Fusão entre a AEP e AIP


(JN) 19.10.09



A anunciada fusão entre a Associação Empresarial de Portugal (AEP) e a Associação Industrial Portuguesa (AIP) ainda é uma história mal contada. Sendo que o que já se sabe assenta em dois equívocos. O primeiro é o de que os patrões têm de falar a uma só voz.

Estranho argumento que, a ser levado à prática noutros sectores e actividades do país, nos conduziria, aí sim, para a "asfixia democrática". Poderíamos sempre defender, a seguir, a criação de uma central sindical única, porque há toda a vantagem em que os trabalhadores falem a uma só voz; e evoluir, depois, para um regime de partido único, para que todo o país falasse a uma só voz. Bastaria um a pensar e a falar por todos. Como pelos vistos pretendem os patrões.

O segundo equívoco, mais grave, porque é para levar mais a sério, é o de que, falando a uma só voz, a voz dos patrões tem de estar bem instalada em Lisboa. Para citar o presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários, Francisco Balsemão, "o diálogo institucional sai beneficiado com a proximidade dos centros de decisão".

Resumindo, e seguindo esta brilhante linha de pensamento, a mesma que conduziu à anunciada fusão, em vez de lutarmos contra o centralismo quase fascista que se instalou em Portugal, devemos render-nos de vez às evidências e ao facilitismo e mudarmo-nos todos para a capital de armas e bagagens.

Porque é mais fácil tratar de qualquer problema, seja ele empresarial, de saúde, laboral, autárquico, cultural, social, se estivermos próximo dos centros de decisão. Que estão na capital. Que belo país teríamos. Finalmente o sonho concretizado: o país seria Lisboa, o resto paisagem.

Comentários

Anónimo disse…
Restam as associações de âmbito regional para fazer face a esses senhores
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

A infraestrutura industrial da economia portuguesa esta localizada mais a norte que a sul; o poder de uma entidade empresarial fusionada (ideia fundamental a desenvolver e a consolidar atarvés dos seus ramos regionais - 7) poderá funcionar mais eficazmente a norte que a sul, bem longe do poder político central para não ser contaminado, especialmente neste século apocalítico e gripal.
Especialmente quando se ouve como solução política uma sugestão empresarial para a crise através do congelamento dos salários (quando estes representam uma parte cada vez menos significativa na distribuição do rendimento nacional e corolário de uma economia especializada miseravelmente nos cada vez mais baixos salários absolutos e relativos) e da subida dos impostos (desde que não seja das empresas, presume-se).
Estas propostas são a antítese de uma política de desenvolvimento integrado, autosustentado e equilibrado e correspondem a soluções do mais bafiento que existe, como bafienta e mal cheirosa aparece agora outra amnistia fiscal (a segunda, parece-me) para retirar dos "offshores" colossais fortunas formadas a partir dos tais baixos salários antes referidos, pelo menos.
Como é isto possível?
Como é possível insistir sempre no mesmo, em propostas que nada têm de novo nem contribuem para um esforço real de desenvolvimento? Para fazer isso, qualquer um pode ser nomeado ministro, sem exigir preparação técnica especial ou especializada.
Como é tal possível? Estaremos no século XXI e inegrados na União Europeia, à beira do passo fundamental para a sua afirmação política definitiva no Mundo ou nalgum século escondido da recôndita Alta Idade Média?

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)