Sondagem da Universidade do Algarve

Portugueses são maioritariamente favoráveis à regionalização



Sondagem da Universidade do Algarve, realizada com base nas cinco regiões-plano, mostra que os portugueses apostam na descentralização.administrativa

A proporção de portugueses que manifestam concordância com o processo de regionalização na base das cinco regiões-plano situa-se entre os 53 e os 62 por cento, com uma margem de erro máxima de 4,2 por cento.

Quem o diz é a Universidade do Algarve, depois de uma sondagem efectuada pelo núcleo de Métodos Quantitativos da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da UAlg, no âmbito da disciplina de estatística, divulgado em conferência de imprensa na passada sexta-feira, no Campus de Portimão.

O trabalho teve como objectivo avaliar a opinião dos portugueses, relativamente a uma nova configuração do mapa regional, e contribuir, ao mesmo tempo, para que a opinião pública abra o debate sobre a regionalização de uma forma mais abrangente.

O inquérito, efectuado no decorrer do mês de Maio, permite afirmar que os portugueses conhecem a divisão do país em cinco regiões-plano – Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve – sendo possível concluir, também, que a percentagem de portugueses conhecedora deste mapa regional se situa entre os 69 e os 77 por cento.

É possível retirar do inquérito por amostragem realizado que a maioria dos portugueses concorda com o processo de regionalização administrativa, e que o mesmo deve ser implementado com base nessas regiões.

O processo de descentralização administrativa, geralmente designado por regionalização, está previsto na Constituição da República, mas, por força da lei, só poderá ser implementado depois de um referendo e só se houver uma maioria de votantes que a aprovem.

Em 1998, já lá vão 10 anos, foi feito um primeiro referendo, com base em oito regiões-plano, e que não mereceu a concordância dos portugueses. Neste momento, há a promessa do Partido Socialista de que, na próxima legislatura, se realizará o referendo. Temos de reconhecer, no entanto, que não existe, por parte das forças políticas, uma apetência para dinamizar este tema, cuja discussão pública não é aprofundada.

Descentralizar poderes é coisa de que poucos Governo querem abrir mão. A sondagem da Universidade do Algarve abre uma janela para que o tema seja debatido e tenha novos desenvolvimentos políticos.

Da ficha técnica da sondagem salientam-se os seguintes dados – foram seleccionados aleatoriamente 1707 números de telefone a partir da lista telefónica electrónica, que foi utilizada como base de sondagem. Destes foram inquiridas 1088 pessoas.

Em cada residência seleccionada foi entrevistado o elemento que atendeu o telefone. A distribuição amostral resultante foi a seguinte: sexo feminino 53,7 por cento e masculino 46,3 por cento. Relativamente à idade: dos 18 aos 25 anos, 14,5 por cento; dos 26 aos 35, 19,6 por cento; dos 36 aos 45, 20,2 por cento; dos 46 aos 59, 21,5 por cento; e mais de 60, 24,2 por cento, o que correspondeu a 32 por cento das pessoas residentes na região Norte, 25 por cento na região Centro, 30 por cento na região de Lisboa, 8 por cento no Alentejo e 5 por cento no Algarve.

Relativamente à questão sobre a concordância com o processo de regionalização, a taxa de pessoas que não quiseram ou não souberam responder atingiu os 67 por cento.

A equipa responsável foi constituída pelos docentes Paulo Batista Basílio, Victor Teixeira e Margarida Viegas e pelos alunos do 2º ano da licenciatura em Gestão.

27 de Junho de 2008
helder nunes

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Comentários

Anónimo disse…
Não é novidade nenhuma que os portugueses concordam com a Regionalização por princípio, e esta sondagem só o vem confirmar.
Quanto à questão de os portugueses concordarem com esta divisão que nos está a ser imposta a toda a força como se fosse a única opção, o que é completamente falso, já é outra história. Primeiro, porque quase de certeza ninguém apresentou nesta sondagem a hipótese das 7 Regiões Autónomas.
Em segundo lugar, gostaria de saber quais foram os resultados em regiões como Trás-os-Montes e a Beira Interior, que, como se sabe, estão a favor das 7 regiões, para não ficarem mais uma vez penduradas ao litoral.

Afonso Miguel, Beira Interior
Bruno Ribeiro disse…
A respeito destes dados gostaria de colocar uma dúvida:

No início do texto é afirmado que a margem de concordância com o processo de regionalização se situa entre os 53 e os 62%. Mas à frente afirma-se que 67% dos inquiridas optaram por não responder à questão relativa à concordância ou não com o processo de regionalização.

Tratam-se de duas questões distintas, ou uma só questão? É que neste último caso, temos apenas 33% dos inquiridos a responder o que perfaz cerca de 360 sujeitos, o que resulta num erro de 5,16. Mas mais do que isso, temos claramente um indício de que grande parte dos portugueses não tem uma posição forte acerca do tema. E estes valores de não resposta tornam a questão irrelevante do ponto de vista estatístico.
Anónimo disse…
Foi ontem surpreendido por ter sido publicado parcialmente neste blog o meu post sobre a TAP e a ANA.
Quanto aos comentários que aqui suscitou, concordo com o de Afonso Miguel pois retrata, de forma clara a verdadeira realidade que se vive no Norte de Portugal que, para mim, não é o destas regiões plano.
Quanto aos de um senhor designado templário, que descobri ter o blog Camaradita, discordo do tipo de linguagem e juízos de valor
médicos que ousou proferir a meu respeito. Tem o direito de ter a sua opinião sobre a regionalização, mas não o de apoucar e insultar os que pensam de maneira diferente. Nós compreendemos que quem vive em Lisboa e arredores (Sintra no seu caso) habituado às benesses dos governos que temos tido e que se dizem nacionais mas são-no apenas dessa zona e pouco mais, não consiga entender os problemas e as dificuldades de quem aí não vive. Por isso são cada vez mais os portugueses que querem acabar com o centralismo lisboeta e as suas queridas empresas públicas como a TAP e a ANA que, reafirmo, têm, até agora, impedido e prejudicado os portugueses do Norte. Nas suas outras afirmações há muitas meias verdades e algumas falsidades. Coneça melhor o que se passa em Lisboa e o pensamento de uma parte dos habitantes dessa zona e já não dirá que gostam do Porto e do Norte, pois já vivi dois anos em Lisboa e passei vários outros anos cerca de cinco semanas/ano lá e conheço demasiado bem a realidade que aí se vive. Lá, como noutra zona qualquer, há boas pessoas, patriotas e simpáticas,mas há muitos que tratam mal as pessoas do Norte, gozando com a nossa falta de metro até há pouco, com o sotaque como se eles também o não tivessem ...
Defender opiniões é uma coisa, insultar os que pensam de maneira diferente é um exemplo de uma forma de pensar totalitária.
Para acabar: o "vosso amigo" Rui Rio, finalmente, abriu os olhos e mudou de opinião. Mais vale tarde do que nunca.
Cumprimentos
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Estudo da Universidade do Algarve é importante para aferir, dentro do universo dos respondentes, uma elevada percentagem favorável à regionalização. Não qualquer tipo de regionalização, mas a regionalização administrativa, desconhecendo-se se no inquério efectuado foi colocada outra alternativa d regionalização, como a autonómica, por exemplo. Presumo que não e é pena que não o tivessem feito.
É notória a elevada percentagem dos intervenientes contactados (=respondentes + não respondentes por não quererem ou não saberem) que não tomaram posição sobre o tema da regionalização: 67%, o que permite inferir uma ainda muito elevada percentagem de desinteresse ou falta de entusiasmo por tão importante tema político e emancipador das regiões e das populações que as povoam.
Esta situação justifica uma estratégia nacional de esclarecimento do que está verdadeiramente em causa com a regionalização:
(1) Autonómica
(2) Administrativa
ou com uma simples descentralização ou desconcentração de serviços públicos.
É caso para dizer, tanta confusão para acções tão simples e que toda a gente devia compreender.
Por último, relativamente ao Dr. Rui Rio: então já estão convencidos que o Presidente da CMP se converteu à regionalização, mesmo na sua componente retrogradamente administrativa, só por ter tido a iniciativa de convocar os "suspeitos do costume" para realizar umas "conversas da família" ao serão estival?

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Caros amigos.

Estamos a falar de um assunto que está consagrado na Constituição da República Portuguesa desde 1975.

Quando a classe politica lhes interessa aprovar uma reforma, um tratado (tratado de lisboa) basta a aprovação da Assembleia da Republica, o povo não é chamado para nada.

Mas o exemplo da regionalização que como disse está na C.R.P. andam a brincar com referendos.

E duvido que com a actual classe politica queiram sequer fazer um referendo !

Abraço

Renato Oliveira
Anónimo disse…
Pois. 67% n�o quiseram ou n�o souberam. Logo n�o participaram. Portanto estamos a falar de cerca de metade de 33%. N�o adianta.
� preciso parar e pensar. A regionaliza�o � necess�ria? Sim. Aumentar os sal�rios e as pens�es de reforma? Sim. E temos dinheiro para o fazer? N�O!!! Ent�o...