Partido Socialista quer regionalização até 2013

Doze anos depois do primeiro referendo, a regionalização volta à agenda política.

O líder parlamentar do PS, Francisco Assis, formalizou ontem a intenção socialista de "avançar com uma proposta de criação de regiões administrativas" até ao final desta legislatura, cumprindo assim o objectivo traçado pelo PS no seu programa de governo.

Mas o "chumbo" de 1998 obriga a cautelas: o partido quer "o máximo de consenso e o mínimo de precipitação" na discussão do tema, para evitar que o debate volte a ser "da ordem do simbólico e recheado de mitos de parte a parte".

O anúncio marcou o arranque das jornadas parlamentares do PS, que este ano decorrem em Beja sob o lema do desenvolvimento regional. Um discurso em que o dirigente socialista se mostrou convicto de que a regionalização permitirá "aumentar a coesão nacional", "racionalizar a despesa pública" e "criar novos centros de decisão, mais próximos e mais capazes".

Factores que, no entanto, precisam de "uma discussão aberta" para viabilizar a regionalização. "É preciso evitar a disputa através de slogans antagónicos e genéricos, para que não aconteça o que aconteceu no passado", defendeu Francisco Assis.

Sem apontar um modelo concreto dos socialistas para a criação das regiões administrativas, o dirigente garantiu apenas que o PS defenderia sempre um referendo à regionalização "mesmo que não fosse obrigatório, de acordo com a Constituição". Mas também o timing dessa consulta aos cidadãos continua sem estimativa: "Só poderá acontecer quando se reunirem condições bem distintas daquelas que levaram à rejeição popular em referendo", argumenta o ministro da Economia, Vieira da Silva.

A única convicção entre os socialistas é a necessidade de evitar o tratamento da regionalização como tema de confronto. "O que é preciso é discutir o que podem trazer as regiões ao país, como se financiam, quanto custam, como vão articular-se com o poder local e nacional e como vão articular-se com as regiões vizinhas de Espanha, por exemplo", sublinhou Assis, que desafiou o PSD para que se junte à procura de consensos neste dossier.

"No PSD há muitas pessoas que defendem este caminho e este modelo. Se o debate for feito com abertura, elevação e rigor, de forma a que não se afaste ninguém, todos sairemos a ganhar.

Este é um bom tema para discutir Portugal não apenas a pensar no imediato, mas sobretudo a pensar no futuro".

Entre os sociais-democratas, porém, o tema não colhe grande entusiasmo. Pelo menos no imediato. "Já dissemos que a questão da regionalização e do referendo só deverá colocar-se depois das presidenciais", recordou o presidente da bancada parlamentar do PSD, José Pedro Aguiar-Branco, em declarações à Lusa. Ou seja, por agora o dirigente dá apenas como assente que o partido "é favorável a um referendo" e que não forçará "um novo processo político enquanto os portugueses não se pronunciarem favoravelmente em novo referendo".

A necessidade de discutir internamente a regionalização impede os sociais-democratas de anteciparem qualquer decisão. "É uma matéria que divide o PSD. Na altura própria, quando a questão se colocar, o PSD tomará uma posição", reconheceu Aguiar-Branco.

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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Parece que o PS quer a regionalização até 2013. Eu também "quero" como regionalista convicto (para muitos talvez traidor à unidade da Pátria), mas tal não chega.
Por outro lado, a data-objectivo fixada - 2013 - vai enquadrar-se já na próxima legislatura e esta projecto de natureza política ficará de novo encalhado. Ainda na referência ao "querer", faz-me lembrar certos dirigentes empresariais-gestores de costas quentes a mandarem bocas para os jornais a informar o "mercado" que "querem xis por cento de mercado" como se tal objectivo de quota de mercado estivesse já no "papo". Coitados de todos estes "QUERERES" impressionistas, especialmente sobre a regionalização que não pode ser outra senão autonómica.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)