Adiar das regiões não convence

Afinal não é para já.

Discussão: Para Paulo Morais, Rui Moreira e Carlos de Brito a regionalização atenuará a crise


O Governo encara a regionalização como uma meta, mas PS e PSD só vão discutir o assunto depois das eleições presidenciais previstas para Janeiro de 2011. O líder da bancada do PSD na Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, alude à premência de se combater primeiro a crise. Pelos socialistas, Francisco Assis também já admitiu que não há condições para avançar antes. As justificações incluem a necessidade de se chegar a um “consenso político”, mas várias personalidades ouvidas pelo GRANDE PORTO refutam estes argumentos.

O ex-vereador da Câmara do Porto, Paulo Morais, refere que “a razão que leva a que muitos políticos defendam que o debate sobre a regionalização se faça no final da legislatura é porque vêem que esta seria uma das formas de garantir emprego a muitos presidentes de câmara que estão no seu terceiro e último mandato e com problemas de orientação de carreira”.

Também não vê “em que é que as presidenciais vão afectar positiva ou negativamente” o processo. “É uma falsa questão. Influencia tanto como as fases da lua”, ironiza. Frisa ainda que “não há nenhuma razão para a discussão ser adiada em termos da estrutura político-administrativa do país”.

Quanto à necessidade de consensos políticos, a questão deve ser discutida “em função do interesse do país e não dos políticos”.

Sobre o argumento da crise, advoga que “com o desmantelamento do Estado central”, a regionalização “pode reduzir a despesa e ajudar à resolução da crise”.

Este modelo só fará sentido se existir para “diminuir a despesa do Estado” e quem utiliza a crise como justificação “é porque está à espera que a regionalização represente um aumento de despesa e a manutenção desse sistema farta vilanagem que é a gestão do erário público”, atira.

CONSTITUIÇÃO ERRADA

Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, acredita que a falta de regionalização é a maior razão para a crise que se está a sentir. Face à actual conjuntura, a regionalização era uma solução necessária pois “é quando se está doente que se precisa de medicamentos”.

“Sou a favor da regionalização”, diz Rui Moreira, para quem o referendo devia avançar ainda durante este mandato, aproveitando para alterar a Constituição.

Para si a Constituição está “errada”, uma vez que impõe que haja maioria a nível nacional e regional na votação, sob pena de o processo ser chumabo, impondo-se “a vontade de uma minoria à maioria”. Sobre o consenso político, diz que esta é uma decisão do povo e não política, não precisando assim de consensos.

A regionalização seria “uma maneira de resolver a crise”, mas é também algo que “ameaça os dirigentes partidários, que são naturalmente centralistas”, e os partidos, que “não são descentralizados”, considera o ex-ministro Carlos de Brito.

“É respeitável a opinião dele [Aguiar-Branco]. Eu tenho a opinião de que quanto mais cedo melhor”, comenta o líder da distrital do PSD do Porto, Marco António Costa, que critica ainda a proposta de Marcelo Rebelo de Sousa para um referendo interno no partido sobre a regionalização, dizendo que é uma “atitude táctica” para “adiar o assunto”.

|Grande Porto|

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Não são compreensíveis os receios permanentes que impedem a libertação das pessoas em pensar e actuar sobre a regionalização, seja de que natureza for, pois será uma inevitabilidade, quer muitos queiram quer não.
Tais receios fazem-me abalar para o comportamento típico dos portugueses que já aqui referi, há largos meses, relacionado com os "serviços mínimos".
Somos uma sociedade de serviços mínimos a muito bem se ajustam os direitos adquiridos: uns a nível salarial e bem, outros a nível dos subsídios e das benesses orçamentais, muitas vezes sem se saber a que título; até na selecção nacional de futebol (e noutras equipas principais de futebol), como basta o empate no jogo com a Bósnia, por exemplo, há que defendê-lo. Vão jogar para o empate e lá se vai o apuramento no "play-off" porque irão perder face a uma estratégia de jogo muito mais eficaz e organizada como colectivo de jogo; há empresas a fechar, logo mais uns pózinhos de ajuda, ao dinheiro dá-se o devido sumisso e passados alguns meses, o martírio lá se acaba, sempre com os mesmos prejudicados e beneficiados: o que está em causa aqui é também os "serviços mínimos" mas também os "benefícios máximos".
Em linguagem popular, somos uns cagarolas bastante manhosos e ambiciosos quanto baste, desde que a "vidinha" de cada um esgaravata esteja garantida. Embora tenha inteira razão Sua Exª. o Presidente da República, ao falar na necessidade de incutir ambição em tudo que temos de fazer (com a teia de interesses super protegidos pelos suspeitos do costume, em todos os domínios da sociedade portuguesa, sendo esta a corrupção de natureza quase esclavagista para os outros porque quem não for não "entra"?), como será possível assegurá-la com esta molenguice dos "serviços mínimos" para todos e "benefícios máximos" só para muito poucos?
Não acredito nesta conversão recente de notáveis à regionalização nem na sua capacidade para fazer andar para a frente um projecto político que vale só por si, mesmo que tentem convencer as populações que aplicarão os "serviços máximos" e se comprometam com os "benefícios mínimos" para conter as assimetrias de crescimento, primeiro, de desenvolvimento não se saberá quando.
E vejo "serviços mínimos" em tantas situações que me "passam pelas mãos" todos os dias, em relação a tantas entidades pessoais e colectivas que tinham a obrigação de melhorar o respectivo desempenho, primeiro com os "serviços intermédios" e, lá mais para a frente, com os tais "serviços máximos".
É caso para perguntar: como é que se poderá alicerçar a ambição colectiva se a nossa vocação é para alimentar os fadistas "serviços mínimos"?
Em resumo: "Claro que, afinal, não é para já".

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Gostaria ainda de completar o comentário anterior com a necessidade de se criar uma ALCUNHA NACIONAL: proponho que se crie a alcunha "O FALTA DE MEIOS".
Se existe uma lacuna num serviço qualquer, o respectivo responsável, depois de uma intervenção oral, na mais fina linguagem tecnico-científico a calhar com a gravata e o fato, a defender o que de bom existe no serviço, então o que de mau aparece só é devido "à falta de meios"; se acontece uma barracada num qualquer serviço de prestação pública, as câmaras TV aparecem mais rápido que o belzebu e o responsável não hesita no louvor contristecido aos subordinados no que existe de excelente nas pretsações de serviço, para o mau ser sempre culpa da "falta de meios". Podíamos estar aqui a noite inteira a enumerar uma série infinita de casos, sempre com a companhia beneplácita e fraterna das câmaras de televisão e dos repórteres dos jornais, que cairíamos sempre na mesma desgraça dos "serviços mínimos" devido`"à falta de meios".
Hoje mesmo, já atribui a alguns dos já muito habituais viciados nos "serviços mínimos" a alcunha honorífica do nosso País: "O FALTA DE MEIOS".

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Lanço daqui um desafio aos canais de televisão para um projecto de programa televisivo ou até de rádio, um artigo de jornal e sei lá que mais, em forma de crónicas subordinada a um génerico com o seguinte nome:

"O FALTA DE MEIOS"

Vou escrever um livro dedicado à filosofia desconstrutivista do "falta de meios".
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Finalmente, sugiro que seja instituida a "Ordem dos Serviços Mínimos" tendo como condecoração, nos seus diferentes graus (colar comenda, etc.) "O FALTA DE MEIOS".
Assim, no dia de Camões, da Raça, de Portugal e das Comunidades Portuguesas, deveria ser aplicada no peito de cada especialista nos serviços mínimos, a comenda (ou o que for) do "FALTA DE MEIOS" para que toda a sociedade conheça quem se preocupa sempre com esmero em "tratar-nos da saúde" com garantia vitalícia, pelo menos, de manutenção no cargo.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Afinal, todos muito interessados na regionalização, até apostados na existência de organismos para sua defesa e implementação e quando se apresenta uma proposta de associação, também se remetem aos "serviços mínimos": ninguém diz nada; espero também e ainda que não se transformem em protagonistas merecedores da comenda do "FALTA DE MEIOS" (não chegava o Terreiro do Paço, a Rua Augusta, os Restauradores, a Avenida da Liberdade, o Marquês de Pombal, o Túnel mandado executar pelo Dr. Santana Lopes, os Estádios de Futebol da cidade-capital e a CP teria de encomendar à pressa centenas ou milhares de carruagens e máquinas para transportar, em "serviços máximos" os dos "serviços mínimos", a fim de receberem a tal comenda.
Se isto pega, estou tramado!