Portofobia

por, Vítor Pereira

"Ainda a Portofobia"

Tal como António Alves relata, também eu tenho vindo a assistir, dia após dia, a uma clara discriminação, por parte da comunicação social, de todo o país (principalmente o Norte e não só o Porto) em benefício da capital. Situações como as do "super pai" ou da "floribela", dos gato ou do "velho" Herman José, passam diariamente nos serviços informativos. Ora pela imagem, ora pelo alinhamento, ora pela intervenção do(a) pivot,... Um grande exemplo disso foi não só a pouca vontade de realizar um Prós e Contras no Porto (sobre regionalização, com Rui Moreira, Belmiro de Azevedo,...), como a má postura (para não falar em arrogância, desdém ou até má educação da apresentadora, Fátima Campos Ferreira, que por acaso é nascida e criada na Maia). Mesmo a pouca informação que era veiculada a partir do Norte foi parcialmente deslocada para Lisboa, com a partição das emissões da RTPN.

A acrescer a esta discriminação informativa e social, temos a desigualdade de tratamento político. Com aeroportos faraónicos para uns e portagens para outros. Com procura de investimento em determinadas regiões e o encerramento de algumas noutras, além dos obstáculos que se criam e a falta de apoios existente quando se tenta investir fora do "círculo central". Já não chegava tudo isto e ainda temos uma justiça, desportiva, parcial, com decisões preconcebidas e que utiliza a comunicação social como veículo informativo para as suas penas. Num processo nitidamente orquestrado, em que os maestros saem completamente impunes. É preciso vir "um louco de Lisboa" afirmar que não são só estes e que estes pagam pelo que todos fazem.

Por outro lado, e respondendo a Rui Valente, é pelo facto de sermos (no Norte) bons de bola (19 dos 32 clubes das ligas profissionais encontram-se entre Valença e Coimbra) e pelo facto de gostar de futebol que temo pela imagens que possa passar do Porto. Não é pelo facto de sermos os melhores, porque isso até um cego vê. É pelo combate de bastidores, tal cavalo de Tróia, que fazem ao nosso sucesso. Há dias li um comentário, num jornal inglês, à notícia da possibilidade do FCPorto perder 6 pontos por coação, no qual o autor ponha em questão o facto de o Man Utd ter sido eliminado devido a negligência do árbitro, uma vez que foi prejudicado numa decisão com influência no resultado (teve um golo anulado, o que permitira ao Man Utd continuar em prova). É desta imagem negra que falo, não a nível nacional. Pois a nível nacional já sabemos que somos os piores, os ladrões, corruptos, preguiçosos, …, mas no fim ganhamos as taças, mesmo construindo com os poucos tostões que nos dão.

No que ao futebol e política diz respeito, considero que os clubes (via presidentes) proferem afirmações políticas consoante a sua conveniência. Mas todo aquele que procure a política através do futebol é um completo desgraçado (como bom exemplo disso temos Gilberto Madaíl, que tentou passar para a política e não vingou, arrastando-se por isso anos a fio sem obra, sem reformas, sem melhoria da FPF).

É por gostar de futebol e sentir esta fobia ao Norte, que sei que em Guimarães no domingo foi uma noite histórica, com festa de pompa. Não que a TV tenha mostrado isso ao país, pois nessa altura era mais importante a despedida do imperador Rui Costa, do que festa pelos méritos desportivamente alcançados. Foi a união que levou o Vitória a esta festa e é a união que levará a que o Porto se mantenha como a Invicta e o Norte como o bastião de Portugal.

A "guerra Norte vs Sul" não foi criada por Pinto da Costa. Ele apenas vociferou. Curioso é que os nossos políticos pretendem implantar um país de uma cidade só, contudo e após ter passado por Lisboa, verifiquei que os produtos nacionais que os lisboetas têm para vender como nacionais são o Vinho do Porto. Ai tão bem que lhes saberia conseguir levar o estádio do Dragão e o FCPorto (e mais meia dúzia de equipas nortenhas) para Lisboa. Pelo menos ficariam com um campeão e um estádio bonito (dois ou três se também o Braga e o Vitória de Guimarães acompanhassem o FCPorto).

O futebol pode dar-nos exemplos para a vida. Organizado o FCPorto vence. Organizemo-nos para vencermos as adversidades e para levarmos a nossa cidade e a nossa região aonde elas merecem, independentemente das políticas centralistas vigentes.

Uma vez mais deixo o apelo: dia 24 de Maio (sábado), pelas 17h, na Avenida dos Aliados vamos unir-nos contra as portagens em volta do Porto.

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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Já aqui escrevi que os piores não são os de lá mas os que vão da província para lá e se abotelam aos delírios da cidade-capital (isto é, continuam provincianos).
Não gosto de colocar o futebol a par da política, uma vez que cada um deles tem o seu próprio lugar e a obrigação de o defender (no entanto, a inveja e mal querer em relação ao FCP tem sido uma constante, infelizmente).
Quanto aos segundos, não vale a pena dispender mais tempo. Relativamente aos primeiros, já há muito tempo que deixei de ver os "Prós-e-Contras", muitas vezes exemplo de tristes espectáculos de discussão e de vaidades. Depois, em termos funcionais, enerva-me ver jornalistas que se julgam detentores de toda a verdade opinativa e nem sequer deixam os intervenientes expôr as suas ideias.
Este comportamento interruptor do fluxo de exposição de ideias, para além de ser anti-informativo é uma manifestação de falta de educação primária.
Por isso, até é bom que tal programa nunca venha ao Porto e a jornalista que o coordena bem pode ficar pela cidade-capital eternamente, não fazendo falta nenhuma à região norte do País que será, futuramente, constituida pela Região Autónoma de Entre Douro e Minho e pela Região Autónoma de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Quanto às portagens, não percam tempo nem se consumam com questões menores, porque as de grande importância, como a regionalização para o desenvolvimento, parece não haver ninguém (em especial, os principais dirigentes partidários) interessado em tomar o projecto político da regionalização em mãos para o implementar rapidamente.
Este é, sem dúvida, o triste País que temos, tanto na forma como e por quem é dirigido como pela condescendência de quem se deixa dirigir e a que se ahbituou por temas políticos de D. Caprina.

Assim não fosse, mas também tem sido.

Sem mais nem menos

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Amigos Regionalistas:
Está na hora de discutir a Regionalização, não o Porto. Não vamos "portocentrizar" esta questão. Vejamos o que os impulsos regionalistas estão a conseguir para o nosso país: leiam esta notícia publicada no Diário XXI, mas amplamente difundida na comunicação social portuguesa de referência no último fim-de-semana, mas, estranhamente, preterida por este blog. Acredito que foi um esquecimento, embora lamentável. Está na hora de citar os desenvolvimentos no processo regionalista. Ainda bem que a Beira Interior foi escolhida para este projecto-piloto. Porque é a região que mais precisa de se autonomizar. Porque é uma região com pessoas competentes e com sentido de responsabilidade que certamente irão saber gerir os fundos que lhe são dados. É um sinal de união e de vivacidade da Beira Interior. E, para os que condenam a Beira Interior: não foi preciso nenhuma capital para este projecto ir avante, esta região é assim mesmo, com vários polos, sem capitais. E assim deve continuar a ser. Cada vez mais autónoma, mais Beira Interior.
Viva a Regionalização! Passo a citar o referido artigo:

"A Comunidade Urbana das Beiras (Comurbeiras) vai receber 60 milhões de euros do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), adiantou Carlos Pinto, presidente da Comunidade. Segundo o autarca, que preside à Câmara da Covilhã, o Governo já confirmou a atribuição da verba e este é o primeiro de outros pacotes financeiros que a Comunidade deverá receber durante a vigência do QREN.
Os 60 milhões de euros vão apoiar investimentos a seleccionar de entre 500 projectos no valor de mil milhões de euros, listados pelos 12 municípios da Comurbeiras no plano estratégico da Comunidade, apresentado em 2007. "Agora chegou a hora de definirmos os projectos que vão ser seleccionados para a versão definitiva do plano estratégico", refere Carlos Pinto.
"Já estamos a fazer esse trabalho com cada câmara", acrescenta, sendo que o documento final deverá estar em cima da mesa na próxima reunião da Junta da Comurbeiras (que reúne todos os municípios), dia 12 de Maio, no Sabugal.

DINHEIRO GRAÇAS À UNIÃO INTERMUNICIPAL
O autarca recusa-se a destacar qualquer obra. "São todas emblemáticas. O que importa constatar é o resultado global: que a Comurbeiras conseguiu captar um total de 60 milhões de euros de investimento", realça Carlos Pinto.
"A atribuição deste pacote financeiro é uma grande notícia. É o reconhecimento de que tínhamos razão quanto à necessidade da existência de uma estrutura intermunicipal", sublinha.
"Independentemente da autonomia de cada município, estamos a falar de um pacote financeiro que não viria para a região sem que fosse criada a comunidade", conclui Carlos Pinto, o autarca que mais se bateu pela constituição da Comurbeiras."

Diário XXI


Afonso Miguel (Anónimo-Beira Interior)
Anónimo disse…
A mesma notícia, mais completa, dada pela RTP, no seu sitío (http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=314668&visual=26&rss=0)

"Beira Interior: Comurbeiras vai gerir pacote financeiro para executar projectos no âmbito do QREN

Covilhã, Castelo Branco, 18 Dez (Lusa) - O Estado vai atribuir à Comunidade Urbana das Beiras (Comurbeiras) um pacote financeiro para executar projectos no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), anunciou o presidente da Junta da comunidade.

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Carlos Pinto (PSD), presidente da Câmara da Covilhã, falava na noite de segunda-feira no final de uma reunião de trabalho das autarquias da Comurbeiras com o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Rui Baleiras.

À saída do encontro, o governante escusou-se a prestar declarações, referindo tratar-se de uma reunião de trabalho à porta fechada.

No entanto, segundo referiu Carlos Pinto aos jornalistas, a negociação do valor e a assinatura do contrato financeiro para os seis anos de vigência do QREN deverá acontecer "durante o primeiro semestre de 2008".

"A reunião deixou-nos bastante satisfeitos", referiu. O governante "assegurou um princípio que para nós era fundamental: as autoridades nacionais vão fazer contratos com pacotes financeiros para as regiões que têm planos, como é o nosso caso".

O Plano Estratégico da Comurbeiras tem uma lista de mais de 500 investimentos ambicionados para a região e já discutidos por cada um dos municípios envolvidos, no valor de 996 milhões de euros.

Requalificar e promover o turismo da Serra da Estrela, interligando-o com Foz Côa, Douro e a rede de Aldeias Históricas, é um exemplo, a par da criação de um pólo de competitividade agro-industrial, plataformas logísticas, um aeroporto da Beira Interior e diversas acessibilidades.

No entanto, para Carlos Pinto, "só interessa falar desses projecto quando estiverem aprovados com a respectiva cobertura financeira", realça, sem adiantar o valor que gostaria de ver contratado com o Governo.

Partindo dos 996 milhões ambicionados, "tudo o que vier é bom" e "vai reforçar os municípios desta área que, de outra forma, não tinham possibilidade de se candidatar, sobretudo a projectos de dimensão significativa".

Dos mais de 500 projectos do Plano vão ser seleccionados os que vão passar à versão final nos próximos meses. "A negociação vai ser feita com as equipas da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro", acrescentou.

Entretanto, a Comurbeiras vai formar também uma equipa que vai liderar as novas funções da comunidade enquanto entidade gestora de verbas do QREN.

"Há cerca de 1,2 mil milhões de euros para a Região Centro. Espera-se que haja 11 planos, embora o nosso seja o mais avançado: temos o plano terminado e bastante discutido", realçou Carlos Pinto.

A Comunidade Urbanas das Beiras é constituída pelos nove municípios da NUT Beira Interior Norte: Almeida, Sabugal, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo, Trancoso, Meda, Celorico da Beira, Manteigas e Guarda.

Fazem também parte dois dos três municípios da NUT Cova da Beira: Covilhã e Belmonte. O terceiro, o concelho do Fundão, associou-se também à elaboração do Plano Estratégico, mas ainda não formalizou a adesão à Comurbeiras.

"Vai ter de aderir", referiu Carlos Pinto, tendo em conta que os municípios só se podem agrupar dentro das respectivas NUT III: "Essa foi uma regra que ficou clara nesta reunião.".

Por outro lado, Penamacor participou na elaboração do Plano, mas como faz parte de outra NUT III, não poderá continuar na Comurbeiras. "Vai ter que procurar a Beira Interior Sul", a que pertence, concluiu Carlos Pinto."

LFO.

Afonso Miguel, Beira Interior
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Pelos exemplos dados pelos "post" anteriores a este, já se está a imaginar a confusão na gestão dos fundos comunitários afectos ao QREN e a outros Programas.
Agora, dirijo-me ao caro regionalistas Afonso Miguel, para o esclarecer que a minha intervenção anterior não foi nem nuca será para centrar as questões no Porto.
Se tem lido bem as minhas intervenções anteriores, desde Dezembro do ano passado, nunca centrei a problemática da regionalização nem a favor do Porto nem d eoutra cidade qualquer. Agora, o que me tenho do insurgir objectivamente é sempre com as "belelas", as "pedinchices" e a política da trivialidades, razão pela qual tire essa "impressão" da sua cabeça.
Com efeito, não se entusiasme tanto com o "cacau" que atribuiram ou vão atribuir à "COMURBEIRAS", pois gostaria antes de saber que tipo de políticas regionais vai realizar no terreno, a sua lógica na unidade política dos desígnios nacionais a prosseguir e os investimentos desenvolvimentistas que vai financiar.
Sem este eencadeamento de políticas, no quadro da subsidiariedade nacional, até nem me parece que mereça qualquer referência especial neste ou naquele "blogue", pois resulta das habituais acções localizadas de pedinchice junto do poder central, destine-se para a Beira, Trás-os-Montes, Alentejo ou o que for.
Sem essa integração de políticas é como andar a tratar de obter do Governo o estabelecimento de uma parceria público-privada para a gestão do Aeroporto de Pedras Rubras, no Porto.
Por último, se o problema fosse o dinheiro, deveriamos estar hoje com um grau de desenvolvimento muito superior e mais equilibrado do que temos actualmente, para não sofrermos a vergonha de virmos a ser sempre ultrapassados pelos últimos entrantes na União Europeia.
Se este exemplo, no domínio das intenções em relação à "COMURBEIRAS" for considerado um bom exemplo de reforço da regionalização (não é, vai ter exactamente resultados contrários: as pessoas satisfazem-se facilmente com dinheiro e menos com boas políticas), não valeu o seu esforço de proclamação de "REGIONALIZAÇÃO JÁ", com Regiões Autónomas, etc., etc., etc.
Razão tinham os romanos: "povo que não se governa nem se deixa governar" (aqui governo no sentido literal da palavra, sem segundas conotações).

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Fatima Campos Ferreira.....¿De Valença do Minho?