O Porto tem uma «visão sebastiânica»

«Uma grande cidade não tem de ter um líder», sublinha Rui Moreira. E o Porto tem elites, falta-lhes o «discurso certo» e a regionalização

O Porto «perdeu afirmação», mas continua a ser «uma cidade boa para viver». Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), em entrevista ao IOL e ao site TVI24, sustenta que a perda de protagonismo aconteceu por «maldades que nos fizeram», mas também por culpa própria:

«A dada altura encantou-se com alguma capitalidade», quando devia colher os benefícios de ser uma «anti-capital», e «tem uma visão sebastiânica», continua à espera de um líder.

«O que marca precisamente uma grande cidade é não ter um líder. Não me lembro de um líder em Paris, nem em Sevilha», sublinha Rui Moreira. «Portugal também não tem um líder, tem figuras aglutinadoras, por isso o Porto não pode imolar-se e dizer mal de si próprio por não ter um líder», acrescenta o presidente da ACP. Aliás, «a expectativa de surgir um líder é até quase anti-democrática».

O Porto, diz este empresário, «tem as melhores elites, instituições que são quase pessoas, provavelmente andam é com o discurso errado. Temos de voltar a fazer fóruns, a discutir os temas». E, claro, está na altura de avançar para a regionalização.

As razões apontadas por Rui Moreira.

Quanto aos defensores da união do País em tempo de crise, o presidente da Associação Comercial do Porto diz não ver qualquer coesão nacional «nas pessoas que estão no desemprego, desesperadas». E acrescenta: «A coesão social é sempre mais importante do que a coesão nacional, que acho que não está sequer em risco, porque os portugueses são patriotas e muito nacionalistas até».

«Não propomos recortar Portugal com uma tesoura»

Os defensores do regionalismo, sublinha Rui Moreira, «não estão a propor que se recorte Portugal com uma tesoura, nem vamos ter um hino ou uma bandeira do Norte. Um país só é país desde que saiba ocupar as suas fronteiras e isso faz-se com população e não com tropas. Isto sim, é a coesão nacional».

É precisamente para «equilibrar» o País, que a regionalização devia avançar.

Rui Moreira recorre também ao argumento crise para fazer valer a necessidade de regionalizar: «Não podemos ficar de mãos atadas perante a crise. Temos de pensar no que vai acontecer depois, temos de ter a máquina preparada para crescer».

Para além da criação de regiões, o presidente da ACP defende também mais competências metropolitanas, nos aspectos de gestão da macro-cidade, para as juntas metropolitanas.

Falta um nível de gestão intermédio entre o poder central e eventualmente regional e as autarquias. «Por exemplo, gostaria muito que a colocação de professores e o licenciamento de espaços comerciais fossem competência metropolitanas», sustenta

|IOL Diario|
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

A Norte, ao Centro e ao Sul não existem elites. Esta conclusão comporta esta simplicidade desarmadora, porquanto se houvesse lideres teria já sido apresentado um projecto político onde se enumerassem os objectivos de desenvolvimento a prosseguir, os meios instrumentais a utilizar - com o destaque especial para a regionalização autonómica e os ajustamentos orgânicos e funcionais a levar até ao fim.
Os únicos projectos com finalidadres políticas que ainda aparecem têm-se localizado neste blogue. Mesmo assim quando de propõe uma estrutura organizativa para dar corpo ao projecto político da regionalização autonómica (exigindo também "dar o corpo ao manifesto") ninguém se pronuncia nem o quer fazer.
Por isso, elites onde estais? Coitadas, algumas parecem almas penadas!

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Rui Moreira, conhecido como Presidente da Associação Comercial do Porto e comentador desportivo,tem as suas opiniões, o que não invalida que outras pessoas do Porto e do Norte, neste caso, pensem de maneira diferente. O centralismo lisboeta e a discriminação a todos os níveis que tem favorecido a região de Lisboa e arredores leva, naturalmente, muitos portugueses a discordar dessa realidade. Entre esses portugueses alguns pensam, bem na minha opinião, que se são sistematicamente eles e as suas regiões prejudicados e olham para o progresso verificado na Madeira e nos Açores (já sei que a maior parte do dinheiro foi do Continente e da U.E.), então porque não pode haver, igualmente, no território continental regiões autónomas com poderes administrativos,governos e parlamentos regionais eleitos e até bandeira própria. Se os Açores e a Madeira têm uma bandeira própria, seremos menos do que eles? Qual é o problema de adoptar a primeira bandeira de Portugal, tal como era ou com o escudo nacional no meio? Acho que muitos portugueses do Norte a aceitariam, mas outros, por clubites desportivas, verão fantasmas onde eles não existem. Que devemos preferir? Um país cada vez mais dividido economica e socialmente com os portugueses cada vez mais pobres, sem agricultura, pescas e indústrias, cada vez mais desertificado enquanto se gastam muitos milhões sempre na mesma zona, ou um país em que, unidos, graças ao fim da discriminação em vigor há décadas, os portugueses congreguem esforços e desenvolvam as suas regiões autónomas fazendo assim avançar Portugal, pondo fim ao marasmo e pântano actuais.Se a actual política se mantiver, continuaremos a sustentar os políticos que os chefes partidários escolhem e que nem sequer defendem a sua terra e os interesses dos seus conterrâneos. Portugal pode continuar a existir como um estado federal, mas deixará de ser o país que conhecemos se não pusermos cobro a tanta discriminação e injustiça pois surgirão, eventualmente,movimentos emancipalistas que combaterão a actual realidade e, depois, quero ver quem serão os políticos das últimas décadas e do presente a serem responsabilizados.Quem divide os portugueses é a actual realidade, por isso Sócrates e outros políticos de vários partidos procuram distrair os portugueses, com casos como certos casamentos que alguns e algumas pretendem, para assim fazerem esquecer a situação actual, as promessas eleitorais não cumpridas e as asneiras governamentais aos cidadãos, já que este ano temos três eleições.
Quanto a um hino, nunca pensei nisso, mas o segundo hino da actual República Portuguesa, a Marcha da Maria da Fonte, é relativamente conhecido e lembra movimentos semelhantes à luta pela regionalização, as revoltas da Maria da Fonte e a Patuleia, que eram movimentos do Norte e outras regiões contra os governos lisboetas de Costa Cabral e sucedâneos.
Por isso, Dr. Rui Moreira, permita que lhe diga: não tenha medo dos que gostam e defendem a sua região e as suas cores. Preocupe-se em esclarecer os políticos que nas suas Câmaras e na Assembleia da República não se preocupam em melhorar a vida dos portugueses que os elegeram e de quem só se lembram em períodos eleitorais.
Cumprimentos.