MINISTÉRIO DO AMBIENTE E DAS REGIÕES


O Público revela hoje que o presidente da região italiana de Abruzzo foi detido por corrupção, "juntamente com vários conselheiros regionais". Segundo o jornal, Ottaviano del Turco (talvez o nome imperial já esclareça alguma coisa), "que ocupou a pasta das Finanças num anterior governo, em 2000 e 2001, é acusado de estar envolvido numa fraude de 12,8 milhões de euros e terá ficado com cerca de seis milhões". Mais coisa menos coisa ficou com metade do que terá desviado.

Quem tiver lido "La Casta" (Sergio Rizzo e Gian Antonio Stella), obra que inexplicavelmente continua à espera de alguém que a traduza e edite em Portugal (será que Pais do Amaral não quer pôr a Leya a prestar esse serviço público?), não se admirará desta notícia. Del Turco, de 63 anos, que integra o Partido Democrático de Walter Veltroni, é acusado de associação criminosa, estando em causa, para além deste crime e do de corrupção, crimes como fraude e branqueamento de capitais.

Quem conhece Itália e acompanha o fenómeno regional não pode ficar indiferente a mais este escândalo.

Por isso mesmo, antes que entre nós as pulsões regionais conduzam de um momento para o outro a uma regionalização apressada e feita à luz do caciquismo e do clientelismo vigentes, seria bom que se começasse a pensar já na criação de um super ministério do Ambiente e das Regiões, em vez do eufemismo actual do "Desenvolvimento Regional".

Com funções de centralização e coordenação das questões ambientais (e de limpeza) e que as articulasse com a actividade das autarquias e das CCDR, tendo em vista a futura criação das regiões.

Ao actual Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional deve ser pedido mais, e muito melhor, do que tem feito. Não está em causa a apagada pessoa do ministro, mas a criação das regiões implica reflexão, tempo e preparação para que o exemplo italiano não se repita e os Projectos PIN não proliferem como cogumelos.

Para tal, nada melhor do que começar a fazer as coisas com cabeça, tronco e membros, dando desde já dignidade às futuras regiões através da sua inclusão no ministério do Ambiente.

Seria bom que José Sócrates, ou quem lhe suceder, olhasse para isto com outra perspectiva. E empenho, não deixando obviamente de ler jornais.

Sérgio de Almeida Correia
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

As questões políticas decorrentes dos fenómenos da corrupção podem estar presentes tanto nos métodos centralizados como regionalizados de exercício do poder político.
A questão é saber com quem se "conta" para o exercício desse poder. A experiência assinala e aconselha que é salutar mudar para protagonistas políticos de melhor qualidade e de comprovada capacidade técnica e política.
O resto é com o sistema de justiça que deve ter, a todo o momento, a capacidade de intervir eficaz e rapidamente, sem arrogância e nem queixumes ou azedumes.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)