modelo só vai criar conflitos entre populações rivais.
Dou eemplo do Alto-Tâmega e Barroso que existe já ao dia de hoje uma organização ferrea entre as suas comunidades e costumes sociais em que nada se parecem com o do resto e transmontanos (lembrando também do couto Misto), e da região de Miranda que inclusivé tem idioma próprio.
Acho que a organização territorial das regiões tem de ser sériamente repensada.