Que falta faz a Regionalização !

IC2 ou como destruir um projecto...

As barbaridades que se fizeram no antigo traçado da Estrada Nacional nº1 nos últimos 20 anos provocaram a necessidade imperiosa de criar alternativas. Estas barbaridades começam no quilómetro zero em Lisboa e acabam na ponte que atravessa o Douro e demonstram, mais uma vez, o ordenamento de território à moda lusitana. Os principais culpados, os presidentes de câmara dos concelhos servidos coadjuvados pelos sucessivos governos da República.

A necessidade do novo IC2, no troço entre Coimbra e Oliveira de Azeméis, é-o sobretudo nos pontos nunca intervencionados: na ligação do nó com a IP3 até Aguada de Cima (Concelhos da Mealhada e Anadia) e na ligação da Mourisca do Vouga até às proximidades de Oliveira de Azeméis (Concelhos de Águeda e Albergaria-a-Velha).
A questão do troço ser em auto-estrada ou em via rápida é de menor importância, desde que se apostasse em duas faixas em cada sentido.

A dúvida de um percurso em auto-estrada deve-se à existência da A1 nas proximidades (a A1 que pretendeu no seu tempo servir a gregos e a troianos, é agora a principal culpada das 3 (TRÊS!!!!!) auto-estradas paralelas em menos de 5 km).

A ligação Lisboa-Porto deveria ser efectuada por duas auto-estradas (uma junto ao litoral, servindo a zona do Oeste, Leiria, Figueira da Foz, Aveiro, Ovar, Espinho, e outra mais pelo interior, servindo Vila Franca de Xira, Santarém, Entroncamento, Ourém (ligações a Fátima e Tomar), Coimbra, Águeda, Oliveira de Azeméis (ligação à Feira e Vale de Cambra), São João da Madeira e Vila Nova de Gaia).

Mas voltando ao IC2, projecto para servir as populações que consegue ter essas mesmas populações contra em todo o seu percurso.

Em Coimbra com um atentado ecológico à Mata do Choupal (que os coimbrinhas não tem defendido condignamente, não agora mas antes...), na Mealhada com um entrelaçar de nós com um IP3 que não parece ter objectivo definido, em Anadia por passar do lado oposto da cidade, em Águeda por não aproveitar o percurso existente que só necessitava ser duplicado, na Mourisca por dividir a vila em dois e construir um pontão sobre o Rio Vouga de dimensões desproporcionadas, em Albergaria por emparedar a vila entre auto-estradas (que ainda vai ter a linha do TGV a ajudar), na Branca por ir contra o projecto sempre idealizado pela população e destruir o ex-líbris da vila (também aqui só agora a população se lembrou do ex-líbris que tão esquecido andava...).

Para mais estando esta auto-estrada a ser projectada simultaneamente com a auto-estrada de ligação Aveiro-Águeda (outra aberração, pois deveria servir o concelho de Oliveira do Bairro em vez de quase replicar a actual A25 - antigo IP5) não está idealizado um nó de ligação entre elas; acabando esta segunda a escassos 1 ou 2 km da primeira, mas por um percurso sinuoso por dentro de uma pseudo-zona industrial e zona habitacional.

A questão é, para quê é que existem cursos superiores de Planeamento Regional e Urbanístico em Portugal? A quem pretendem estas projectos dar de "mamar", para além da corja das Motas-Engis (com o "mamão-mor" Jorge Coelho), Teixeiras Duartes e afins?

no, qiqx


Nota: 
A questão central, é a falta que faz um poder democrático intermédio que, por um lado, ponha alguma ordem nos diferentes interesses municipais e, por outro lado, ao chamar a si certas competências, limite, também, a acção da máquina politico-administrativa centralista.
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Se o problema é de construir auto-estradas, reconverter outros tipos de vias de comunicação rodoviária, a regionalização não faz falta nenhuma. Provavelmente até acabará por atrapalhar muito tais esforços de modernização.
O que se passa com as estradas e autoestradas não é o mesmo que se passou com a estrututuras ferroviárias, vamos lá saber porquê. Mas analisando bem, não terá sido mesmo?

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
A solução para esta estrada é simples, é fazer o que já foi feito em várias estradas por esse país fora (nomeadamente a N106 Penafiel-Lousada ou a N18/IP2 Portalegre-Beja), está a ser feito, por exemplo, na N14 Porto-Braga, já foi feito em alguns troços da N1 (nomeadamente entre São João da Madeira norte e Oliveira de Azeméis sul): construir variantes, nas zonas onde a estrada atravessa zonas populacionais e está transformada numa rua urbana. Nas proximidades das cidades maiores, as variantes seriam em formato 2x2 (como já foi feito na Via Norte, em Coimbra, Braga, Famalicão, Leiria, etc.); nos restantes troços teríamos uma via-rápida (tipo IP), com via para lentos nas zonas em que se justificasse, nós desnivelados, faixas de desaceleração, "mecos" de impedimento de ultrapassagens nas zonas de duplo traço contínuo (como acontece em algumas zonas da N1 e do IP4), e limite de velocidade a oscilar entre os 90 kms/h e os 100 kms/h. Basta olharmos para o país vizinho, e vemos que foi isso que foi feito. E deu resultado. A Espanha tem uma rede de Estradas Nacionais, conservadas pelo estado, das melhores do Mundo. Em Portugal, como é costume, já vamos com 20 anos de atraso.

Solução para a N1/IC2 Porto-Coimbra:

Variantes a construir (em via-rápida):

*Picoto (A41/IC24)-Arrifana/São João da Madeira;

*Oliveira de Azeméis sul-Albergaria-a-Velha;

*Águeda sul-Anadia-Mealhada-Zouparria do Monte (início da variante a Coimbra)

Variantes a construir (em formato 2x2):

*Gaia (A20/IP1)-Picoto (A41/IC24);

*Serém de Cima (nó A25)-Águeda norte;

*duplicação da variante a Águeda (Águeda norte-Águeda sul);

Assim teríamos uma EN Porto-Coimbra (o mesmo deveria ser feito no troço Coimbra-Lisboa), com condições de circulação excelentes, entre os 90 e os 120 kms/h, que constituiria uma alternativa válida e gratuita à A1.

Uma solução barata e de fácil execução, mas que não é adoptada sabe-se lá porquê.

O que proponho para a N1, deveria ser feito também em todas as principais estradas do país, de modo a termos uma Rede de Estradas Nacionais que ligasse efectivamente o nosso país, como alternativa às vias portajadas. Exemplos de Estradas a incluir nesta rede (só na região da Beira Interior):

*N 102 (Celorico da Beira-Bragança);
*N 17-Estrada da Beira (Celorico da Beira-Coimbra);
*N 221 (Guarda-Miranda do Douro);
*N 226 (Pinhel-Lamego);
*N 112 (Castelo Branco-Coimbra);
*N 240 (Castelo Branco-Segura);

Os troços actuais da N1, e de todas as estradas requalificadas, seriam classificados como Estradas Regionais (por ex: R1; R102; R112), e passariam a estar sob a alçada dos Governos Regionais, juntando-se às estradas nacionais de interesse regional, que ligam os concelhos das regiões entre si, e que estão, incompreensivelmente, a ser entregues às autarquias. Estas estradas são hoje uma manta de retalhos, desordenadas e de circulação confusa e difícil.

Mais um motivo para Regionalizar. O mais depressa possível.