Economia do Norte

Economia do Norte recupera mas ainda fica longe da média

Em 2007, o Norte cresceu acima do resto do país, mas continua longe da média e mais ainda de Lisboa

A Região Norte foi a segunda que mais cresceu, a seguir ao Algarve, no ano passado. Os 2,4% de aumento da riqueza ajudam-na a aproximar-se do resto do país, mas continua a ser, de longe, a região mais pobre de Portugal.

É certo que Lisboa e a Madeira tiveram crescimentos mais modestos do que os registados a Norte e que a diferença é ainda maior se se tiverem em conta os dois últimos anos, em que o desempenho da capital foi fraco, em comparação. Mas, ainda assim, os dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE) dizem que o Norte só produz 80% da média do resto do país, bem abaixo dos 139% de Lisboa.

A capital continua, assim, a ser a única região com mais riqueza por habitante do que a média da União Europeia (a Madeira está quase e o Norte manteve-se nos 60%). Mas Portugal no seu todo ainda a tentar recuperar da crise de 2003: os 76% notados pelo INE no ano passado continuam abaixo do valor do início da década.

A diferença de riqueza reflecte-se nos rendimentos dos trabalhadores e os dados comprovam que as remunerações a Norte são as mais baixas. No ano passado, dividindo o total das remunerações pagas em cada região pelo seu número estimado de habitantes, a Norte cada pessoa (e não cada trabalhador) ganhou 6155 euros, se contarmos com os subsídios de férias e Natal. Foi o valor mais baixo, seguido do Alentejo, Centro, Açores, Algarve, Madeira e, finalmente, Lisboa.

Os dados do INE só confirmam a noção de que a disparidade nacional, embora um pouco menor, continua a ser grande. E no que toca à região Norte, a ligeira melhoria de 2007 está longe de compensar a forte queda da última década, lembrou Luís Ramos, investigador na área de desenvolvimento regional na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Além disso, salienta que, fruto de muitos investimentos públicos, Litoral e Interior já não são sinónimo de riqueza ou pobreza. Basta ver que o Tâmega era a região mais pobre do país. Quanto ao Grande Porto, está longe de ser a segunda zona mais rica, sendo até ultrapassada pelo litoral alentejano, ajudado por projectos como o porto de Sines.

E tudo indica que a situação vai piorar, antes de ficar melhor. No Porto, "o grande problema continua a ser o que fazer com tanta mão-de-obra com [baixo] nível de qualificações", disse. O programa de obras públicas que se avizinha poderá dar trabalho a muita gente e ajudar a baixar o desemprego, mas não será qualificado.

É que boa parte do emprego qualificado desapareceu do Porto quando a banca e seguros se mudaram para Lisboa, no final dos anos 90, acredita o investigador. Nessa altura, o Norte perdeu uma âncora de serviços qualificados que, entende, ainda não recuperou.

|JN|

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Será bom que se entenda e assimile que o Norte não é só constituido por Banca e Seguros, cujos pólos da chamada decisão estratégia se mudaram para a cidade-capital há alguns anos atrás.
A região norte, no futuro irá cindir-se nas Regiões Autónomas de Entre-Douro e Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro, é constituida por uma das mais significativas redes de pequenas e médias empreas industriais e comerciais que ainda não se coibem da prática quase quotidiana do salário mínimo como elemento remunerador da prestação do trabalho num quadro de ausência estratégica da actividade empresarial.
Ao nível dos quadros técnicos, já é corrente a deslocação para a zona geográfica da cidade-capital para conseguir um emprego que não ofenda as condições de prestação especializada do correspondente trabalho. Paralelamente, parece que as novas oportunidades ainda não chegaram integralmente às localidades e empresas da região, porquanto parece não saber-se o que fazer com um volume de desempregados possuidores de tão baixo índice de qualificação para o trabalho que só pode ser competitivo.
As disparidades regionais de desenvolvimento continuarão a acentuar-se se não houver a lucidez política de cumprir o preceituado na Constituição da República Portuguesa na parte relativa à descentralização política, através da regionalização autonómica, porquanto a administratitva já teve o seu tempo oportuno de implementação há 32 anos atrás. Por isso, a persistência (teimosia) numa solução política de natureza administrativa só poderá contribuir para a preservação, com melhoria ligeira, das actuais indefensáveis e graves assimetrais de desenvolvimento e, pior de tudo, sem assegurar condições equilibradas e autosustentadas de desenvolvimento de cada uma das Regiões Autónomas e, globalmente, do nosso País.
Por outro lado, enquanto não se implementar tal política de natureza estratégica e estrutural, como instrumento de desenvolvimento, continuaremos cada vez mais e sempre vulneráveis aos impactos de crises interna e externa, especialmente aquelas que, embora eclodindo no sector de actividade financeira (mais casino que outra coisa, corporizado por uma especulação desenfreada e com o enriquecimento rápido sem causa como principal estímulo), acabam por dirigir dramaticamente os seus impactos negativos para os sectores de actividade económica, os quais asseguraram excessos de produção que deram largas à tentação de um consumo delirante e financeiramente alavancado sem a consideração equilibrada e prudente dos riscos incorridos através da concessão "quase ilimitada" de crédito.
E assim será eternamente se não existirem condições políticas e de funcionamento das regiões autónomas vinculadas à inventariação e aplicação dos recursos próprios ao sistema produtivo de cada uma das Regiões, num quadro de aproveitamento de recursos endógenos e de complementaridade intra e inter-regional como plataforma de cooperação.
E se o sistema financeiro persistir nas suas formulações matemáticas de concepção de produtos eminentemente financeiros (produtos estruturados; fundos, fundos de fundos, fundos de fundos de fundos, etc.), tendo como suporte o mercado de capitais (não incluindo aqui o mercado interbancário), em desatenção conjuntural ou oportunística dos sectores de actividade produtiva, deveria admitir-se outras soluções de natureza financeira que preservassem as empresas de receber a oferta de um "guarda-chuva apenas quando está sol".
Imaginem, assim, que à semelhança do que fazem alguns sectores de actividade económica com as centrais de compras de bens e serviços, alguém se lembrava de constituir uma "central de financiamento", onde as empresas geradoras de excedentes, sem prejuízo das suas necessidades de investimento, da aplicação de políticas consistentes de dividendos e do seu equilíbrio financeiro, se disponibilizavam para entregar os capitais finalmente disponíveis na referida "central de financiamento", de forma a que as empresas do mesmo(s) sector(es) com necessidades de financiamento obtivessem os capitais necessários para o seu reequilíbrio financeiro e/ou execução de uma política de investimentos, mediante uma taxa de remuneração do capital mutuado fixada pelos dirigentes da "central de financiamento" (atentem na prática da ANAF, neste domínio).
Tratar-se-ía de uma "espécie de "micro-crédito"".

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)