Reflexões

No nosso País, não se "protela" para se iniciar uma discussão útil e cívica sobre qualquer assunto de natureza política, mas discute-se sempre primeiro, não para alinhar soluções e concertar acções, mas para protelar sempre seja o que for, especialmente se se tratar de "coisas" políticas essenciais.

Na verdade, fomos, somos e continuaremos a ser um País velhacamente protelado, uma sociedade amorfa e igualmente adiada, com dúvidas sobre se a actual crise internacional, de origem genuinamente cretina, imoral e acívica, irá contribuir para o arejamento das mentalidades e para uma alteração radical de atitudes e comportamentos individuais e colectivos.

É precisamente isto que tem justificado a não implementação da regionalização e, o mais grave de tudo, por conselhos e influências espúrias e irresponsáveis, a indisponibilidade referendária do eleitorado para a eleição da melhor solução política de regionalziação: as 7 Regiões Autónomas, profusamente aqui apresentadas e objectivamente defendidas em trabalhos sobre economia regional.

É de grande dificuldade de entendimento que a adopção de políticas estruturais e estruturantes, como as fundamentadas na regionalização, só possa admitir como único método de implementação o da realização forçada por condições adversas que só podem enviesar ou limitar as condições objectivas e eficazes de concretização, originadas ou não por esta ou aquela crise.

Esse não reconhecimento da oportunidade e/ou necessidade política de implementação da regionalização, como instrumento político a favor do desenvolvimento da sociedade, só pode ser interpretado como uma dramática FALHA POLÍTICA na percepção ou compreensão das condições idiossincráticas actuais das regiões diferenciadas que caracterizam o nosso território continental e das sociedades que nelas habitam e realizam as suas actividades económicas, sociais, culturais, educacionais, ambientais e sustentáveis.

Esta falta de visão política não é nem continuará a ser inédita nos anais da política portuguesa, mas a sua persistência ou continuidade no tempo começa a ser indício de uma doença politica grave e orientada para um centralismo político em ligação directa com uma exclusividade de benefícios distribuidos por um número muito restricto de regiões, de organizações ou de entidades, acompanhado de um ostracismo real das restantes regiões territorialmente mais vastas e de sociedades em crescente indigência e desertificação, em que as suas interligações por auto-estradas funcionam, em grande parte, como anticoagulantes da circulação rodoviária.

A problemática do desenvolvimento da nossa sociedade tende a assumir contornos dramáticos que serão muito acentuados com o evoluir da actual crise internacional e de repercussões parciais no contexto nacional, razão pela qual serão exigidos esforços de natureza política mais profundos e de largo espectro, para que a sua incidência possa alargar-se temporalmente por um período tanto mais longo quanto possível, de forma a combater definitivamente as assimetrias de desenvolvimento e as desigualdades nas condições materiais e qualitativas de vida das nossas sociedades regionais e nacional.

A única solução que pode apresentar resultados positivos nas nossas condições de desenvolvimento económico, social e cultural só pode basear-se na implementação de políticas que respeitem as características de cada Região Autónoma, para ser possível fazer um total e melhorado aproveitamento dos respectivos recursos sem qualquer excepção para o incremento da produção interna diversificada, autosustentada e competitiva.

Esta solução identifica-se, integralmente, com a regionalização autonómica como o instrumento político por excelência a ser utilizado sem hesitações nem limitações em tudo o que se relacione com o ordenamento sustentado do território, a preparação diversificada da produção mineira, termal, agrícola, pecuária, florestal e piscatória, o aprofundamento de todas as valências ambientais, a recuperação de todo o património construído, a valorização de todo o património histórico e arquitectónico e a limitação absoluta de construção nova.

Como sempre, a imprescindível regionalização autonómica formatada por 7 Regiões Autónomas a juntar às duas existentes nos territórios insulares, acompanhada de uma reorganização total e profunda dos organismos que sustentam o funcionamento dos Órgõs de Soberania e da Administração Pública.


Anónimo pró-7RA.

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