O Algarve 2007-2013

Sérgio Martins, Técnico Superior de Turismo, in revista Algarve Mais de Novembro/2008

Na Algarve Mais de Outubro abordámos o período 2000-2006 dos fundos europeus que vieram para o Algarve e os objectivos da sua aplicação. A avaliação é inquietante. O turismo estagnou e até está em ligeira queda. A Industria, Comércio e Agricultura, Silvicultura e Pescas não deram nenhum grande salto em frente, até pelo contrário, à excepção da proliferação de centros comerciais. O aproveitamento escolar e a qualificação estão em níveis muito baixos.

Pelo que se pode concluir que não se atingiram os objectivos de afirmação da capacidade competitiva do Algarve através da especialização económica centrada no complexo do turismo e lazer com uma visão integradora dos diversos elos da cadeia produtiva regional, nem da construção das condições de competitividade regional com especial enfoque na valorização dos recursos humanos, competências regionais e coesão social.

É preciso dar a volta por cima e trabalhar para que no novo e último período de fundos europeus, de 2007 a 2013, se alcance os objectivos entretanto redefinidos: a competitividade, inovação e conhecimento; a protecção e qualificação ambiental; a valorização territorial e o desenvolvimento urbano.

São objectivos que considero de extrema importância, mas que devem ter resultados concretos para se garantir um Algarve desenvolvido e sustentável.

É urgente a modernização e diversificação especializada da estrutura produtiva.

No turismo é urgente a qualificação e requalificação da oferta (sector público e privado), a qualidade (valorização do produto sol e praia), a diversificação e inovação (turismo desportivo e oferta integrada e sustentada de golfe e estágios desportivos, turismo cultural, de congressos e incentivos, turismo sénior e de saúde e recuperação, turismo de natureza e dinamização de animação).

Na agricultura é urgente o apoio à modernização, à agricultura biológica e ao desenvolvimento de tecnologias agro-alimentares que podem ter resultados excelentes em produtos regionais como a alfarroba, a amêndoa e outros. Nas pescas é urgente o apoio à renovação e modernização da frota e portos, e à aquacultura. Na indústria é urgente o apoio a novos projectos e à modernização, a tecnologias da saúde, mecatrónica e tecnologias de informação.

É urgente a acção na investigação, desenvolvimento e inovação, tecnologias e sociedade de informação, também com o reforço da ligação da Universidade do Algarve à estrutura produtiva, o reforço do Centro Regional para a Inovação do Algarve, o apoio a start-ups e a projectos inovadores.

É preciso ter presente que não há desenvolvimento possível sem tecido e sem aparelho produtivo. Também não há desenvolvimento possível com um Algarve interior desertificado e o litoral sobrepovoado. Nem sequer há turismo atractivo com futuro a médio e longo prazo sem vida e actividades locais.

No que diz respeito ao emprego, recursos humanos, formação e qualificação é essencial o apoio a programas e iniciativas coincidentes com os sectores económicos centrais do Algarve, procurando o aumento para a média europeia dos níveis de qualificação escolar e profissional. Incluindo formação contínua e nas empresas e na época baixa para atenuar a diminuição dos níveis de actividade das empresas, os menores resultados, a precariedade laboral e a sub-ocupação dos trabalhadores e degradação da qualidade dos serviços prestados.

Esses são alguns objectivos que considero essenciais para o Algarve. Mas será que vamos cumpri-los? É que continua a faltar um elemento que considero essencial: a regionalização. A sua inexistência, em meu entender, foi uma das principais causas para o relativo insucesso do período 2000-2006 e é um factor que se mantém, pelo menos neste princípio do período 2007-2013

A existência da Região Administrativa do Algarve é o único garante da existência de debate regional, planificação participada, politicas regionais dinâmicas e líderes eleitos.

Assim já o tinha escrito no último número da Algarve Mais. Mesmo apesar do esforço de alguns líderes regionais nomeados por Lisboa ou sob a sua influência, continuará a faltar uma coisa essencial à administração regional: terem passado pelo processo construtivo do debate de projectos e ideias regionais, pela aprovação das suas políticas pelos algarvios e pelo estimulo ao trabalho proporcionado pela prestação de contas ou candidatura perante os eleitores.

Comentários

Anónimo disse…
Nem sequer é necessário invocar as consequências daquilo que designam por "crise financeira" (causada irresponsável e imoralmente por muito poucos - bem apetrechados financeiramente mas sem responsabilidades atribuídas, para ser paga por muitos) para justificar a necessidade e a inevitabilidade de se recorrer à inventariação e afectação dos nossos recursos próprios à produção nacional, em todos os ectores produtivos, desde a agricultura à indústria, passando pelas pescas, artesanto, cultura, turismo, etc., etc.
Apenas com uma condição relevante: a regionalização autonómica,com novos protagonistas políticos.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Novos protagonistas políticos?
Quem?
O porteiro da escola a+b?
O tó marado, pescador de ameijoa?

Os grandes inimigos de Portugal são, sempre foram, os sonhadores.
São simpáticos, até distribuem rosas e cravos, a quem no dia seguinte, morre de fome.

Eu não estou aí...
Anónimo disse…
as eleições regionais irão certamente renovar os governantes locais. primeiro porque os actuais são nomeados e muitos deles nem sequer iriam passar a submeter-se a eleições. segundo porque as eleições regionais, bem mais próximo das pessoas, terão dinamicas próprias muito relevantes
Anónimo disse…
Caro Anónimo disse ... das 03:58:00 PM,

Escusa de argumnentar de uma forma que todos sabemos que não corresponde às suas capacidades, própria de treinadores de bancada ou de argumentos de tasca.
Não faltará quem se proponha a ocupar cargos políticos regionais e locais com maior competência e abrangência que muitos doas actuais em funções. O que é preciso é não ter complexos nem presunções partidárias e abandonar os critérios capelistas que têm dominado a política portuguesa, os quais só sabem escolher "à imagem e semelhança". Espero que o seu lugar não seja posto em causa.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

Sem
Anónimo disse…
Ao Anónimo disse ... das 05:22:00 PM,

Inteiramente de acordo.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)