Norte perde nas verbas por habitante


ALEXANDRA FIGUEIRA

O Norte não está a receber quanto acredita ser-lhe devido, atendendo a que contém um terço da população nacional e alberga a maioria das empresas exportadoras, reconhecidas como a solução para o problema estrutural do país.

Quem o garante é Mário Rui Silva, gestor do programa de financiamento específico para a região Norte, o PO Norte.

O responsável enviou há meses uma carta de alerta a Nélson de Souza, gestor do Compete, o programa baseado no Programa Factores de Competitividade que, além de financiar parte da modernização da administração pública (ver página anterior), apoia grandes projectos empresariais.

Nessa carta, Mário Rui Silva alertava para o facto de a região não estar a receber a fatia do dinheiro comunitário que entende caber-lhe. E já depois disso voltou a alertar para o assunto. "Ainda não recebi resposta que me deixe mais confiante quanto à sua preocupação em atrair grandes projectos para o Norte", afirmou.

O gestor do programa regional reconhece que são as empresas quem escolhe onde investem, mas disse que as entidades públicas podem pressionar numa dada direcção.

Por isso, volta a apelar ao gestor do Compete e à AICEP, a entidade responsável por captar grande investimento, nacional ou estrangeiro: "Tendo em conta o peso da demografia e do desemprego e o estado da economia do Norte, o assunto deve preocupar o Compete e o Governo, que devem unir esforços para tentar trazer projectos para o Norte", afirmou.

Dos cinco grandes projectos superiores a 50 milhões de euros já aprovados por Bruxelas, só um está situado na região Norte: o da Ikea, em Paços de Ferreira. Um outro está previsto, para o tratamento de águas residuais no Ave, afirmou. No total, são 13.

Da mesma forma, entende que as opções políticas tomadas quanto ao Programa para a Valorização do Território serão determinantes, já que este envelope a financiar a ferrovia de alta velocidade ou o novo aeroporto em Lisboa.

Quanto se recebe, por cabeça

Olhando para os valores em euros, o Norte aparece como sendo quem mais dinheiro está a receber: 3,7 mil milhões de euros, seguindo em segundo lugar pelo Centro, com 2,4 mil milhões, e o Alentejo, com 1,5 mil milhões. Mas aqui estão incluídos os valores dos programas regionais, sendo que o Norte está mais avançado do que o Centro e o Alentejo na aplicação das verbas próprias.

Quanto aos três programas temáticos, Mário Rui Silva acredita que a formação profissional tem sido aplicada de forma equilibrada, mas que os valores estão muito baixo nos programas do apoio à economia e das infra-estruturas. "O que depende de factores extra-regionais não está a correr bem. A evolução equilibrada das regiões deve ser uma prioridade nacional", afirmou.

|JN|

Por L. Seixas.

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