Metro do Porto

Miguel Ângelo


Metro na encruzilhada


Quase uma semana depois de ter tomado posse como presidente da Metro do Porto, Ricardo Fonseca ainda não disse nada que permita perceber quais as intenções do Governo para a empresa e o andamento do projecto. Se calhar é para ser assim mesmo. Porque o silêncio que caiu sobre as declarações de Oliveira Marques e Valentim Loureiro no dia anterior à assembleia-geral em que o Estado tomou o poder na empresa é absolutamente ensurdecedor.

A ninguém parece incomodar o facto de se multiplicarem os alertas sobre o incumprimento do Estado para com a empresa e todos assobiam para o ar quando se constata que por este caminho o Metro vai tornar-se financeiramente insustentável.

Sendo provavelmente o mais importante investimento público do último século na região, o Metro do Porto transformou de forma radical a mobilidade entre os principais pólos urbanos da Área Metropolitana do Porto, confirmada pela crescente adesão popular a um meio de transporte eficaz, rápido e não-poluente.

Mas nada disso parece comover um Governo que permite uma derrapagem orçamental escandalosa na inútil linha de metropolitano que atravessa o Terreiro do Paço (e que, tudo indica, não atingirá, nem de perto, a taxa de utilização prevista) e obriga os portuenses a pagar bem mais por um simples bilhete e a receberem bem menos de indemnização compensatória.

Com apenas uma frente de obra (uns miseráveis metros na Avenida da República, em Gaia), o Metro do Porto chegou a uma encruzilhada da qual não vai ser fácil sair.

Quase que pago para ver quando vai arrancar no terreno a fundamental ligação a Gondomar.

Com os recursos do país apontados para obras de necessidade duvidosa (como o novo aeroporto de Lisboa) ou perfeitamente dispensáveis (como o inacreditável TGV) é quase certo que para o Metro do Porto sobrarão os restos. Que, como os cães, terá que debaixo da mesa lutar por eles com os demais interessados…

"Primeiro Janeiro"
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Não vislumbro o interesse de um projecto como o do "Metro do Porto" para a execução de uma política de regionalização, a qual é inexistente, como também o é uma política económica nacional e suas correspondentes regionais, onde a política de transportes nacional e regional deveria ter um papel importante e mais concreto e definido a desempenhar.
O que se faz há muitos anos, em termos políticos, é tomar decisões políticas casuísticas, ao sabor dos acontecimentos e dos interesses que vão surgindo, sem um fio condutor que lhes dê coerência e racionalidade, não só a nível nacional, como a nível regional e local.
Apesar do projecto do "Metro do Porto" ter sido EXECUTADO por especialistas do mais alto nível, a nível europeu, com os resultados operacionais e qualitativos invulgarmente positivos para aquilo a que estamos habituados, o projecto político da regionalização nem sequer se mexeu um milímetro dentro da famigerada Área Metropolitana do Porto e nem sequer esta assumiu uma maior preponderância na estratégia futura daquele projecto empresarial, antes até pelo contrário.
No quadro da sua política casuística, o Governo entendeu que devia fazer um "takeover" àquela empresa metropolitana, através de uma certa indefinição estratégica e de financiamento, com culpas para todos os Governos que apenas parece terem assistido à sua execução com êxito, como se tivessem ficado por ele paralisados e sem saber o que fazer.
No entanto, apesar do seu efeito nulo em termos políticos da regionalização, os seus principais executores (não os que apenas assistiram) ficarão para sempre ligados à HISTÓRIA DA CIDADE DO PORTO, muito mais que à da Área Metropolitana do Porto.
Por fim, neste País (que até nem parece ser o nosso), já estamos habituados à INDIFERENÇA que grassa por todo o lado, quer se exerça com competência (para elogiar, potenciar e aproveitar) ou incompetência (para excluir, eliminar e substituir) uma determinada função, onde as condecorações parece terem mais objectivos pangíricos do que de reconhecimento das reais capacidade humanas.

Assim não fosse, mas é, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Caro Anónimo pró-7RA.,

Partilho muito do que diz neste seu comentário.

Cumprimentos,