Emigração e outras questões


por, Anónimo pró-7RA.



De acordo com as estatísticas mais ou menos recentes, o número total de portugueses e/ou seus descendentes, a residir em países estarngeiros, ultrapasssa os 5 milhões de compatriotas.

Naturalmente que os primeiros que emigraram há mais ou menos anos não tomaram a decisão de partir apenas em função de interesses turísticos que os países de destino tivessem então demonstrado como imprescindíveis a visitar.

A decisão de partir foi assegurada por perspectivas de melhores condições de vida nos países de destino, sustentadas por um assumido equilíbrio entre produtividade do trabalho e o correspondente rendimento (o que nunca se fez por cá, digam o disserem; há profissionais com alta produtividade a auferir uma ninharia; há profissionais com produtividade assim assim, a auferir fortunas e alguns fortunas colossais).

E quem partiu sempre assumiu e continuará a assumir, com muita e profunda mágoa, ter sido obrigado a sair para poder sustentar a família, revelando que não é por o nosso País não ter recursos com os quais se possa contar para garantir o desenvolvimento, mas por ter vindo a ser mal ou desequilibradamente governado ao longo de décadas, pelo menos.

Não sendo possível estabelecer condições de proteccionismo (rifo-me e rifar-me-ei para o acordo ortográfico) ao exercício de qualquer economia, por enquanto, será sempre possível dosear um contributo mais equilibrado da produção interna no conjunto da produção total, em todos os sectores de actividade económica e outros que se encontram totalmente paralizados como a agricultura, as pescas, o transporte marítimo, tanto de mercadorias como de pessoas (entre outros), sem exagerar balofamente no contributo da produção externa importada e também responsável pelo elevado nível de endividamento actual.

Uma forma de atingir tal equilíbrio participativo da produção interna no conjunto das aplicações económicas nacionais, consumo e investimento, é mudar o paradigma de funcionamento da nossa economia, ao procurar-se garantir a afectação dos recursos diferenciados existentes em cada região autónoma a implementar no território continental, de forma a lá produzir, distribuir e FIXAR a riqueza lá obtida.

As populações sentirão, assim, que passarão a produzir riqueza "na sua terra", na terra que lhes pertence e para as quais se mobilizam em termos de envolvimento e desenvolvimento, tendendo a fixar-se nelas incondicionalmente e a aprofundar a contextura das suas tradições, culturas e história para, tudo em conjunto, contribuir para um maior patriotismo e combater, com os resultados concretos obtidos, as tentações da emigração endémica com verdadeiras políticas nacional e regionais nas vertentes económica, social e cultural, para uma definitiva fixação das populações e da riqueza às respectivas terras de origem num quadro de subsidiariedade superiormente administrado.

Paralelamente, qualquer sector de actividade económica deverá ter condições para garantir a "fixação" da riqueza nele produzida sem prejuízo de complementaridades necessárias por razões conjuntural, pontual e diversamente adversas, furtando-se a uma qualquer apropriação alheia e abusiva de riqueza económica gerada.

Neste contexto, somente a regionalização autonómica terá condições de estabelecer os melhores instrumentos institucionais e os melhores protagonistas políticos, todos essenciais à mudança do paradigma económico de que se necessita para assegurar o desenvolvimento suportado por altos desígnios nacionais (ainda ninguém os enunciou, até parecendo que não são necessários):

(1) Soberania
(2) Desenvolvimento económico e social
(3) Conhecimento e tecnologia
(4) Equilíbrio social

É incomcebível que os nossos políticos não consigam estabelecer politicamente esta perequação do desenvolvimento (termo muito ao gosto do António Felizes) para não referir que é, pelo menos, escandaloso que a não refiram apenas como simples preocupação. O TGV e o novo aeroporto, por mais que se esforcem, nunca serão obras de regime ou com marca histórica porque não têm conteúdo nem projecção para além de muitas gerações (são demasiado tecnocratas) e as populações não se reverão neles como obras de arte nascidas de intervenções políticas demarcadas de outras por uma diferença ou MARCA HISTÓRICA, pois daqui a alguns anos será preciso apenas ampliá-los ou melhorá-los (lembrem-se que os Jerónimos e outros monumentos associados à nossa HISTÓRIA, depois de 500 anos, não precisam de ser modernizados ou actualizados, são uma projecção natural da História, da História de nossa Autoria) nas suas funcionalidades e num quadro de indiferença social perturbadora.

Por isso, tal perturbação já começou logo no momento do anúncio do seu projecto e acentuar-se-à à medida da respectiva realização que será contemporânea da desigualdade social crescente, da desertificação galopante, do empobrecimento progressivo, do atraso no nosso desenvolvimento cultural, artístico e científico (apesar das nossas excepções de grande interesse internacional), da instabilidade e a insegurança sociais, do predomínio dos políticos-de-turno, da salgalhada de nada funcionar DIREITO, da comunicação social a medir meças diárias com o "terror" anual do FANTASPORTO (na verdade, não sei o que o Mário Dorminsky anda a fazer, bastava-lhe fundar um jornal nas condições actuais de funcionamento) onde, na televisão, a forma de dar a conhecer as notícias se assemelha mais a um raspanete do "pivot" aos telespectadores, etc., etc., etc.

Por isso, por todas as razões, mesmo considerando apenas as piores de todas, a regionalização autonómica será sempre uma forma melhor de organizar e governar o nosso País, sendo mau de mais o que se tem passado na chamada 3ª. República e anteriores.
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Comentários

zangado disse…
O autor descreve, de forma clara, a negativa realidade portuguesa resultante dos maus governos que de há muito temos tido,governos esses cujos membros só ligam e apenas conhecem da agricultura os seus montes no Alentejo,de pescas as praias do Algarve e de indústrias as da designada "cintura industrial" de Lisboa.
O abandono do resto de Portugal desiquilibrou o território nacional pelo excesso de litoralização da população e da economia e a macrocefalia lisboeta, estimulada pelo centralismo vigente, fez o resto: temos um país, principalmente no interior, com aldeias com poucos habitantes, em regra idosos e raras crianças, estando a agricultura e outras actividades, ligadas ao campo, ao abandono. Os jovens emigram de vez ou para as colheitas sazonais de fruta e vindimas em França, Espanha e outros países ou são atraídos pela miragem das grandes cidades. Campos, vinhas, hortas e outras terras como os pinhais ficam por cultivar e aproveitar, com raras excepções e quem vive no campo ou vive da reforma ou de algo que retira da terra ou, em certos casos, procura ilicitamente apoderar-se do que os vizinhos possuem, assaltando-lhes as culturas, pinhais e habitações.Muitos, à semelhança de outros que vivem nas cidades,não querem trabalhar e passam o tempo na conversa ou no café da terra, pois lá conseguiram obter o Rendimento Mínimo de Inserção que este governo continua a atribuir e com ele a sustentar pessoas que, se vivessemos num país organizado e com um controlo efectivo, nunca teriam direito a ele, uns porque já estão reformados, outros porque trabalham na construção civil e outras formas de economia paralela e, assim, lá vão vivendo à custa dos que trabalham e descontam para a incompetente Segurança Social que temos e que, ao reformar-se, são ainda roubados para equilibrar as contas dessa instituição.
A GNR, em regra mal instalada e com poucos meios vê quartéis novos fechados e sem utilização (ex. freguesia de Souselo - concelho de Cinfães) e pouco pode fazer pois os assaltos são de noite e não são apanhados em flagrante delito os culpados.
Esta é a triste realidade que eu conheço e, por isso, apoio uma maior aproximação entre governantes e governados, que só poderá existir com uma regionalização que dê uma autonomia efectiva a cada região com dirigentes eleitos e não apenas uns "dirigentes regionais", como até agora e que não passam de subservientes servidores do Terreiro do Paço.
Portanto, regiões sim, mas com autonomia e poderes efectivos e não apenas pseudo-descentralizações para enganar as populações.
Cumprimentos
JOSÉ MODESTO disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
JOSÉ MODESTO disse…
Embora um pouco longo e sobre a imigração:
IMIGRAR – Á PROCURA DA TERRA PROMETIDA

Nas várias viagens que realizei a nível profissional e pessoal pela Europa, muita das vezes
no meu quarto de hotel e com a televisão ligada, procurava sempre os canais locais, ou
mesmo canais diferentes daqueles que habitualmente via no nosso País.
A visão era surpreendente em algumas reportagens, vários Países por exemplo o Afeganistão
as pessoas com um Inglês meio complicado e difícil de o entender, exclamavam em voz alta aos
jornalistas « we go for the promised land » « Nós vamos para a Terra Prometida », surpreso eu
na realidade pensava que a terra prometida era os E.U.A., esse grande País que todos ambicionavam
ir, enganei-me redondamente, pois em conversa com os empregados do hotel depressa me esclareceram
que a Terra Prometida era a Holanda, de facto a Holanda durante muitos anos foi País acolhedor de vários
refugiados ou imigrantes que procuravam a Terra Prometida, as melhores condições de vida e a esperança
de uma melhor vida era a sua causa.

Quem não se lembra da fuga de muitos Portugueses para França e Espanha, e não só, para tentarem
escapar ao recrutamento Militar e á sua ida para combater nas nossas Ex-colónias.

Ainda recentemente num canal televisivo, assistimos a uma reportagem sobre a ascensão e queda de
uma personagem marcada pela jornada da imigração em busca da Terra Prometida, a nossa famosa
Portuguesa Linda de Suza e a sua mala de cartão, que ainda serviria de base a um musical e a uma série
de televisão. Nos anos 80, a ex-criada de quarto de hotéis atraía multidões e ilustres ao Olympia
e vendia milhões de discos.

Portugal é sem dúvida um País exportador de mão-de-obra, hoje de modo diferente do que se passou
por meados do século passado.
Cerca de 80.000 Portugueses dão o seu trabalho, recomeçam as suas vidas em Angola…curiosamente
aquela que combateram…hoje a Terra Prometida.
Os investidores são muitos: China-França-Alemanha-Portugal-E.u.a.etc.etc.viram no Petróleo e não só,
também nos seus recursos naturais a hipótese de sobreviver ás economias Europeias incluindo Portugal
e o que o descalabro financeiro causado pelo subprime (nos E.U.A.) causou ao Mundo e sobretudo á Europa.

Especialmente aos Domingos á noite, nas principais cidades Portuguesas, várias carrinhas aguardavam
pacientemente vários homens, na sua maioria jovens que viam na vizinha Espanha uma oportunidade
aquela que acreditavam ser a Terra Prometida.
Actualmente na Europa nomeadamente Espanha-França-Luxemburgo-Suiça etc.etc. estes também
como Portugal estão em crise, a nossa mão-de-obra vê-se assim num deserto em que por exemplo em Inglaterra
os Ingleses se manifestam contra a presença de Portugueses e Italianos, pois até para eles está difícil já que
os seus governantes prometeram emprego aquando das suas promessas eleitorais.

Há um apelo de regresso aos nossos Jovens Cientistas ou Universitários que estão a trabalhar em outros Países e que
num programa chamado Erasmos foram e não voltaram porque em Portugal o risco era iminentemente Nulo de
poderem reconhecer o seu mérito o seu esforço.

A meu ver e agora, que não tenho tido a experiência de estar em outros Países, pelo menos ultimamente,
surge-me a ideia de que não vale a pena imigrar, o problema está connosco e não nos outros Países,
precisamos de mudar atitudes, procedimentos e acreditar sobretudo que a Oportunidade
está na nossa terra a TERRA PROMETIDA o nosso Portugal.

Saudações Marítimas
José Modesto
Anónimo disse…
Caro José Modesto,

Como sabe, a política de transporte sempre se sobrepôs a uma desejada política de fixação, independentemente das razões que tenham levado individualmente a emigrar, tanto do interior para o litoral como do país para o estrangeiro. Mas existe um denominador comum em todos estes movimentos migratórios de maior ou menor amplitude geográfica: a inexistência permanente de condições de vida melhoradas e a ausência de perspectivas de uma vida melhor na sua qualidade humana e material.
Tudo isto se deve unicamente a nós próprios e à nossa ancestral indigência permanentemente alimentada por uma iliteracia e uma educação insuficiente para nos obrigar a afirmar (contrariar) colectivamente perante injustiças e prepotências de quem sempre se considerou imbuido de poder impune: político, económico, judicial ou de qualquer outra natureza, ainda hoje ostensivamente presente .
O resultado esteve sempre à vista com as consequências de todos conhecidas, apenas alterável com a mudança para uma política de fixação das populações às suas terras (regiões) de origem. O exercício de um política com estas características só será possível com a regionalização autonómica, tendo por base as 7 Regiões Autónomas numa estrutura de poder apenas constituído por governo central, governos regionais (regiões) e governos locais (municípios e freguesias).
Tudo o que demais existir será considerado excedentário logo inútil.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Caro José Modesto:
Concordo no essencial do seu comentário mas, os portugueses não combateram Angola. Os portugueses defenderam Angola.
Claro que os portugueses não tinham necessidade de defender Angola.
Deveriam, isso sim, ter entregue Angola ao Holden ou ao Agostinho, no princípio da década de sessenta, como fizeram outros países, com os resultados que hoje se conhecem.
Mas não. Portugal, os portugueses, estúpidos, defenderam e desenvolveram Angola.
E hoje, corrigido o ENORME erro cometido por Salazar e depois REPETIDO pelos Angolanos, aí estão os portugueses, em Angola.
A nova terra prometida.
Mas há muitos portugueses com dúvidas sobre a actual missão dos portugueses em Angola.
Serão os novos velhos do Restelo???
Quem sabe?...