O Alentejo

Alentejo pode enfrentar polémica da divisão


Com pouco mais de 500 mil habitantes, o Alentejo poderá envolver-se numa nova polémica com o processo de regionalização, uma vez que, apesar de existir uma maioria favorável à criação de uma única região, há várias vozes dissonantes.

Autarcas e dirigentes socialistas e comunistas vêem com bons olhos uma só região Alentejo, agrupando os 47 concelhos dos distritos de Évora, Portalegre e Beja e do litoral alentejano, mas da parte do PSD levantam-se dúvidas, com a distrital de Beja a inclinar-se para duas regiões e os autarcas de Portalegre a lançar mais interrogações.

Defendendo o avanço da regionalização, que considerou "o patamar que falta para ligar efectivamente o poder decisório central e as populações", o presidente da distrital de Beja do PSD, Amílcar Mourão, disse à agência Lusa estar inclinado para a criação de duas regiões administrativas no Alentejo.

Apesar de salientar que "ainda não tem" uma "posição fechada" sobre o assunto, Amílcar Mourão propõe uma divisão do Alentejo, região com um total de 47 concelhos e 535.753 habitantes, segundo os Censos de 2001 do Instituto Nacional de Estatística (INE).

A região do Alto Alentejo, incluindo os distritos de Évora e Portalegre, e a região do Baixo Alentejo, agrupando o distrito de Beja e os quatro concelhos do Litoral Alentejano (Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Alcácer do Sal) são as divisões sugeridas pelo líder dos sociais-democratas de Beja.

A lançar mais "achas para a fogueira", estão os autarcas social-democratas do norte alentejano, com o presidente da Câmara de Fronteira a afirmar-se contra a criação de regiões administrativas, alegando que a desconcentração para as regiões vai prejudicar e esvaziar o mundo rural.

Dúvidas e interrogações apresenta também o autarca social- democrata de Portalegre, Mata Cáceres, que admite mesmo juntar-se a concelhos da Beira Interior, em detrimento dos vizinhos alentejanos.

"Portalegre aparece sempre numa posição subalterna nas políticas que dizem respeito a todo o Alentejo", justificou. Sem posição oficial, aparece o PSD de Évora, uma vez que, segundo o líder distrital, António Costa Dieb, a regionalização "não é um tema prioritário" e "não está na ordem do dia".

Na única região que deu a vitória ao "Sim" no referendo sobre a regionalização em 1998, há ainda a destacar a posição de Luís Pita Ameixa, actual deputado e presidente da Federação Regional do Baixo Alentejo do PS.

Apesar de na campanha para o referendo ter despoletado polémica local a sua defesa de duas regiões, Luís Pita Ameixa disse não ter, actualmente, "nenhuma posição pessoal e fechada sobre o assunto".

Mostrando-se "favorável" à criação de regiões administrativas, Luís Pita Ameixa, considerou "prematura" a discussão sobre a regionalização, alegando que se trata de um assunto que "só deverá ser discutido na próxima legislatura (depois de 2009)".

"Actualmente, é mais importante o actual processo de descentralização de serviços e desconcentração de decisões, que irá beneficiar as autarquias", salientou.

Mais pacíficos são os socialistas de Évora e Portalegre, "adeptos incondicionais" da regionalização, que reiteram uma opinião unânime em torno da criação de uma única região no Alentejo, embora com a distribuição de serviços pelas principais cidades.

Posição idêntica têm os comunistas, desde o Alto ao Baixo Alentejo, preconizando uma "região polinucleada" e sem sede regional, segundo disse à Lusa Diamantino Dias, do Comité Central do PCP.

"Não só defendemos, como há muito tempo exigimos a criação de regiões administrativas", lembrou o responsável da Direcção da Organização Regional de Beja (DORBE) do PCP, José Catalino, que considerou a regionalização "uma das medidas necessárias para o desenvolvimento do Alentejo".

"Queremos uma única região Alentejo polinucleada, sem centralismos e com os principais serviços desconcentrados do Estado espalhados pelas quatro sub-regiões (Beja, Évora, Litoral Alentejano e Portalegre)", defendeu.

José Catalino sugeriu ainda que o Alentejo "deveria funcionar como região piloto para a criação das regiões administrativas", lembrando que "foi a única região que deu a vitória ao ‘Sim’ no referendo sobre a regionalização", realizado em 1998.

in "Diário do Sul"
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Comentários

Anónimo disse…
E, ainda assim, há quem diga que "se tornou consensual nos últimos anos o modelo das 5 regiões.": aqui está a prova provada de que isto é MENTIRA, e de que os governos deste país estão a organizar mapas (judiciário, de turismo...) em função deste modelo, promovendo uma descentralização encapotada, para, no fim, evitar o debate quanto ao mapa regional e declarar que "está tudo feito, não há mapa nenhum a debater". Pois está aqui a prova: os portugueses não estão com as cinco regiões. Porém, quanto à questão alentejana, devo dizer que é uma falsa questão, não considero que faça sentido dividir em duas uma região tão homogénea como o Alentejo.

Anónimo (Beira Interior)
Anónimo disse…
E, ainda assim, há quem diga que "se tornou consensual nos últimos anos o modelo das 5 regiões.": aqui está a prova provada de que isto é MENTIRA, e de que os governos deste país estão a organizar mapas (judiciário, de turismo...) em função deste modelo, promovendo uma descentralização encapotada, para, no fim, evitar o debate quanto ao mapa regional e declarar que "está tudo feito, não há mapa nenhum a debater". Pois está aqui a prova: os portugueses não estão com as cinco regiões. Porém, quanto à questão alentejana, devo dizer que é uma falsa questão, não considero que faça sentido dividir em duas uma região tão homogénea como o Alentejo.

Anónimo (Beira Interior)
Anónimo disse…
Santarém é actualmente da região do Alentejo Ninguém falou aqui disso ou estão todos com medo de mais polémica?
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Se há região onde as assimetrias de desenvolvimento não têm expressão e a homogeneidade territorial, NAS SUAS DIVERSAS DIEMNSÕES, está mais assegurada é precisamente na Região Autónoma do Alentejo, o qual inclui as Províncias do Alto Alentejo e do Baixo Alentejo.
Por isso, se há região que tem tudo a ganhar com uma política autênctica e necessária de regionalização é, precisamente, a REGIÃO AUTÓNOMA DO ALENTEJO; TAL COMO PARA O TERRITÓRIO RESTANTE, TEM TUDO A PERDER SE LHE FOR IMPINGIDA A CRIAÇÃO DAS FAMIGERADAS Regiões Administrativas, cujas consequências negativas as pessoas têm ainda alguma dificuldade em visualizar.
Por último, quem afirma que "Santarém é actualmente da Rgeião do Alentejo", não deve ser RIBATEJANO, nem o que esta qualidade de naturalidade significa; por outro lado, não compreende nada dos estudos geográficos realizados até hoje, razão pela qual sugiro que leia as obras do Professor Jorge Gaspar da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Neste blogue, lê-se cada uma, ...!

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Santarém

Cá está mais uma estupidez das 5 Regiões: Santarém passa para o Alentejo, isto cabe na cabeça de alguém?
Caro amigo, não tenho medo nenhum de polémicas: Santarém pertence, e sempre deveria ter pertencido, à região da Estremadura e Ribatejo, e mais nada! São estas soluções de "régua e esquadro" que dão cabo do Portugal regionalizado!

Aliás, nesta região, Santarém seria uma das cidades pelas quais seriam distribuídos os serviços da região de Estremadura e Ribatejo, juntamente com Lisboa, Setúbal e as Caldas da Rainha.

Um abraço regionalista para todos os Ribatejanos.

Anónimo (Beira Interior)
Anónimo disse…
Tanta confusão...
Santarém não passa para o Alentejo, como Ovar não passa para o Minho.
E as Caldas da Rainha não vão passar para a Beira Alta.
Certo, certo... é que, numa operação de nacional xico-espertice, para receber mais euros de Bruxelas, a Região Alentejo avançou pela Região de Lisboa.
Ressalve-se, no entanto, que não foi para prejudicar, mas sim para beneficiar alguns concelhos "fronteiriços" destas regiões.
Certo, certo... é que os dados estatísticos do Alentejo, com estes concelhos incluídos, estão muito melhores, muito superiores.
Portanto, a operação foi bem pensada e melhor executada.
Nem o AJJ teria feito melhor.
Efeitos positivos da regionalização...
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Agora, começo a estar mais convencido que a criação das Regiões,independentemente de serem administrativas ou autónomas, para muita gente, é mais uma questão de dinheiro do que de política estrutural nacional e, dentro desta, de política regional.
Por isso é que vai ser muito difícil chegar a acordo: poucos são os que vêm POLÍTICA AUTÊNTICA, EM VES DE $. Tal como no nosso passado histórico, de há 500 anos a até hoje.

Assim não seja, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final
Anónimo disse…
Ora aí está, caro anónimo das 04:39:00. Acabou de pôr o dedo na ferida. As estatísticas são manipuláveis: porque é que acha que as populações do Porto e de Coimbra são pela criação das regiões "Norte" e "Centro", em vez da divisão em "Beira Litoral, Beira Interior", "Entre Douro e Minho" e "Trás-os-Montes e Alto Douro"? Precisamente para isso: para colocar o Norte e o Centro na "cauda" do país e da Europa, para "canalizar" os fundos europeus e nacionais para o Litoral, e deixar o Interior de mãos a abanar, mais uma vez.

Contra o Portugal dos xicos-espertos
Pela coesão nacional, pelo Interior
Pela Regionalização a 7, por Portugal,
Anónimo (Beira Interior)

PS: Convido todos a solidarizarem-se com mais um ataque ao Interior: o fecho da Linha do Tua. Assinem a petição pela defesa de uma das mais belas linhas de caminho de ferro do Mundo e contra a pilhagem da rede ferroviária portuguesa:

http://www.petitiononline.com/tuaviva/petition.html
Anónimo disse…
Se calhar até não é má esta ideia: avançar com a Regionalização onde ela é mais consensual em termos de votos e de limites (Alentejo e Algarve), para mostrar a todos os portugueses as vantagens de um país regionalizado e autonomizado.

Pela regionalização
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Quanto mais depressa se avançar melhor. Se o método for a implementação pontual das Regiões Autónomas, avance-se o mais depressa possível, pois poderia todo o processo vir a beneficiar, melhorando os procedimentos de implantação da 2ª.. Região Autónoma depois da 1ª., da 3ª. depois de implementada a 2ª. e assim sucessivamente até à 7ª. Região Autónoma, no território continental.
As Regiões Autónomas insulares poderiam também beneficiar de todo este processo gradativo e simpático de implementação da regionalização, bem justificativo de comemorações festivas em cada uma delas.

Assim seja, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)