Rato que chumba Norte viabiliza Sul


Os ratos cabrera


O mesmo rato que impediu a construção de uma estrada em Vimioso não vai impedir a construção de um IP no Alentejo

O autarca de Vimioso está «indignado» porque o mesmo rato que impediu a construção de uma estrada no seu concelho não vai impedir a construção de um IP no Alentejo, onde vão construir três viadutos para preservar o roedor.

O presidente da Câmara de Vimioso, José Rodrigues, nem quer acreditar que o Ministério do Ambiente deu parecer favorável à construção do IP8, em Santiago do Cacém, apesar de na zona existirem colónias de ratos Cabrera, os mesmos roedores que foram usados como justificação para a não construção de uma alternativa à EN218, entre Outeiro e Vimioso, uma via considerada fundamental para desencravar o concelho.

O projecto alentejano foi aprovado com o requisito de que se construam três viadutos, que segundo o "Expresso" vão custar 6,9 milhões de euros, para salvaguardar a espécie de roedores que apenas existe na Península Ibérica e por isso é protegida pela União Europeia.

Inconformado, José Rodrigues diz que são usados "dois pesos e duas medidas, consoante o Governo está a analisar projectos do Norte ou do Sul", referiu. No seu entender "isto é injusto e revoltante", afirmou. O edil confessa que se sente "discriminado por todos os Governos", e diz que perante esta situação só pode sentir uma "grande" indignação, "porque somos o parente pobre do país".

A construção da estrada que ligaria Vimioso ao IP4, melhorando substancialmente os acessos no concelho, foi travada pela alegada presença da colónia de roedores Cabrera (Microtus Cabrerea), o que levou o Governo a optar por uma solução diferente devido "aos inúmeros condicionalismos ambientais", admitiu o secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, em Março, na Câmara de Vimioso.

O autarca é que não se conforma. "Cá só seria uma estrada com 10 km, lá (Alentejo) fazem de outra forma, fico frustrado com isto, ainda por cima era um investimento pequeno, com menos de 10 milhões de euros construía-se a estrada e a ponte, fazia-se tudo", explicou.

José Rodrigues admitiu que em determinada altura, "perante a falta de vontade em construir a via", ainda pensou avançar com as expropriações de terrenos e "ser o próprio município a fazer a estrada", mas acabou por desistir da ideia. "É difícil porque é uma estrada nacional, e nós temos tentado ser razoáveis, mas nem sempre é fácil, perante estes prejuízos para a nossa terra", lamenta.

|JN|

Comentários

zangado disse…
E depois vemos alguns transmontanos a defender o centralismo lisboeta que nos discrimina a todos e a serem contra a regionalização e a defesa do Norte!
Quando é que abrem os olhos? Os vossos deputados que estão a fazer na Assembléia da República?