Governadores Civis (2)

Contributo para diminuir o défice das Contas Públicas pelo lado da despesa!...

À falta de uma eficaz Regionalização que tarda em nos libertar do Poder Central e que faz com que o Litoral evolua constantemente e o Interior vá definhando a cada dia que passa, os governadores civis, nomeados pelos governos, continuam a existir, exclusivamente, como agentes políticos , representantes do governo nos distritos, com excepção dos Açores e da Madeira, essas sim verdadeiras regiões que tantos de nós gostaríamos de ser.

Se nunca se soube muito bem para que serviam até agora, com o gradual esvaziamento e a perda de competências em favor das autarquias, muito menos se justifica este desperdício constante, diria mesmo esta inutilidade, com consequências significativas no delapidar do erário público.

Sim porque este capricho, além de nos ficar muito caro é uma ficção governativa limitada a uma restrita área de competências, (passaporte, festas e inaugurações), enquanto durar o governo que os nomeou, mas assegura excelente rendimento a cada um deles com o desiderato de apenas se manterem fiéis...

Os Governos civis são assim um modo de satisfazer clientelas partidárias, portanto coisa que interessa a todos os partidos que estão ou esperam vir a estar no Governo, pelo que nenhum deles está interessado em acabar com estes cargos, com excepção, por razões óbvias, dos partidos de pequena expressão eleitoral.

O caso é tão mais deplorável quando os nomeados são pessoas aposentadas. Pessoas que já trabalharam uma vida inteira e por alguma razão são aposentadas deveriam agora descansar e dar emprego a outros… Pois sim, num país de desempregados, em vez de se criarem postos de trabalho, não! Vamos dar outro salário a quem já tem um e negar um único salário a quem nada tem!...

Veja-se então o deplorável caso do nosso distrito.

A até agora, comissária política do governo, perdão, Governadora Civil, Maria do Carmo, aposentada e, portanto, à semelhança do cidadão comum, sem necessidade de outro salário, foi nomeada governadora.

Não bastando isso, a Sra. teve um acidente e durante anos andou a arrastar-se, a locomover-se de canadianas sem capacidade para fazer face, sequer, à exígua agenda política, o que a obrigava a estar quase sistematicamente ausente de encontros ou reuniões.

Porque é que esta situação, deprimente, se arrastou tanto tempo? Que interesses estiveram por detrás desta teimosia da manutenção no cargo, de alguém sem ideias, sem dinâmica, sem genica, quando desta situação só podiam resultar prejuízos para o distrito?

Enfim..., mas o pior de tudo na vida é não sabermos aprender com a pedagogia do erro, pois só os jumentos erram duas vezes na solução para o mesmíssimo problema.

Não é que o (novo) Governador Civil, nomeado pelo governo, é novamente um cidadão aposentado há mais de três mandatos autárquicos? Pois é, Santinho Pacheco, antigo presidente da câmara de Gouveia é o novo comissário político do Governo no nosso distrito.

Vamos aguardar para ver como é que, mais uma vez, este aposentado vai cumprir as suas esvaziadas competências…

Uma promessa recorrente na política, em Portugal, foi a de acabar com os governos civis. Já foi prometido pelo PS, em 2001 quando perdeu e em 2004 quando ganhou. Foi também bandeira do PSD, na vitória de 2001 e na derrota de 2004. Não será já tempo de arranjar coragem e acabar com eles de vez?... Afinal era capaz de ser um contributo significativo para diminuir o défice das Contas Públicas pelo lado da despesa!...

Apesar de tudo um abraço de amizade ao meu amigo Miguel, novo governador de Viseu, que é um jovem, com muita genica, além de ter a vantagem de não ser mais um aposentado a arrastar-se por aí…

|J.V.|

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Seria aconselhável que, no nosso País, nos acostumássemos a tratar apenas dos assuntos importantes, essenciais e que determinem uma evolução qualitativa da sociedade portuguesa.
Tratar constantemente de assuntos políticos como os "Governadores Civis" deverá sê-lo somente pela estricta necessidade de os extinguir, de vez, da estrutura orgânica do ministério que os nomeia: o Ministério da Administratção Interna.
Relativamente a outros assuntos também de incidência política, o melhor é "ignorar" o que se está a passar, pelo seu carácter obsceno e circence quando tratados pela comunicação social. Pelos vistos, há ainda muito boa gente que defende aquilo em que já os romanos eram especialistas, impedindo-nos de toda e qualquer inovação nessa matéria: "pão e circo". O pão tarda mas o circo continua, nas piores condições éticas, políticas e jurisdicionais, agora até com exigência pública esgarada de sangue derramado a qualquer preço.
Com as elites diversas que temos e como as vamos infelizmente conhecendo através de intervenções na comunicação social (os modernos pelourinhos), a sociedade portuguesa não precisa de inimigos externos, porque os seus piores inimigos estão dentro do seu próprio território, as quais não têm demonstrado nenhuma cultura cívica mas uma cultura egoista onde o utilitarismo e o pós-modernismo bacoco imperam com a impunidade conhecida.
Por fim, a regionalização, como tenho insistido e sempre insistirei, nunca poderá situar-se ao nível de um capítulo minúsculo de um programa político-partidário, mas do verdadeiro programa político para 5 legislaturas completas seguidas, pelo mesmo ou por diferentes partidos, com as exigências estruturais e absolutas que tenho vindo a divulgar neste blogue, para cuja implementação não existem alternativas válidas em termos de desenvolvimento.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Os governadores civis, apesar das poucas competências que têm, ainda são dos poucos órgãos de poder no Interior. Mas as mentes que se regem pela "lei do corte" já estão a começar a preparar-se para desferir o golpe final no Interior, ou seja, com as 5 regiões plano, para o Interior, nem governadores civis nem junta regional. Nada. Apenas municípios. Próxima paragem: Coimbra, 160 kms...
Assim anda o nosso país: a ânsia egoísta de tirar ao Interior o pouco que tem para dar ao Litoral... Que vergonha!
templario disse…
Também sou de opinião de que o cargo de governador civil devia ser extinto.

Mas cai mal este parágrafo:

"Apesar de tudo um abraço de amizade ao meu amigo Miguel, novo governador de Viseu, que é um jovem, com muita genica, além de ter a vantagem de não ser mais um aposentado a arrastar-se por aí…"

Esta citação encerra várias contradições que não interessa agora escalpelizar. E então aquela parte....

que é um jovem, com muita genica, além de ter a vantagem de não ser mais um aposentado a arrastar-se por aí…"

Valha-nos a NS da agrela, que não há santa como ela. E se não fosse amigo, não o conhecesse... - lá estaria ele metido no mesmo saco dos aposentados a arrastarem-se..., e se se desse o caso de não ser jovem, teria a beneplácito da anuência, já que era amigo e com jenica.

E se apontássemos as baterias ao criminoso funcionamento dos partidos, agências de emprego, polvilhados de gente que vê no Estado a solução para os seus problemas pessoais, que enxamearam a adm. pública e ocupam os Cargos públicos e políticos de amigos e familiares - alguns para governadores civis.

Sim! É bom não esquecer que são estes mesmos partidos (em particular os que têm exercido o poder) que são responsáveis por isso, que deram guarida a corruptos sem vergonha, a magistrados que vestiram as suas camisolas (dos partidos), que delapidam o erário público de verbas astronómicas, que se preparam para aceitar que os professores (maus e de excelência)tenham acesso ao mais alto estatuto de carreira, que alienaram a política ao povo e, quem ouvir um pouco dos debates na AR, estão permanente em campanha eleitoral, etc., etc..

Continua.......
templario disse…
....... Continuação

E são estes partidos, que nos levam a já não saber o que é uma pessoa honesta, nesta nossa sociedade da instantaneidade que suprimiu a importância da ética que estão a tentar mancomunar-se para implementar a regionalização, sem estudos, sem ponderação - apenas como negócio de partilha do território para criar cargos para os fidalgos da sua côrte e porem em perigo a unidade nacional.

Regionalização, regionalização! Oportuna falácia para tentar encobrir a falência total do nosso sistema partidário de há anos a esta parte. Eles são agora os partidos dos "instalados", e não olham a meios para deitar a baixo, esmagar, o único instrumento de poder que as comunidades estimam e onde se revêem: Poder Local, Municipalismo.

A grande batalha a travar em Portugal é a da cultura, que chegue e revolucione o funcionamento do sistema partidário português - pilar vital da liberdade e democracia.

E esta batalha deve travar-se por todo o país, as pessoas devem deitar mãos a um grande movimento associativo para debater tudo, e não fingirem que não estão atrelados a este sistema partidário putrefacto, contaminado de todas as corrupções. Devem olhar para a imprensa local e denunciarem a quem estão a servir - porque a nacional já o percebemos. Devem questionar-se como foram escolhidos os candidatos, as suas relações de amigos, familiares, o que têm feito como eleitos para quem os elegeu e o que vão conseguindo para os seus próximos, desprezando méritos e capacidades.

Os defensores da regionalização parece não se interessarem com estes problemas; só o poder, formas de poder os mobiliza. engrossar o Estado de órgãos de poder que iriam ser preenchidos por gente da qualidade que têm vindo a parir, salvaguardando muitas excepções. Não são os de Lisboa, os interesses de Lisboa que são responsáveis pelas grandes desigualdades do país. Os seus causadores estão espalhados por todo o país, muitos andam por aí a clamar pela regionalização.