Neocentralismo: um exemplo flagrante


Muito se fala do neocentralismo. Porém, há ainda quem diga que ele não existe, que não faz sentido falar nele. Como uma imagem vale mais que mil palavras, exponho aqui um vídeo, que é um dos mais flagrantes exemplos daquilo que alguns interessados querem fazer da Regionalização. O vídeo é o seguinte:

VIDEO regionalização agora sim coimbra


O que diremos nós, os outros habitantes desta hipotética "região centro", a discursos como este? Para centralismo, já basta Lisboa! É urgente evitar que este tipo de mensagens passe, sob pena de entrarmos novamente em lutas entre cidades e concelhos, lutas bairristas que só prejudicam a evolução de cada cidade, vila e aldeia deste país. Convém não esquecer que foram estas lutas entre as chamadas "capelinhas" que levaram em grande parte ao fracasso da Regionalização em 1998, embora na altura alguns tenham arranjado o mapa como bode expiatório.

Nota: Nada tenho contra Coimbra nem contra os conimbricenses, bem pelo contrário: pela sua importância para Portugal Coimbra merece-me a mim, e penso que a todos, o maior respeito e admiração. Também sei que apenas uma pequena minoria de conimbricenses pensa desta maneira neocentralista. Apenas penso que a Beira Litoral e a Beira Interior devem seguir caminhos separados, por serem regiões distintas, e sou completamente contra qualquer tipo de centralismo dentro das futuras regiões.

Afonso Miguel

Comentários

hfrsantos disse…
Neste video esta claro porque em Portugal ainda nao temos Regionalizaçao.

A nossa cultura imperialista, autoritaria e pouco democratica impede que se façam concessoes, que haja discussao e que se chegue a consensos para beneficiar as populaçoes e Portugal.

O sistema politico portugues é autoritario, quando pensamos que o Secretario Geral de um partido Portugues decide como vao votar os seus deputados na Assembleia da Republica anulando qualquer debate entre deputados, restando somente o debate entre partidos.
Perdem-se ideias, perde-se democracia.

Na Assembleia da Republica os deputados sao simples instrumentos de voto dos Secretarios GErais dos respetivos partidos pois o autoritarismo politico nao permite que votem segundo a sua consciencia e para defender o circulo eleitoral pelo que foram eleitos.

Na Regionalizaçao passa-se o mesmo, nao se querem fazer concessoes, nao ha debate pois sabemos que a nossa cultura imperialista e autoritaria depressa criaria novas cidades imperio que reinariam sobre o resto da Regiao.

Resta-no um bem precioso: A democracia e a esperança que a sociedade portuguesa evolua e deixe de ser menos desconfiada do vizinho e consiga criar Associaçoes de Municipios, embrioes de Regioes que consigam defender as suas populaçoes das duas cidades imperiais de Portugal: Porto e Lisboa que absorvem a massa cinzenta do Pais, a economia e tudo a sua volta.

Portugal centralista é um reflexo da nosa cultura autoritaria que nao permite que se pense diferente, que hajam regioes diferentes do que em Lisboa querem que seja Portugal.
Anónimo disse…
Tanta preocupação não vale a pena.
Estamos todos tão bem assim, sem regionalização, descansados isto vai andando bem
vai andando bem?

Caro anónimo, tem a certeza que vive no mesmo país que eu? Está mesmo a falar de Portugal?
antonioj disse…
Pelos vistos o Afonso Miguel não percebo o que é uma coisa chamada "ironia"

O video que mostra está ligado a um dos candidatos à Câmara de Coimbra, e deve ser visto nessa prespectiva

Por outro lado é incontestável que a localização de Coimbra lhe confere vantagens para a centralização de algumas das estruturas de gestão de uma futura região Centro...

Finalmente...quanto mais se perder tempo em buscar mapas alternativos, como esse que preconiza de dividir as Beiras, em vez de avançar para o unico modelo que já tem alguma tipo de existência prática no terreno (o das CCDR), mais tempo estaremos afastados da regionalização

Falo isto porque estou ligado a uma entidade que à mais de 10 anos , efectivamente, trabalha no terreno em termos de Região Centro, com empresas, entidades do sistem ciêntifico e tecnológico, e outros agendes da região
Caro antonioj:

O anónimo revelou-se. E é bom que assim seja. O vídeo tem que ser visto na vossa perspectiva? E a nossa? Mais uma vez, a parte interior da Beira não tem direito a opinião. Sim, porque é sempre assim quando se mete Coimbra ao barulho. Sempre o mesmo discurso: nós é que mandamos, façam o que nós queremos e não admitimos outro cenário.

O modelo das CCDR's é, ele sim, uma perda de tempo, pois tem chumbo garantido nas urnas, por todas as razões que eu a a maioria dos editores e comentadores deste blogue, e a maioria dos portugueses, tem explicitado. Só por falta de vontade é que não se vê o que está à frente dos nossos olhos.

"Por outro lado é incontestável que a localização de Coimbra lhe confere vantagens para a centralização de algumas das estruturas de gestão de uma futura região Centro..."

Uma coisa é Coimbra, numa região, ser sede de um ou dois organismos regionais. Outra coisa é centralizar tudo. E, pelo que tenho visto, lido, ouvido e conversado, não me parece que a "massa crítica" de Coimbra esteja disposta a abdicar de ser a todo-poderosa capital do "centrão". Ora, se na Guarda e em Castelo Branco o "centro" nem sequer é hipótese para uma regionalização, já em Aveiro, Leiria e Viseu ninguém quer pertencer a uma região onde apenas e só Coimbra manda e ganha alguma coisa com a Regionalização. E a argumentação para o "centro" cai pela base.

PS: "Falo isto porque estou ligado a uma entidade que à mais de 10 anos , efectivamente, trabalha no terreno em termos de Região Centro, com empresas, entidades do sistem ciêntifico e tecnológico, e outros agendes da região"

É natural que, para quem tem interesses pessoais ou profissionais em que se constitua uma região "centro", não adianta de nada explicitar argumentos, pois os seus interesses sobrepor-se-ão ao interesse comum... como é normal em Portugal...

Sabe, é que eu, e todos os que defendem (e são a maioria), a proposta das 7 regiões, temos escrito e divulgado as nossas razões, teses, factos e argumentos. Temos razões sólidas para defender as 7 regiões. Quem defende as 5, apenas argumenta que "o que está feito, está feito, e as 5 regiões já têm aplicação no terreno". Em primeiro lugar, essa aplicação no terreno é muito rudimentar, forçada e duvidosa: a maioria das reformas que levaram o mapa para as 5 regiões pura e simplesmente não funcionam. Em segundo, "o que está feito está feito" não é um argumento válido para se avançar com uma reforma desta importância sem sequer pensar. Porque, infelizmente, o que está feito, está mal feito.


Assim falo, porque sou da Beira Interior, e vejo o que se passa nesta região, esquecida para Lisboa e para Coimbra, e em vias de assim continuar...

Cumprimentos.
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

O grande risco associado à implementação da regionalziação consiste na determinação de muitos compatriotas em criar novas centraliades à imagem e semlhança da cidade-capital, não conseguindo descortinar que tal método de implementação é uma dos maiores erros políticos de sempre.
Para prosseguir este objectivo Coimbra não está sózinha mas acompanhada (de norte para sul) por: Porto, Vila Real, Évora e Faro, pelo menos (com diferente intensidade entre estas cidades).

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)