A Regionalização como instrumento contra a pobreza!

Debate: Rede anti-pobreza revelou estudo

O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal (REAPN), padre Jardim Moreira, defendeu a criação de um observatório para análise da região do Tâmega e Sousa, por entender ser esta a zona portuguesa mais problemática em termos de pobreza e exclusão social.

A REAPN está a desenvolver um projecto intitulado “O Impacto do (Des)emprego na Pobreza e Exclusão Social no Porto-Tâmega – Pistas de Acção Estratégicas”, com vista a traçar um perfil da região que abrange oito concelhos do Vale do Sousa e Tâmega.

Mercado de trabalho

“A região entrou quase em colapso, é a zona mais problemática do país e uma das mais problemáticas da Europa”, garantiu Agostinho Jardim Moreira na apresentação do estudo “Nas margens do Tâmega - mercado de trabalho, pobreza e exclusão - interacções e intervenções”, promovido pela REAPN.

O estudo revela que a região do Tâmega tem mais de 20 mil desempregados, sendo os concelhos mais afectados Amarante, Baião e Marco de Canaveses, com as mulheres a representar 70 por cento dos inscritos nos centros de emprego. Os concelhos estudados foram Amarante, Baião, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel, que aparecem como tendo níveis de qualificação e escolarização muito baixos.

Necessidades e soluções

Para o presidente da REAPN a criação de um observatório servirá para tratar de analisar os reais problemas da região e perceber a eficácia das medidas que sejam aplicadas. Adiantou ainda ser determinante apostar mais na qualificação da população e na instalação de mais empresas na região. “É fundamental ter empresas e mais qualificação”, garantindo que “a subsídio-dependência não é solução”.

O sacerdote é favorável à regionalização, uma vez que “o espírito de centralização deste governo esvazia os poderes locais”, o que impossibilita a criação de mais respostas a nível local. “Para fazer face à pobreza e à exclusão social é preciso criar equipas multidisciplinares na área da psicologia, sociologia e eventualmente do direito”, avançou Jardim Moreira.
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

As consequência de uma dada política, em termos de índice de probreza, poderão caracterizar-se por medidas ou acções dirigidas a:
(1) Subvalorização dos recursos próprios internos (humanos, produtivos - materiais, culturais, turisticos, histórico-patrimoniais, ambientais, energéticos, etc.), de acordo com a sua diversidade e riqueza regional.
(2) Orientação das políticas económicas (se é que existem) para o reforço contínuo do poder competitivo de empresas ou grupos de empresas de grande dimensão, em monopólio, duopólio ou oligopólio.
(3) Falta de orientação da política económica para o reforço da competitividade das pequenas e médias empresas de todos os sectores de actividade económica, respeitadas as diferenças entre as diversas (7) regiões do nosso País.
(4) Subavaliação da potencialidade dos recursos humanos quando devidamente enquadrados em termos de organização e gestão pelos dirigentes respectivos.
(5) Inexistência de uma política dirigida especificamente à actualização e de modernização dos recursos humanos afectos às pequenas e médias empresas, nas diferentes regiões do País.
Sem estas orientações políticas nunca se poderá assegurar o desenvolvimento, por as actuais serem típicas de uma governação centralizada e centralizadora sem preocupações de equilíbrio social, económico e regional.
Por isso, se as políticas implementadas não têm conta a valorização dos recursos que possuimos (não venham com a treta que somos um País pobre de recursos porque o que estamos habituados a fazer é a viver com a riqueza produzida e emprestada pelos outros e não a valorizar os recursos que ainda temos nem a evitar o desperdício de verbas em soluções de curto prazo) o resultado só poderá ser o aparecimento e a intensificação da pobreza, por sermos muito sensíveis e vulneráveis ao aparecimento de crises internacionais que não podemos controlar.
Ao mudarem de políticas, com a valorização prioritária dos nossos próprios recursos, a começar pelos recursos humanos (as populações das diferentes regiões do País, uma maior e eficaz atenção às PME de todos os sectores de actividade económica e uma maior disciplina na gestão do Orçamento Geral do Estado, os resultados poderão ser qualitativamente diferentes, não no curto mas no médio e longo prazo.
No entanto, revelar-se-ão insuficientes se não forem enquadrados pela implementação rápida e sem hesitações (em política, a hesitação é própria dos fracos e/ou dos incompetentes) de uma política de regionalização, onde sobressai destacada pela sua importância no desenvolvimento, a modalidade da Regiões Autónomas, as quais estão consagradas na Constituição da República Portuguesa para os Arquipélagos dos Açores e da Madeira, cujo funcionamento deverá ser aperfeiçoado a partir da experiência positiva já demonstrada.
Ou os dirigentes políticos estão à espera que os fenómenos sociais se agravem dramaticamente para depois a implementarem à força e sem qualquer discernimento nem objectivos nem eficácia política, como que a "sacudir a água do seu capote"?
Parece que é isso que querem que se faça!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Apesar de tudo, os dignitários da Igreja Portuguesa bem clamam, mas ninguém lhes dá ouvidos; os políticos parecem até que têm complexos de um relacionamento mais estreito com a Igreja na parte relativa aos fenómenos e gravidade dos problemas sociais actuais e de todos os tempos, pelo seu carácter cíclico.