"Eixo Atlântico" e TGV

Anónimo 7RA


Em termos políticos, a organização do "Eixo Atlântico" em nada difere das NUT'S, AM's e CU's, apesar de contemplar a associação de municípios de 2 ou mais Países, quanto aos seus efeitos junto das populações.

A concretização de projectos com a dimensão e importância do TGV pouco representarão para o desenvolvimento geral das populações que tenciona abranger, apesar de dar um contributo importante a favor de alternativas modernas e eficazes de transporte de mercadorias e de (alguns) passageiros a longa distância.

Costumo escrever que, em primeiro lugar, é necessário fazer o "trabalho de casa", isto é implementar a regionalização autonómica e aumentar a utilização da capacidade de transporte ferroviário instalada. E, se possível, até intensificá-la com a recuperação de algumas linhas para aproveitamento turístico e histórico (por exemplo, não se compreende a razão porque não se estabelecem protocolos de colaboração com a Região de Castela e Leão, para abrir ao serviço de transporte ferroviário a Linha do Douro entre o Porto-Régua-Salamanca) e a intensificação da utilização de outras linhas com oferta de uma diversidade de serviços de transporte ferroviários, com todas a funcionar em rede e a constituirem também alternativas ao transporte rodoviário e a abranger uma elevada percentagem das populações de regiões diversificadas.

Uma proposta com estas características reconhece-se ser muito controversa (de alguns, já sei o que aí vem), dado que muitas infraestruturas ferroviárias regionais/locais foram desactivadas e reconvertidas em pistas com finalidades diversas, depois de há muito tempo tornados públicos os argumentos baseados em "redução ou falta de procura dos serviços de transporte ferroviário", com as então modestas ofertas da qualidade de transporte bem presentes na memória das populações.
Até nas confusões aqui referidas, o TGV é um projecto no mínimo controverso que, sujeito a prioridades e exigências de políticas regionais enquadradas numa estratégia nacional de transporte ferroviário, muito dificilmente geraria unanimidades imprescindíveis ao desenvolvimento.

Neste domínio, cada vez mais se reconhece a necessidade de implementar a regionalização autonómica, o mais rapidamente possível, com protagonistas políticos de nova geração e que possam constituir um REFERENCIAL POLÍTICO E MOBILIZADOR.
.

Comentários

templario disse…
Caro pró-7RA,

Não tenho opinião fundamentada sobre o TGV e outras grandes obras. Não me custa estar de acordo com a sua perspectiva. Confio, nestes casos, nos responsáveis e nos técnicos. Confio que, através de muitos estudos, tomarão as decisões que lhes parecem correctas.

Não compreende é porque relaciona tudo com a necessidade das regiões autónomas ou mesmo regionalização.

Lembro-lhe que a regionalização desta parte ocidental da península se fez, com muitos custos, do Séc. VII a.c. ao Séc. XIV nossa Era (para nós até 1385). e na restante península até ao séc. XV. Não tem sentido falar nem de regionalização nem de autonomias para a antiga Hispania Ulterior Lusitana. A História fez o que fez e já lá vão centenas de anos.

Mexer e remexer neste assunto é, objectivamente, criar condições para separatismos. Disso não tenho dúvidas e não escasseiam afirmações nesse sentido.

Fernando Gomes em Maio de 1968 disse: ",Se esta reforma não avnça, estão criadas condições para o aparecimento de partidos regionais. Mais: o próprio separatismo poderá emergir no continente. Não custa nada fazer um partido" Isto são ameaças.

Colocar assim as coisas é tentar o absurdo de recuperar os tempos dos galaicos, lusitanos, célticos, cónios e turdetanos e galaico-astúricos, etc.etc.. Tudo foi resolvido. É recuperar as montanhas e os rios com fronteiras, é, enfim, uma patetice.

Não é esse o problema de Portugal.
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
Caros Templário, em especial,

A ligação dos projectos de investimento à regionalização tem a ver com uma exigência muito simples: a necessidade de definição das políticas a seguir, nos diferentes domínios da sociedade portuguesa.
Se existir uma política regional de investimentos, todos eles ficam submetidos a uma lógica de desenvolvimento regional, diferenciada de região para região mas integrada no todo e numa lógica de complementaridade a nível nacional (e não pode ser outra a sua lógica, pois a regionalização autonómica não pode ter outro objectivo político, dentro dos altos desígnios nacionais a prosseguir).
Relativamente ao problema dos "separatismos", pode verificar que já lá vão mais de 20 anos sobre as declarações do Dr. Fernando Gomes (autarca) perfeitamente adormecidas na mente do Dr. Fernando Gomes (administrador da Galp), nunca tendo representado aquelas declarações qualquer ameaça à unidade e coesão políticas nacionais; tal perigo é, portanto, mais aparente que real, só existe na cabeça de algumas pessoas como os fantasmas na cabeça de outras.
Por fim, permita-lhe que lhe relembre que a "regionalização autonómica representa um regresso às origens como condição de desenvolvimento", como repetidamente tenho escrito e reescrito, com grande convicção política (NÃO É PARTIDÁRIA, como muitos pretendem que seja) e activismo interventivo, convencido ainda que o verdadeiro separatismo tem a sua principal origem na nossa incapacidade de gerar condições de desenvolvimento equilibrado e sustentado.
Esta incapacidade implica acções supletivas com origem no exterior, razão pela qual o separatismo costuma arrastar ANTES um núcleo de gente caracterizadamente traidora e hipócrita (conhecem-se bem, nunca estão de acordo com nada), como aconteceu no nosso passado histórico, a funcionar como o sustentáculo interno de tais acções separatistas originadas no estrangeiro. Lamentavelmente sempre assim foi e não existem razões históricas ou egoístas (esperem para ver quando "isto deixar de dar") para não continuar a ser.
Como vê, sempre tudo "A BEM DA NAÇÃO".

Como gostaria que assim não fosse, mas vai ser, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)