Cávado, Ave e Norte - quocientes de localização

Especialização dos sectores de actividade nas subregiões estatísticas Cávado, Ave e Região Norte

Tendo por base os dados estatísticos do INE para o ano de 2007, obteve-se os quocientes de localização dos vários sectores de actividades das áreas geográficas escolhidas para análise: Cávado, Ave e Norte. Os quocientes de localização permitiram que se efectuasse uma análise de forma a verificar a presença destas actividades nestes territórios. A variável trabalhada para o efeito foi o emprego.

Dessa forma a subregião estatística do Cávado apresentou como pontos fortes a Indústria Extractiva lado a lado com a Indústria Transformadora, embora o sector da Construção apresentasse um valor de quociente de localização muito aproximado dos sectores anteriores, sendo esses valores respectivamente de 1,6/ 1,6/ 1,55.

Podemos verificar nesta área geográfica uma forte presença do sector industrial, quer extractivo, quer transformador, e significativo do sector da Construção.

Seguidamente e também orientado a satisfazer a procura externa, encontra-se o sector da Produção e distribuição de electricidade, gás e água. O seu quociente de localização é de 1,22.

Verifica-se também um quociente localização de 1,09 para Famílias com empregados domésticos, actividade que também denota alguma persistência neste território. Por outro lado, o sector de actividade com menor expressão foi o sector dos Transportes, armazenagem e comunicações com um quociente de localização de 0,38.

A subregião estatística do Ave, limítrofe com a anterior, revelou uma grande preponderância do sector das Indústrias Transformadoras com um quociente de localização de 2,79, sendo este mesmo um elevado grau relativo da concentração desta actividade neste território.

Seguidamente e ainda com expressão significativa encontra-se o sector das Indústrias Extractivas com um quociente de localização de 1,25 tratando-se da mesma forma de uma actividade orientada para satisfazer a procura externa.

Os restantes sectores apresentaram valores inferiores a 1, sendo o sector com menor expressão nesta subregião estatística, o sector da Administração pública, defesa e segurança social obrigatória com um valor de 0,33.

O sector da Pesca não revelou expressão estatística significativa nestas áreas geográficas referidas anteriormente.

Em comparação com as subregiões estatísticas analisadas, a Região Norte apresentou um perfil algo diferente em relação à sua especialização e actividades. À semelhança das subregiões anteriores o sector das Indústrias Transformadoras encontra-se bastante enraizado na Região Norte representando uma grande orientação para satisfazer a procura externa com um quociente de localização de 1,52. O sector da Construção com 1,07 revela também um significativo grau de especialização.

No entanto, contrariamente ás regiões anteriormente analisadas o sector da Agricultura, produção animal, caça e silvicultura com um quociente de localização de 1,05, valor que denotou que a subregião tende a ser exportadora deste produto.

As restantes actividades não são orientadas para satisfazer a procura externa, não evidenciando elevada especialização. O sector da Administração pública, defesa e segurança social obrigatória apresenta o valor mais baixo de quociente de localização de 0,59.

O equilíbrio nos quocientes de localização das várias actividades presentes na Região Norte é maior, sendo menor a disparidade entre os diversos sectores de actividade, do que nas subregiões estatísticas do Cávado e Ave.

A. Miguel Martins
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)


|J. Cadima Ribeiro|

Comentários

Anónimo disse…
Enquanto a luta não for para por as regiões subdesenvolvidas do Minho e Trás-os-Montes ao nível da região do grande Porto, não pensem nessa regionalização. Só alguém que é justo pode reivindicar justiça.
Paulo Rocha disse…
Saliento neste texto o facto do sector da Administração pública, defesa e segurança social obrigatória apresentar na Região Norte um valor baixo - de quociente de localização de 0,59.

Este valor na Região de Lisboa é em triplicado.
Caros regionalistas:

As afirmações do Anónimo do primeiro comentário a este post são da máxima importância. É a interpretação (ou não) destas posições que vai ditar a aceitação (ou rejeição) da Regionalização.

As críticas ao mapa das 5 regiões começam quando as populações das regiões menos desenvolvidas clamam contra os neocentralismos do Porto e de Coimbra, num hipotético mapa de 5 regiões.

Já há muito que alerto todos para este facto. Infelizmente, certas pessoas teimam em não ouvir. Vamos ver se não se arrependem um dia destes, quando virem a sua regionalização ir por água abaixo.

É uma questão de tempo até se concluir o óbvio: o mapa das 5 regiões é uma artimanha de Lisboa, que sabe que este não tem qualquer fundamento histórico, económico e sócio-cultural, e não é aceite pelas populações, que com ele não se identificam, nem responde às efectivas necessidades estruturais do país. É uma questão de tempo até se chegar à conclusão de que estas 5 regiões, completamente artificiais, só são aceites em esferas muito restritas da comunidade política do Porto e de Coimbra, sendo completamente rejeitadas pela quase totalidade do resto do país.

Quanto mais depressa os políticos se aperceberem disto, maior será a probabilidade de uma efectiva regionalização vingar. E uma efectiva regionalização passará obrigatoriamente por um mapa que resulta das identidades regionais existentes em Portugal. Que resulta da junção das províncias homogéneas, regiões naturais e enraizadas. Que resulta do fim de todo e qualquer centralismo, quer de distritos, quer de regiões-plano. Um mapa de 7 regiões:

*Entre-Douro e Minho;
*Trás-os-Montes e Alto Douro;
*Beira Litoral;
*Beira Interior;
*Estremadura e Ribatejo;
*Alentejo;
*Algarve.