"Minudências em Lisboa"



Regionalização…?

Um leitor barrosão (o Barroso está-me na alma pois por lá vivi, e bem, a minha adolescência) escreveu-me uma interessante carta à qual respondi de pronto. Todavia – perdoe-me caro José Augusto – uma das questões que me pôs merece, em minha opinião, espaço nesta coluna. Eis a questão:
- O que é que a Regionalização do país pode trazer de bom a um lavrador trasmontano, produtor de batata, algures perdido nos lameiros do Barroso?

Pensei no assunto por uns dois dias. Reflecti. Pastei os olhos, os meus olhos, a esmo, pelas prateleiras da minha desarrumada biblioteca, e, depois de folhear um livro sobre Regionalização da autoria do Professor Valente de Oliveira, dei de olhos com a lombada de um outro livro “Do Parlamento, o Meu Testemunho”, escrito em 2005 pelo meu querido amigo e digníssimo Governador Civil do Distrito de Vila Real – Dr. António Martinho.

Fui petiscando nacos de prosa aqui, e mais além – já li o “Do Parlamento, o Meu Testemunho” umas quantas vezes e (pecador, nada arrependido, me confesso) já bifei extractos de textos do Dr. António Martinho outras tantas… adiante, sempre os mestres me alumiaram o caminho, lá encontrei a resposta que procurava. Ela aí vai, textualmente, conforme a reflectiu e defendeu, nos anos 90, o, então Deputado, Dr. António Martinho:

“Questões fundamentais em Trás-os-Montes – minudências em Lisboa"

Por mais de uma vez tive esta percepção. Há problemas que, ou não chegam ao Terreiro do Paço, ou, quando chegam, são consideradas minudências. Na verdade, aos especialistas das questões “macro” nada dizem. Pela pouca relevância económica, pois o seu contributo para a formação do Produto Interno Bruto é pouco significativo. Pela relativa importância social, pois dizem respeito a um número reduzido de cidadãos. Mas acontece que, nos locais, lá onde se vive o dia-a-dia, onde ainda se faz riqueza das rochas esse produzem alimentos da mãe-terra, numa parte importante do país real, essas questões são mesmo muito importantes para as pessoas.

Vem a propósito lembrar um problema que, de tempos a tempos, surge no Norte dos distritos de Vila Real e Bragança. Tem a ver com o escoamento da batata de consumo. Ele resulta de uma grave falha da nossa estrutura produtiva do sector primário. Nenhum governo ousou, ainda, avançar com firmeza na criação de estruturas de concentração de oferta, designadamente, no que respeita a alguns produtos. A batata é um exemplo. Por isso mesmo é que, ciclicamente, os produtores da nossa região, e os de outras também, se vêem a braços com problemas de escoamento.”

Penso que problemas como este – grandes demais para as Autarquias e pequenos demais para o Governo Central – podem vir a ser solucionados de um modo expedito por um Governo Regional. Para que Portugal não continue a ser um tombadoiro a tombar para Lisboa!

Comentários

Anónimo disse…
Aqui transcrevo o um coméntario escrito pelo Anónimo pró-7RA no blog a bussola no qual usa o nick "Salboerro"


"Caro Anónimo,

Seria melhor, em vez de escrever sob anonimato, dizer isso mesmo ao Senhor Pinto da Costa, assim directamente, cara a cara. Ou dizes.
Só tenho muita pena que o meu clube seja frequentado por miseráveis lingrinhas que nem sequer escrever sabem nem representar as ideias por escrito.
Agora, como não têm "tema" querem virar-se para mim, a propósito do "mais que superior"; que verdadeiros "cromos" se mostraram até agora, pensando até que era adepto do FCP. Cairam na esparrela como crianças. Lembrem-se que ainda aqui está sol quando na mouraria já é noite escura; dá para perceberem?
-Oh! meninos, tenham juízo nessa caixa dos pirolitos. Virem-se para outro ladoque daqui não têm mais resposta. Era o que faltava, perder tempo e dinheiro (nem sequer querem comprar os meus canudos por 100.000€; são uns verdadeiros pelintras, para além de lingrinhas; coitadinhos).
Com os meus salburros cumprimentos aos lingro-pelintro-burros.
Salboerro (será?)"

Por aqui se podem ver os intuitos desse individuo.
Alusões ao sul do país como sendo a "mouraria" demonstram a sua xenofobia.
Façam o vosso juízo a respeito deste senhor, que é representativo dos demais que tanto apregoam a regionalização.
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Nunca é demais a firmar a necessidade de justificar a implementação da regionalização, de preferência autonómica, com a necessidade imperiosa de valorizar a utilização dos nossos recursos próprios, sejam eles de que natureza for.
Hoje mais que nunca, numa preocupação de futuro, é necessário eliminar recursos excedentários, recursos parasitas ou que se manifestem incapacitados, em termos organizativos, de dar resposta às exigências às exigências de desenvolvimento das populações.
O autor do artigo objecto de comentário, como é conhecedor da realidade transmontana, ao contrário de outros que se manifestam sem conhecimento de causa, para se mostrarem à sociedade pelas piores razões ou, ainda, para desviarem as atenções da sua própria incapacidade de propor soluções, deverá ter em atenção que estruturas organizativas já existem mas que têm de ser aperfeiçoadas (há dias estive numa das mais retomas vilas transmontanas, a convite expresso dos seus naturais, e confirmei isso mesmo, em que as dificuldades de melhor desempenho estão também muito relacionadas com a protecção indevida de interesses muito individualizados), por exemplo através das cooperativas agrícolas (sem necessidade de especificar as respectivas especializações).
Provavelmente, com melhor organização e melhor e mais profissionalizada gestão, poderemos criar condições para que não só a batata, mas todos os produtos agrícolas, tenham nessas organizações a solução para compatibilizar a oferta com a procura e dinamizar os níveis de qualidade desses produtos, como acontece actualmente com os excelentes vinhos de qualidade superior e mundial, nas diferentes regiões de Portugal.

Assim seja, amen.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Caro António Felizes,

Gostaria de apresentar uma sugestão relacionada com a pertinência de transcrever para o "blogue" textos ligados a intervenções em órgãos de comunicação social da Beira Interior (Guarda, Viseu, Covilhã e Castelo Branco) e do Alentejo (Évora e Beja), bem à semelhança excelentemente aproveitada do que está a acontecer com Trás-os-Montes.
Estou convencido que esta sugestão se justifica pelo facto de não existirem "correspondentes" do "blogue" naquelas regiões e ser uma forma de se começar a conhecer também os problemas específicos de cada uma delas (o que obrigaria ainda a que os "correspondentes" de cada região se dispusessem a transcrever mais textos com conteúdo e utilidade regional).
A não ser assim, continuarão as acusações que o "Porto pretende chamar a si tudo", o que é manifestamente falso se tivermos em conta as intervenções realizadas neste blogue.
Alguns poderão discordar mas não têm o direito de de imputar intenções obscuras que não passam pela cabeça de ninguém (a não ser numa mente perturbada pelo quer que seja - os tempos estão muito difíceis e, a curto prazo; vão piorar muito) nem de começar a insultar.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
templario disse…
Fui hoje a uma grande superfície comercial (de um Grupo bem conhecido pela sua grandeza, sedeado no Norte) e comprei fruta e batatas.

Bem que procurei por fruta nacional!... Era do Chile, Argentina, África do Sul, Brasil, Equador, Espanha, etc., etc..

Batata, só franceza. A hortaliça, obviamente, portuguesa, aqui de Sintra (é muito perecível e volumosa de mais para pagar o transporte do estrangeiro). Os seus donos são também regionalistas, querem menos Estado, mais liberalismo económico, pelo que meia dúzia de Terreiros do Paço vêem mesmo a calhar. Como seria fácil negociar tantas coisas, tantas iniciativas empresariais! Para as suas actividades não é necessário o "Plano Tecnológico", nem convinha. Os ordenaditos que pagam até são demasiados.

Não sei se este facto real pode ajudar o autor do Post a aprofundar as suas reflexões sobre a regionalização.

Se precisar de mais exemplos...
Caro Templario,

Noto que a sua argumentação contra a regionalização passou, daquela sua ideia peregrina da quebra da unidade nacional, para a proliferação de terreiros do paço. É já um progresso!

Seja como for, nós os regionalistas, teremos que impor um modelo para a regionalização que consagre uma efectiva diminuição de efectivos e uma dispersão dos diferentes serviços da administração regional pelos vários polos urbanos da região.

Cumprimentos,

Nota:
Não conheço nenhum grande empresário português que seja favorável à regionalização. E percebe-se porquê. É muito mais fácil fazer lobby e influenciar um terreiro do paço que ter que o fazer em 6.
Caro Anónimo 7RA

Seria, sem dúvida, uma mais valia conseguir-se compilar mais opiniões oriundas de outras partes do território e, especialmente, das regiões menos litoralizadas.

Se o meu amigo estiver interessado em colaborar comigo nesse projecto, envie-me o seu mail para

regioes@gmail.com

no sentido de poder convida-lo, formalmente, a colaborar no blog.

Cumprimentos,
Anónimo disse…
Caro António Felizes,

Sinto-me honrado com o convite que me endereçou.
Entrarei em contacto consigo, durante a próxima semana, através do e-mail que indicou.
Os meus cumprimentos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Caros Srs.
Por acaso o anónimo pro-7RA é do interior?
Irá esse senhor exprimir as vontades do povo do interior, esses sim prejudicados pela aplicação desmesurada de dinheiro em Lisboa e no Porto?

"Seria, sem dúvida, uma mais valia conseguir-se compilar mais opiniões oriundas de outras partes do território e, especialmente, das regiões menos litoralizadas."
Felizes
Portugal o que precisa não é divisão, mas sim dar voz ao povo do interior que a não tem, mas NUNCA aceitará que seja um pseudo-intelectual do Porto ou de outro local qualquer a falar por ele(povo do interior).
Isso só se compreende num Blog decadente, condenado ao fracasso, promovido por divisionistas.
Cumprimentos
Manuel Cunha
Anónimo disse…
Caro Senhor Manuel Cunha,

Agradeço a sua intervenção, mas duvido que tenha lido as intervenções que tenho tido o cuidado de inscrever neste blogue, nomeadamente a sugestão que apresentei ao seu coordenador.
Pode ficar descansado que a sugstão apresentada não se destina a "tapar-lhe a boca" e muito menos a "cortar-lhe a respiração".
A SUGESTÃO APRESENTADA É PRECISAMENTE PARA, SEM ENGANOS, SEM SUBTERFÚGIOS NEM TERCEIRAS (MÁS) INTENÇÕES, DAR VOZ PLENA A QUEM É DO INTERIOR COMO TAMBÉM A QUEM É DO LITORAL.
Se não compreendeu o que se sugeriu, devo confessar-lhe que não está a dar um bom contributo político, seja para um poder centralizado como para um poder descentralizado e regional (de preferência autónomo).
Da minha parte, não pretendo exprimir nem servir de alcoviteiro às populações de onde quer que seja; já me basta defender as teses que suportam a necessidade de uma regionalização autonómica porque a administrativa nem sequer deu o que tinha a dar (já lá vão 32 anos), não para defender os interesses deste ou daquele cacique ou interesseiro local (regional), mas para defender os interesses gerais das populações de cada Região.
E é tanto assim que sei que não tenho NEM QUERO TER NENHUMA PROCURAÇÃO POLÍTICA PASSADA POR QUEM QUER QUE SEJA. ERA O QUE FALTAVA ARMAR-ME EM POLÍTICO. POR ESTE LADO PODE FICAR DESCANSADO QUE NINGUÉM LHE VAI TIRAR O LUGAR NEM O PROTAGONISMO.
Mas também, por tudo o que foi escrito, não tem necessidade de começar a insultar ao de leve as pessoas que não conhece porque, da minha parte, nunca teria o atrevimento nem a má educação de classificar as suas posições como estúpidas e ofensivas para quem se destinam.
A sugestão apresentada é para dar o protagonismo às populações de cada região, através dos respectivos órgãos de comunicação social, mas como impera a passividade, o conformismo, o deixa andar, o subsidiozinho, o compadrio, a amigalhice, etc., etc, aqui d'el-Rei, toquem os sinos a rebate que alguém do litoral (melhor conhecedor dos interiores que o senhor, dando de barato que não sei a que região do interior pertence) anda ou quer propalar qualquer sobre a defesa dos nossos (vossos) interesses.
Por fim, agradeço-lhe que retenha o seguinte: é mais decadente a sua mente que o conteúdo deste blogue, apesar de não ser, em alguns casos, muito exemplar. A prova está precisamente no que acabou de escrever antes, de forma muito lamentável.

Os meus respeitosos cumprimentos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Caro António Felizes,

Mesmo assim, agradecia que verificasse se existe alguma hipótese de incluir o Senhor Manuel Cunha como porta-voz do interior (sem conhecer a região a que pertence) neste blogue.
Os meus agradecimentos.