Poder de Compra Concelhio

Poder de Compra Concelhio - 2005

Disparidades da riqueza face à média nacional caíram nas maiores cidades do país

Em 2000, um lisboeta conseguia adquirir três vezes mais bens do que a média do cidadão português e um portuense tinha capacidade financeira para comprar 2,38 vezes mais itens do que a média nacional.

Cinco anos volvidos, quem habita na capital portuguesa apenas consegue comprar 2,16 vezes a média portuguesa, enquanto no Porto supera em 1,64 vezes a média nacional. Os habitantes das duas cidades continuam, ainda assim, a beneficiar de um poder de compra muito acima da generalidade dos portugueses, revela o estudo sobre o "Poder de Compra Concelhio -2005", divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística em Setembro de 2008.

Significa isto que o poder de compra dos habitantes das duas maiores cidades do país caiu? Não necessariamente. Na realidade, podemos estar na iminência de um aumento do poder de compra do resto do país. O estudo apresentado pelo INE não permite, contudo tirar conclusões sobre esta questão, uma vez que apenas são apresentados dados relativos face à média nacional (representada em base 100).

No entanto, permite concluir que no espaço de cinco anos as disparidades de poder de compra "per capita" diminuíram no Continente (de 101,65 para 100,52) e aumentaram nas regiões autónomas, embora nas ilhas permaneça abaixo da média nacional.

Nos Açores, a capacidade de aquisição subiu de 65,51 para 81,66 e na Madeira aproximou-se vertiginosamente da média nacional, ao aumentar de 72,46 para 96,59 entre 2000 e 2005.

Fosso entre ricos e pobres permanece gritante

Se é verdade que o diferencial nos poderes de compra dos portugueses se reduziu, também é um facto que o fosso entre aqueles que têm um maior poder de compra e os que têm uma capacidade financeira muito reduzida continuava a ser muito grande.

Há dois anos, altura em que o crescimento da economia portuguesa foi particularmente frágil, com o PIB a acrescer a um ritmo de apenas 0,5%, dos 308 municípios do país, só em 43 o poder de compra era superior à média nacional. E destes, a maioria abrangia lugares com mais de 10.000 habitantes.

Ou seja, o poder de compra mais elevado continua concentrado nos centros urbanos e no litoral. De acordo com a análise do INE, "metade do poder de compra nacional concentrava-se em apenas 20 municípios", em 2005, pertencendo grande parte à Grande Lisboa, Grande Porto ou ao Algarve.

A cidade de Lisboa continua a ser o local onde se encontra o poder de compra "per capita" mais elevado em todo o País, com 216. No entanto, há dois anos ainda era possível encontrar municípios onde o poder de compra se encontra mais de 50% abaixo da média nacional, como é o caso de Resende, Freixo de Espada à Cinta, Terras de Bouro ou Ribeira de Pena, as zonas de Portugal onde os cidadãos apresentam o mais baixo poder de compra.»

Susana Domingues

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Todos os números aqui inscritos revelam apenas três coisas principais, sem preciosismos centrais, regionais ou locais:
1ª. Coisa - Empobrecimento "geral"
2ª. Coisa - Concentração da riqueza
3ª. Coisa - Os salários não estão indexados à produtividade (uns ganham muitíssimo mais que a produtividade que asseguram com o seu trabalho ou emprego; a grande maioria ganha menos que a produtividade do trabalho que realiza ou do emprego).
Ninguém (Governo, empresas, sindicatos, etc.) tem a ousadia nem a criatividade de começar a pagar salários pelo trabalho (bem)realizado (nunca pelo emprego) sem ser com base no salário mínimo ou muito perto dele; argumento: "- Não podem"; estamos num país com mentalidade hipócrita e miserável, a qual não é de agora, tem continuado ao longo de muito tempo (desde o século XV; não acreditam? Leiam a nossa História).

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)