Os Partidos e a Regionalização

Sentimento regionalista cresce em todos os partidos


No mês em que passam 10 anos do referendo à regionalização, o DN foi saber a opinião de vários políticos sobre o tema. Da esquerda à direita crescem os apelos à necessidade de uma nova divisão administrativa. Também as cinco regiões-plano são já um consenso no esboço do novo mapa

Dez anos depois do referendo, a regionalização ganhou mais adeptos junto da comunidade política. Nos cinco principais partidos é possível encontrar acérrimos regionalistas. Mesmo o PSD, que na altura tomou posição pelo "não", está agora dividido nesta matéria. E até o mapa, que em 1998 foi um dos motivos da derrota do "sim", aproxima-se de um consenso interpartidário.

Mas porque mudaram vários políticos de opinião? "É hoje muito mais evidente do que há 10 anos os desequilíbrios económicos e sociais do País." É assim que António Pires de Lima, ex-vice-presidente do CDS/ /PP, justifica a mudança de posição. No entanto, o seu partido é o único que continua a descartar, oficialmente, a adopção de regiões no País.

Há dez anos, a máquina laranja liderada por Marcelo Rebelo de Sousa lutou pelo "não" e levou a melhor, conseguindo mais de 60 % dos votos. Porém, vários políticos "à direita", mudaram de opinião e o próprio PSD encontra-se hoje dividido.

Enquanto Manuela Ferreira Leite reafirmou na entrevista ao DN que está "contra" a regionalização, várias estruturas do partido, incluindo membros da sua direcção, mostram--se defensores da criação de regiões.

O próprio Rui Rio, vice-presidente de Ferreira Leite, mudou de opinião e está mesmo a promover debates sobre o tema. O autarca do Porto, que há uma década votou contra a regionalização, disse ao DN que "atendendo às actuais funções, devo confessar que tenho algumas dúvidas. Por isso mesmo, estou a promover desde Julho um conjunto de conferências sobre este tema".

Porém, rejeita a hipótese de crispação com Manuela Ferreira Leite. "Se vier a concluir que a regionalização é positiva para o País, isso não significa que exista qualquer ruptura entre mim e a líder do partido, pois não se trata de uma questão ideológica de fundo", esclareceu Rui Rio.

O "sim" começa, então, a ganhar cada vez mais defensores no PSD, que vão desde a organização juvenil às concelhias distritais. O presidente da maior distrital do País, Marco António Costa, considera que "a regionalização deve avançar já". O líder do PSD/Porto atacou ainda a posição de Ferreira Leite dizendo que "nas últimas eleições do partido, provou--se que dois terços dos militantes do PSD não são hostis à regionalização, ao votarem nos dois candidatos (Passos Coelho e Santana Lopes) que não se mostraram contra a criação de regiões nos seus programas".

Ao Norte junta-se o Sul, com o PSD/Algarve a ser liderado por um autodenominado "fervoroso regionalista". José Mendes Bota considera que "o PSD deve tomar rapidamente posição sobre a regionalização". Também a JSD, através do seu líder Pedro Rodrigues, considera que "a regionalização é fundamental".

Tal como há dez anos, a esquerda continua a favor. No PS a necessidade de regionalizar o País é uma ideia consensual. Porém, na entrevista dada ao DN, José Sócrates não se quis comprometer, falando apenas na "vontade" de "propor uma fórmula de maior autonomia política".

Já Francisco Louçã, líder BE, considera a divisão administrativa necessária, mas adverte que "até hoje não houve uma proposta consensual entre a classe política".

Por sua vez, o PCP ressalva "o imperativo constitucional que não está a ser cumprido". O dirigente comunista Jorge Cordeiro atribui as responsabilidades ao "bloco central": "O PS e o PSD é que têm desenvolvido um bloqueio às regiões administrativas, pois têm medo de perder o controlo do poder regional."

|DN|

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas

Ainda bem que começa a delinear-se um sentimento definitivo a favor da regionalização, em todas as formações partidárias que teimam em comportamentos políticos refractários ou continuistas. Por isso, o aparecimento de movimentos cívicos regionais com objectivos políticos poderão dar um contributo muito mais dinâmico à actividade política, nomeadamente no capítulo da regionalização.
No entanto, para todas estas formações será sempre necessário recomendar que deverão prestar mais atenção às importantes questões de desenvolvimento equilibrado e autosustentado e não manterem-se vinculados a soluções ultrapassadas, antiquadas e desajustadas da realidade política portuguesa como membro da União Europa e País fundador do Euro, ao ficarem aprisionados a soluções burocráticas e administrativas de regionalização: 5 Regiões Administrativas-Plano como instrumento antítese de desenvolvimento, sob todos os aspectos.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)