Um país minúsculo chamado... Lisboa

“Se se quer “subir na vida” tem de se ir para a capital. Ali está tudo....”


MÁRIO DORMINSKY | Vereador da CM Vila Nova de Gaia |


Sou claramente defensor da regionalização baseada nas cinco comissões de coordenação já existentes em Portugal.

Considero que essas futuras regiões poderão mais facilmente dialogar com o Governo e com a União Europeia, dado que os seus eleitos (sim, defendo a eleição directa destes órgãos) são conhecedores das realidades regionais e locais, o que não acontece actualmente com quem se senta nos gabinetes do Governo.

Serão, admito, Governos Regionais com responsabilidades muito próximas daquelas que correspondem ao Governo do País. A nível financeiro em vez das
autarquias terem de enviar integralmente para Lisboa o dinheiro que recebem dos impostos autárquicos, geririam as regiões, com base nessas verbas e, com a captação de investidores privados, fossem eles portugueses ou estrangeiros poderiam avançar com outros projectos de interesse regional. Tal é possível.

No caso de Gaia isso tem sido evidente. Em dez anos de mandato de Luís Filipe Menezes conseguiu captar mais de mil milhões de euros em investimentos privados e… essa “entrada” financeira continua… com investimentos vindos do Oriente, do norte de África ou Ocidentais.

Sem essa política, de governar uma cidade como se fosse um país, a transformação total de Gaia nos últimos anos seria impensável.

Os Governos Regionais teriam de ter a responsabilidade de lidar com politicas como as de ensino, sociais, culturais e com aquela que poderia ser a nossa maior industria… o turismo, que faria crescer os serviços de forma gigantesca e permitiria diminuir o desemprego.

Estes governos não teriam naturalmente responsabilidades na política externa mas teriam naturalmente palavra nas políticas que o Governo Central quererá implementar no País.

Cabe naturalmente aos políticos eleitos para a nossa Assembleia da República criar juridicamente a estrutura destas regiões capazes de fazer lobby de pressão para defender as propostas políticas que teriam de apresentar aos seus eleitores.

Quanto aos órgãos autárquicos seriam naturalmente braços armados de cada Governo Regional e teriam praticamente as mesmas competências que possuem hoje em dia, só que não se “deslocariam” continuamente ao Poder Central, para andar a mendigar as verbas necessárias para que o País pudesse ser mais equilibrado e não fosse como agora… mera paisagem.

E tudo isto porquê, se de facto somos um pequeno país. Já não há sedes de grandes empresas a norte…todas foram para Lisboa. Se se quer ”subir na vida” tem de se ir para a capital. Ali está tudo e… todas as (poucas) oportunidades que este Portugal nos oferece nos tempos que correm.

Poderíamos ter, por exemplo, uma comunicação social vocacionada para cada região. Media capaz de nos informar do que ali se passa para não sermos obrigados a ter só conhecimento do que se passa na Capital.

Claro que estas linhas, estes conceitos, são empíricos.

Mas temos o exemplo de Espanha e da maioria dos países da Europa para “aprender” copiar como é que as regiões funcionam e isso é uma atitude que só demonstraria inteligência.

É que se éramos um país pequeno… ele agora é minúsculo. É mesmo só… Lisboa.

|GRANDE PORTO|

Comentários

Eu sinceramente gostava que estes senhores respondessem a uma pequena questao: se por acaso o mapa que for a referendo nao for o das 5 regioes, sera que eles votam Sim?
Era uma questao que gostava de ver respondida...

E em caso de rejeiçao do mapa, e aprovaçao da regionalizaçao, que fariam estes senhores? Basta percorrer um pouco a blogosfera para vermos que este mapa e muitissimo mal-amado, principalmente em algumas zonas do pais... Portanto nao estou a falar de nada irreal...
Paulo Rocha disse…
Todos sabemos que o que foi chumbado no Referendo de 1998 não foi a Regionalização mas antes um certo modelo 8 regiões) de Regionalização.

Insistir no mesmo modelo ou noutro muito semelhante conduzir-nos-ia para um resultado semelhante.

É sabido que na altura houve enormes divergências nos municípios de fronteira das regiões então propostas. Ora, quanto mais regiões, mais problemas desta ordem.

Também um dos grandes problemas dos diferentes modelos de regionalização são as chamadas capitais das regiões. Dentro da mesma linha de raciocínio, quantas mais regiões, mais capitais e logo mais problemas.
Caro Paulo Rocha:

Dizer que em 1998 o que foi chumbado e uma falacia inqualificavel.

Em 1998, no referendo, existiam 2 perguntas: na primeira avaliava-se a concordancia quanto a regionalizaçao em si, na segunda a concordancia contra o mapa.

O que e certo e que ganhou o nao nas duas, e com percentagens relativamente semelhantes.

Logo, dizer que em 1998 os portugueses votaram nao ao mapa, so pode ser considerado, perdoe-me a expressao, um atestado de burrice aos portugueses que votaram no referendo de 8 de Novembro.

Em 1998 ganhou a confusao. Os argumentos falaciosos. A politiquice mais brejeira. Ganhou o clima medo, e ate terror, instalado nas populaçoes por alguns politicos mal intencionados.

Quanto aos municipios de fronteira, na altura o que ficou bem patente foi a ma opçao do governo em basear as delimitaçoes das regioes nos distritos e nao nas provincias tradicionais. Ora, se esse mapa nao respeitava totalmente as provincias, as 5 regioes agora propostas simplesmente fazem tabua-rasa delas. Resumindo, quem tinha razoes para criticar o mapa tem agora ainda mais.

As capitais regionais, com esse conceito de capital, centralista, vao dar sempre confusao, qualquer que seja o numero de regioes. Por isso e indispensavel que qualquer processo de regionalizaçao assente no modelo açoriano, com serviços distribuidos pelas actuais capitais de distrito, e que isso seja desde logo garantido antes do referendo. Com um modelo de grandes regioes, como estas 5, sera muito mais dificil distribuir serviços pelas capitais de distritos, e havera sempre algumas que serao esvaziadas de serviços. Por exemplo, no "centro" existiriam 6 capitais de distrito, enquanto no modelo de 7 regioes, nao haveria nenhuma regiao com mais de 4. Como ve, o modelo de 5 regioes e ainda mais confuso e menos vantajoso aos olhos dos eleitores que votaram "nao" do que o proposto em 1998.
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Rocha disse…
Também defendo um modelo que não contemple a figura das capitais regionais. Num país onde a inveja, os interesses e as rivalidades paroquiais predominam esta ideia da capital regional não é uma boa aposta.

Para que conste, o meu modelo ideal de regionalização é o chamado 5+2.

Os territórios das actuais CCDRs com as Áreas Metropolitanas do Porto e Lisboa autonomizadas desses territórios.
templario disse…
Caro Paulo Rocha,

Com o devido respeito, não procure tapar o sol com uma peneira: os portugueses que votaram no Referendo de 1998, votaram NÃO à regionalização.

A sua dedução até é curiosa, tendo em conta que a maioria dos "militantes" pela causa das "vedações" defendem a decisão no Parlamento, pondo o voto do povo de parte. E porquê? Porque, no seu entender (especialmente no de alguns catedráticos da nossa praça e outras luminárias...) têm como suposto que o povo não tem capacidade para enxergar a complexidade... do tema da regionalização!

E vem o senhor agora(não é o único)
com a sua análise quase científica, sociológica... conceder tão elevado conhecimento e discernimento do povo sobre a matéria, ou seja: o cidadão anónimo analisou os 8 Terreiros do Paço a implementar, as suas implicações identitárias, hoistóricas, culturais, étnicas, até mesmo tecnocráticas..., raciocinou profundamente e prontos, voto NÃO porque isto de oito está mal, etc., etc., etc...
E até terá cogitado para si que cinco é que seria belíssimo.

Tome nota, por favor:

"Região é uma divisão do mundo social estabelecida por vontade própria", região não é uma realidade natural.

É por isso que a regionalização em Portugal é um negócio político de partilha entre os partidos e as suas clentelas, é um ressaibamento contra o Estado e a Nação, onde não podem caber todos à mangedoura do OE e cada vez caberão menos.
templario disse…
Peço desculpa: escrevi no último parágrafo "ressaibamento" (até devia ser "ressabiamento" e julgo que tão errado é uma como outra.

Corrijo para "ressentimento".

... é uma desgraça.
Paulo Rocha disse…
Caro Templario,

As questões da existência ou não de regiões naturais e regiões históricas no nosso país, sobre as quais ilustres personalidades do nosso meio académico se têm debruçado, no meu entendimento, não são centrais da chamada "regionalização".

A Regionalização é necessária, especialmente, para uma melhor administração do território e para combater o actual centralismo radical. Não é contra ninguém e muito menos contra Lisboa. Talvez seja mesmo a última oportunidade para manter o país unido
hfrsantos disse…
Repondendo a pregunta de Afonso Miguel, eu votaria SIM a Regionalizaçao independentemente do Mapa a Regionalizar, mas gosto do mapa das 5 regioes para Portugal porque todas as Regioes teriam interior e litoral.
Nao creio que a Regiao Norte abandonaria Tras-os-Montes, pelo contrario o fato de no Norte ja existir um polo de desenvolvimento muito grande no litoral seria uma vantagem para Tras-os-Montes poder aproveitar todo o conhecimento que ja existe no litoral para por exemplo formar os transmontanos nos polos de conhecimeto do litoral para que depois estes possam regressar as origens e ajudar ao desenvolvimento.$
Numa regiao com litoral e interior uma das prioridades seria melhorar os acessos ao litoral com reduçao do isolamento do interior para que a Regiao seja mais coesa.Pelo que com melhores acessos ao litoral, a populaçao nao teria as desvantagens atuais de habitar isoladamente no interior.
Com 5 Regioes em Portugal: todas as Regioes teriam litoral e interior e nao se entraria num despesismo de formar mais que 5 novas administraçoes regionais.
Anónimo disse…
Muito bem dito!
Anónimo disse…
Caro Templário,

Então ainda quer mais desgraça que a situação actual sem, qualquer perspectiva de alteração nos próximos anos?
Está a faltar-lhe o contributo de uma gastronomia regional, ali para os lados da Sub-Região da Bairrada, para lhe dar mais ânimo. É que assim nem sequer nos acompanha no seu combate contra a regionalização mas a favor ainda não sei de quê.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)