Com Jardim há 30 anos



JN
José Leite, Pereira, Director



No final dos anos 70, início dos 80, Mota Pinto introduziu no léxico político nacional a expressão "custos de interioridade". Em Bragança como em Mértola percebeu-se de imediato o que a expressão queria dizer. Em boa verdade, poucas vezes se terá encontrado expressão tão feliz e tão solidária para referir os que, não estando na faixa litoral onde tudo acontece, necessitam de ser discriminados positivamente para que se assegure que a sua evolução decorra pelo menos a um ritmo próximo do de regiões litorais, rumo ao desenvolvimento.

Mas a expressão tinha um outro significado, mais político, pois surgiu em contraponto aos chamados "custos da insularidade" constantemente invocados para justificasr transferências orçamentais para as regiões autónomas. Milhões e milhões que foram voando - voar é o termo - com solidariedade dos de cá e algumas mãos largas dos de lá, em nome da insularidade, muitas vezes acenando com o fantasma independentista, o que trouxe inegável desenvolvimento à Madeira, hoje uma das mais ricas regiões portuguesas.

Em boa verdade, estes custos de insularidade referiam-se sempre à Madeira, pois, nos Açores, o sempre-presente Mota Amaral foi mais respeitador da realidade nacional, sempre se conteve em verbas mais racionais. Talvez por isso tenha tido de ceder o poder aos socialistas, enquanto na Madeira, ao cabo de 30 anos, nove maiorias absolutas conseguidas, Jardim continua dono e senhor do poder, agora com menos dinheiro e sujeito a mais críticas dos dirigentes continentais, que lhe conhecem os truques mas tantas vezes resistem mal à sua linguagem desbragada, pouco credível e sempre exigente. Uma política a bem da Madeira, é certo, mas pouco consentânea com as mais puras regras democráticas e pouco solidária com as regiões que, embora continentais, distam cada vez mais de Lisboa do que a cosmopolita Funchal.

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Comentários

Anónimo disse…
caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

O exemplo da Regi�o Aut�noma da Madeira � perfeito para se compreender a problem�tica da regionaliza�o auton�mica nas suas consequ�ncias e introduzir os melhoramentos necess�rios que impe�am, no futuro, a interven�o qualitativa (n�o significa de qualidade) de protagonistas pol�ticos do quilate que encontramos naquela Regi�o Aut�noma Insular.
Instituir a regionaliza�o auton�mica continental com a repeti�o de protagomismos id�nticos aos daquela regi�o corresponde, desde j� a declarar a fal�ncia daquele projecto de grande envergadura pol�tica e que se pretende de grande qualidade pol�tica, autosustentado e solid�rio nas rela�es e di�logo inter-regionais do continente.
Por isso, o exemplo da Regi�o Aut�noma da Madeira s� interessa para nos alertar quanto � necessidade de correc�o do que de mal foi feito, para n�o se repetirem os mesmos erros pol�ticos grosseiros na implementa�o da regionaliza�o auton�mica do continente.
O resto � perda de tempo, de recursos e consumo de paci�ncia.
Finalmente, em frente com a regionaliza�o baseada nas 7 Regi�es Aut�nomas, a partir das 11 Regi�es Naturais, Hist�ricas ou Prov�ncias, totalmente depurada de maus exemplos, onde quer que tenham sido praticados.

Assim seja, amen.

Sem mais nem menos.

An�nimo pr�-7RA. (sempre com ponto final)