«Auto-estrada da justiça»

Sócrates lança quarta-feira em Bragança a «auto-estrada da justiça»


O distrito de Bragança vai deixar de ser, dentro de três anos, o único em Portugal sem um quilómetro de auto-estrada com a construção de uma rodovia que promete também combater a sinistralidade que transformou, nos últimos anos, o IP4 na «estrada da morte».

O primeiro-ministro, José Sócrates, desloca-se quarta-feira a Bragança, pela segunda vez no espaço de quinze dias, para lançar a Auto-estrada Transmontana, que o próprio baptizou de "auto-estrada da justiça".

Um "acto de justiça para com o interior", refere um comunicado. De hoje, do gabinete do ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, que estará também presente na cerimónia, que se realiza no castelo de Bragança.

A auto-estrada Transmontana, com uma extensão de 186 quilómetros, vai ligar Vila Real a Bragança, com portagens apenas nos troços junto às duas cidades.

A construção, com um valor estimado de 440 milhões de euros, é adjudicada ao consórcio liderado pela empresa Soares da Costa, um ano depois do anúncio do concurso, como faz questão de frisar o ministério de Mário Lino no comunicado hoje divulgado.

A conclusão da auto-estrada está prevista para 2011, na mesma altura em que deverão estar também prontas duas das estradas reclamadas há mais tempo na região, e adjudicadas a 25 de Novembro, o IP2 e o IC5.

Entre as concessões lançadas, a auto-estrada Transmontana será, segundo contas do Governo, a única a dar prejuízo à Estradas de Portugal ao longo do período de concessão.

Ainda assim, o ministério de Mário Lino entende que "é um projecto economicamente viável com benefícios económicos e sociais estimados em 1138 milhões de euros, o que perfaz um saldo positivo de 554 milhões de euros", tendo em conta o custo de construção.

O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (MOPTC) prevê que o empreendimento "deverá gerar à volta de 9.000 empregos", criando "postos de trabalho associados às fases de construção, exploração e manutenção da via, bem como emprego indirecto, que se estima ser criado em resultado da melhoria das acessibilidades promovidas pela nova concessão".

A auto-estrada vai encurtar o tempo de percurso entre o Porto e Bragança em 44 minutos e Bragança e Vila Real, em oito minutos, mas também contribuir para a redução da sinistralidade que já levou a que o IP4, que liga actualmente as três localidades, fosse classificado de "estrada da morte".

Segundo números do MOPTC, na década entre 1997 e 2007 perderam a vida, no IP4, 247 pessoas.

O MOPTC estima que a auto-estrada, que em grande parte do percurso corresponderá ao actual IP4, contribua para uma redução média de 19 mortes por ano e para a diminuição em 65 por cento da taxa de sinistralidade.

O MOPTC realça que Bragança, o único distrito do país sem um quilómetro de auto-estrada, terá com esta concessão a garantia de ligação com este perfil ao litoral (Porto) e a Espanha.

A garantia de ligação a Espanha será a ponte internacional de Quintanilha, que está concluída há mais de um ano, mas sem utilização por falta de acessos no lado espanhol.

Lusa, 2008-12-10

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Como costuma dizer o nosso Povo: "Mais vale tarde que nunca".
Se a regionalização estivesse implementada, mesmo na versão administrativa, muito provavelmente esta auto-estrada mais que anunciada, agora, já estaria concluída e com mais túneis que os previstos, por questões de preservação ambiental.
O regime centralizado de poder nunca poderá dar bons resultados em termos de desenvolvimento, gerando assimetrias que pela sua gravidade deveriam ser consideradas crimes contra a Humanidade, Não se pense que há exagero nesta afirmação e basta entrar pelas regiões mais profundas e isoladas do nosso País, já que fazê-lo em relação a uma dimensão mais vasta como o Mundo, então as responsabilidades de dirigentes políticos seriam inabalável e inequivocamente mais graves.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Philipp disse…
Sim, mais vale tarde do que nunca. Mas acho ridículo o nome que Sócrates deu à estrada. Não entendo que se tenha alcançado a justiça com esta estrada. Longe dela! Nada se tem feito por Trás os Montes, muito pelo contrário.

Quanto à estrada em si, não a conheço o projecto, mas receio bem que seja tão eficaz quanto a A28 (Viana do Castelo - Vilar de Mouros) construída há poucos anos. Subidas ingremes, curvas apertadas e um limite de velocidade nos 100Km/h. Esta A28 veio a substituir a N13 que tinha um limite de 90Km/h (Fantástico!). Depois de milhões gastos, aldeias afectadas permanentemente pelo ruído e paisagens desvastadas, conseguimos ganhar mais 10Km/h de velocidade. BRAVO!!

Espero que esta seja realmente digna de uma autoestrada do século XXI.
Rui Rocha disse…
Caro Phillip,

Não é bem assim..De facto a A28 nos troços em que refere não é propriamente uma obra exemplar e que destruiu muito, destruiu.

No entanto, voce não faz Viana Lanhelas sempre a 90 e não o faz porque a estrada está toda esburacada, porque apanha semaforos, porque apanha fila (especialmente no verão), porque atravessa caminha, porque passa por rotundas e porque atravessa Viana e Caminha. Alem de que com o acesso da A28 a Lanhelas (tambem construido com polemica) encurta também o espaço..

Agora se me perguntasse se uma linha do minho modernizada seria uma maior mais valia do que aqueles cortes na montanha chamados A28......