Modelos de Gestão Aeroporto Francisco Sá Carneiro

A constituição de uma parceria público-privada com presença regional é a solução considerada como a mais vantajosa para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, cuja gestão deverá ser autónoma relativamente à do novo aeroporto de Lisboa.


Estas foram duas das principais conclusões do Estudo elaborado pela Faculdade de Economia do Porto (FEP) e pela empresa consultora Deloitte, salientadas, em jeito de síntese, por Rui Rio, Presidente da Junta Metropolitana do Porto (JMP), no final da conferência de imprensa destinada à apresentação pública do extenso documento.

O reconhecimento de que o Sá Carneiro é estrategicamente decisivo para o desenvolvimento da Área Metropolitana do Porto e Região Norte foi outro dos «veredictos» do estudo, devidamente sublinhado pelo autarca, que deixou bem claro o facto de a JMP «não ter perdão se não assumir este como um tema fundamental».

O Presidente daquela estrutura metropolitana, que na próxima reunião da Junta tomará uma posição política quanto a esta matéria e aos passos a seguir no futuro imediato, considera negativo que o Francisco Sá Carneiro seja integrado num modelo de gestão nacional, uma vez que poderia «ser prejudicado em benefício do maior investimento em torno do novo Aeroporto de Lisboa».

Admitindo que o Governo não terá interesse em recusar liminarmente o modelo agora apontado (parceria público-privada com participação autárquica), Rui Rio afirmou que o que está em causa é optar pela melhor utilização possível daquele activo (Aeroporto Sá Carneiro) do ponto de vista nacional, sendo certo que – na sua óptica – «quando se olha para o plano nacional não se pode perder de vista o ponto de vista local e regional».

O autarca frisou, a propósito, que a concessão a uma parceria público-privada seria geradora de receitas para o Estado. Para além deste modelo, o estudo debruçou-se sobre mais cinco alternativas, a saber: parceria público-privada de Direito privado, gerida por entidades públicas;monopólio público (como acontece actualmente com a ANA); monopólio privado; parceria pública e gestão privada.

Embora não se tivesse explicitamente pronunciado por uma opção concreta, o coordenador do estudo por parte da FEP, Pedro Quelhas Brito, advogou como «condição necessária» ao bom funcionamento do processo a presença do poder local na gestão do Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

Maior eficiência e capacidade de captação de low costs , mais segurança e maior coordenação de interesses com os parceiros locais são algumas das mais-valias encontradas no modelo de uma parceria público-privada.

Consulte:



1 - Relatório da Deloitte (4MB)

2 - Relatório Facultade de Economia do Porto (670KB)

3 - Sumário da apresentação (982KB)  

4 - O Aeroporto na Comunicação social


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Comentários

Paulo Rocha disse…
Os meus parabéns pela publicação destes documentos muitos úteis para a formação da opinião das pessoas que se interessam por esta matéria da gestão do aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

A problemática assente ne reivindicação da gestão nortenha do aeroporto de Pedras Rubras é reveladora de uma visão tacanha da forma como se tem de encarar a regionalização.
Por outro lado, a concretizar- tal pretensão, em nada alterará as condições reais de desenvolvimento da região a que chamam Norte, não contribuirá para uma maior convergência real e apenas encherá os bolsos de quem vier a ser escolhido como DONO de tal infraestrutura aero-portuária.
Continuamos com a metodologia dos serviços mínimos para todos e dos benefícios máximos só para alguns.
E depois disto, ainda há quem tenha a coragem de abordar a problemática do desenvolvimento com soluções de turno desta natureza.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Ás vezes, fico com a impressão que certas notícias publicadas nos órgãos de comunicação social se destinam mais a mandar recados que a apresentar soluções duradouras de desenvolvimento.
Paulo Rocha disse…
Estou, completamente, em desacordo com esta abordagem do amigo Anónimo 7 RA. Desde logo isto não é uma notícia que alguem se lembrou de dar, não... isto são doisestudos, bastante profundos (só o a da Deloite tem mais de 100 páginas)de duas instituições muito credíveis.

Estes estudos concluíram, contrariamente à opinião do A. 7RA, que a solução que melhor serviria a região Norte e por isso o país, passaria pelo estabelecimento de uma parceria publico-privada para uma gestão autónoma desta infraestrutura.
Anónimo disse…
Caro Paulo Rocha,

Mesmo independentemente dos estudos efectuados, reafirmo a posição que sempre aqui manifestei sobre a solução de privatização isolada do Aeroporto de Pedras Rubras como um acto isolado de uma política de transportes inexistente e por isso carente de lógica e racionalidade local, regional e nacional. Terá certamente lógica individual ou, com muita tolerância, "local" e "regional", mas o que se pretende não é a integração da sua gestão numa organização pública regional mas pura e simplesmente a sua privatização com destinatários presumidamente já apalavrados.
E a minha convicção não está suportada em nenhuma notícia, nem em espírito santo de orelha (como é nosso hábito, com as consequências sabidas), mas na objectividade do exercício político integral orientado para a protecção dos interesses gerais de uma sociedade local, regional e nacional. E nisto de estudos, valem o que valem, tanto podem ser estudos objectivos e válidos como uma opinião encomendada, lembrando-me agora da fantochada de tantos estudos que são divulgados, logo contraditados e depois recuperados em função de circunstâncias nunca entendidas nem entendíveis em tempo útil de compreensão.
Por isso, sou visceralmente contra a privatização do Aeroporto de Pedras Rubras porque não está integrado numa política de transportes local, regional e nacional e suas interligações com o exterior (será que a Autoridade Metropolitana de Transportes do Porto - este organismo até me provoca urticária - há séculos prometida, só vai ser empossada depois daquela controversa privatização?), não se sabendo muito bem o seu impacto no desenvolvimento das sociedades local, regional e nacional, apenas se sabendo que vai beneficiar quem comprar por preço que nunca será o justo tal infraestrutura de transportes. Independentemente de qualquer estudo que venha ainda a ser elaborado sobre a mesma matéria que já começa a enfastiar e cujo impacto na regionalização é nulo ou negativo: portanto, SOCIALMENTE PERNICIOSO. Reafirmo esta posição mais uma vez e, caro Paulo Rocha, sei muito bem do que escrevo, com o respeito devido a quem se mobiliza para opinar de forma diferente.
Finalmente, os defensores da privatização, ainda virão a este "blogue" fazer queixas da exorbitante subida das taxas aeroportuárias pós-privatização, porque mesmo a regionalização administrativa não estará implantada, com toda a certeza. Depois, Caro Paulo Rocha cá estarei à vossa espera, com um lenço de linho na mão, a secar as lágrimas e a curar as mágoas geradas pelo desgosto de se considerarem "enganados" por todo esse processo há muito inquinado (diria, "inclinado").

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Até houve quem argumentasse com a saída definitiva da RyanAir, tomando a sociedade como parva se não se procedesse rapidamente à privatização, perdendo-se milhões de Euros de investimento. Há bem pouco tempo, até se soube que a RyanAir, MESMO SEM A PRIVATIZAÇÃO, decidiu sediar no Aeroporto de Pedras Rubras a bas principal de operações no nosso País. Há muito chico-esperto que tem a memória curta, mas outros poderão não a ter, felizmente.