Trás-os-Montes é a região mais pobre da UE

Um estudo do Centro de Estatística da Associação Nacional das PME e da Universidade Fernando Pessoa indica que Trás-os-Montes é a região mais pobre da União Europeia.

O "Estudo sobre a Pobreza na Região Norte de Portugal", elaborado para a Comissão Europeia, indica que a região Norte é a mais pobre de Portugal e está entre as 30 mais pobres das 254 regiões da UE a 25, enquanto que Trás-os-Montes é classificada como a Sub-Região mais pobre da UE a 27.

Segundo o mesmo documento, enquanto em 2005/2006 havia cerca de 693 000 pobres na região, em 2009, existia cerca de um milhão, "resultado do encerramento de muitas unidades fabris e falência de outras empresas que levaram ao despedimento de milhares de trabalhadores com a consequente redução dos seus rendimentos".

O presidente da Associação Nacional das PME, Fernando Augusto Morais, considerou que as conclusões do estudo são "surpreendentes", tendo em conta o investimento comunitário que foi canalizado para a região, através do Quadro Comunitário de Apoio III.

"No ano 2000, as duas sub-regiões do Minho e Alto Douro e Trás-os-Montes foram identificadas como as mais pobres da UE-15. Por isso, a União Europeia injectou na região Norte cerca de sete mil milhões de euros entre 2000 e 2006 para que houvesse um crescimento de 4,5% neste período, mas não só a região não cresceu como ainda por cima contém a sub-região mais pobre da UE-27", lembrou este responsável.

"O dinheiro investido não atingiu os objectivos", resumiu Fernando Augusto Morais, criticando o "desperdício".

O presidente da Associação considerou que é necessário responsabilizar as entidades responsáveis pela execução destes programas e o Estado e sublinhou que "os contribuintes europeus vão querer saber como foi aplicado este dinheiro".

"São visíveis situações de pobreza extrema, privação e precariedade", aponta o mesmo relatório, salientando que "a face mais visível desta 'nova pobreza' é o aumento dos pedidos de ajuda alimentar junto das instituições de solidariedade social, muitas vezes, na sombra do anonimato onde se identificam professores desempregados e muitos outros técnicos superiores".

in economico.sapo.pt

Nota: As estatísticas não mentem. Apenas confirmam o que qualquer um de nós pode ver in loco se passar "para além do Marão". A situação em Trás-os-Montes, como em todo o interior de Portugal, é preocupante. Porém, estas regiões, sem a «publicidade» das do Litoral (os casos de pobreza no Vale do Ave, Vale do Sousa, Alto Minho e Península de Setúbal são bem mais falados), vivem uma pobreza escondida, e, estando tão longe do poder central, acabam por não ser ouvidas. Tudo mudaria com a regionalização. Tudo seria diferente com a existência de regiões, as da Beira Interior e de Trás-os-Montes e Alto Douro. Pouco mudará, infelizmente, com as cinco regiões. O Interior continuará esquecido. Pode ser que este alerta, e alertas como este, despertem a consciência dos portugueses para a realidade que se vive em 1/3 do nosso território.

Afonso Miguel

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Em termos gerais, qualquer região do nosso País está a caminho de um definhamento humano e social de grandes dimensões. Esta tendência não irá parar e as regiões situadas no interior do território sofrerão as mais pesadas consequências do exercício político que não se tem pautado por preocupações de criação de riqueza, isto é, aumento da produção nacional.
O deslumbramento de muitas personalidades pelo exercício do poder, político ou de posse de dinheiro (proavelmente para serem os mais ricos do cemitério) tem sido o principal responsável por desvios neoliberais lamentáveis no estabelecimento de condições que nunca poderão ser de desenvolvimento equilibrado e autosustentado.
Até instituições financeiras de cariz público começam a enfermar desses vícios e tendências estabelecidas de novos métodos de apropriação monetária que constituem autênticos cercos à vida das pessoas e das famílias. Este tipo de comportamento associa-se ao nascimento de uma espécie de imposto indirecto veiculado pelas operações financeiras básicas ou mais vulgares no quadro da relação das pessoas com as instituições financeiras.
A criação de regiões administrativas trará apenas uma descentralização da burocracia e nunca será a protagonista principal de uma descentralização política com autonomia para estabelecer políticas regionais adaptadas às condições especifícas e únicas das futuras Regiões Autónomas, no quadro da unidade e subsidiariedade nacionais.
Por outro lado, ao contrário do que pensa o nosso amigo Templário (estou a aguardar que marque o tal almoço na sub-região da Bairrada, para o inevitável leitão assado), quanto menos "intelectualidade" se meter aqui menos confusões serão geradas em torno do essencial da regionalização a implementar.
Precisamos de novos protagonistas políticos, educados civicamente na defesa de valores morais e sociais onde as capacidades técnicas e políticas sejam um meio de potenciar aquelas, invioláveis a toda e qualquer incursão utilitarista ou neo-liberal pós-modernista. O que se está a passar no nosso País, em muitos domínios, ronda a SOBERBA de quem nunca teve pela frente a afirmação de um NÃO ao desvio de comportamentos desviantes nem nunca sentiu as dificuldades de toda a ordem (burocráticas - as piores -, económicas, financeiras, jurisdicionais) sentidas pela grande maioria das populações.
O caminho político que se está a percorrer, independentemente daquilo a que chamam crise, é genuinamente suicidiário e as perspectivas políticas próximas, longe de proporem o desvio defintivo EM RELAÇÃO AQUELE CAMINHO, ainda o vai alargar para proporcionar uma "melhor circulação" das mesmas medidas políticas a tomar, mesmo que seja a sequência natural de uma política propagandeada de verdade.
Mesmo aqueles que se poderia propor como novos protagonistas políticos ou políticos de nova geração, couraçados pelas suas capacidades pessoais, técnicas e éticas ou morais, vão-se manifestando desiludidos pela comprovação empírica da não existência de vontade em mudar o essencial da política em direcção às necessidades de desenvolvimento das condições qualitativas da nossa sociedade.
A sociedade portuguesa afirma-se sempre concordante com a necessidade de operar rupturas para melhorar as condições quantitativas e qualitativas de vida, mas enferma de comportamentos de passividade (egoismo) suficientes para aceitar que tais rupturas sejam protagonizadas apenas pelo vizinho e desde que não comprometam os restantes compatriotas (além de egoistas, também covardes). É esta a noção do risco que a sociedade portuguesa aceita correr para concretizar as acções que reconhece necessárias à modificação das condições políticas da sua vivência colectiva.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Brigantino disse…
Não existe nenhuma região chamada Trás-os-Montes. Existe o Alto Trás-os-Montes e o Alto Douro. E segundo as estatísticas do INE, nenhuma delas é a região mais pobre de Portugal, e muito menos o será da UE a 27 (que inclui regiões muito pobres da Roménia, Bulgária, etc...). Há algo que não bate certo neste artigo, ou será simplesmente aquele ímpeto que toda a gente em Portugal tem de associar forçosamente a região a aspectos negativos como a pobreza?

Queria só relembrar que as 7 regiões já foram chumbadas no referendo de 1997. Portanto faz todo o sentido serem as 5 regiões a irem a referendo desta vez, além de que assim se poderá poupar tempo no sentido de implementar a regionalização o quanto antes.

Não vale a pena os editores deste blogue estarem constantemente a inventar teorias impingindo ao visitante a ideia de que sem margem para dúvidas a região norte será assolada por um inevitável centralismo portuense à semelhança do que acontece hoje com o centralismo lisboeta. Acho que nenhum de vocês possui uma bola de cristal capaz de adivinhar o futuro.
Anónimo disse…
Caro Brigantino,

O referendo não aprovou 7 regiões em 1997 nem 8 em 1998.
Relativamente às 5 regiões, já sabemos de experiência feita os seus resultados em termos de desenvolvimento, sem necessidade de fazer contas nem de manter preciosismos.
Mas bruxos da regionalização haverá sempre alguns por aí. Edificadores dela é que é mais difícl encontrar, mas também existem, felizmente, sabendo que uma andorinha nunca poderá fazer a primavera.
Em relação à pobreza regional quem me dera viver actualmente na futura Região Autónoma de Trás-os-Montes e Alto Douro, especialmente onde possa ver os efeitos da Natureza a partir da Galafura, virado tanto para oeste como para leste.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Caro Brigantino:

A resposta ao seu comentário está publicada no artigo "Trás-os-Montes e Beira Interior: o seu papel nas 5 regiões", publicado hoje às 15h.

Cumprimentos.