FENPROF defende a regionalização

As mudanças na Função Pública e a resposta dos Sindicatos e dos Professores
(...)
Os portugueses em geral e os trabalhadores da AP em particular deverão continuar a lutar por uma Administração Pública moderna, descentralizada, desburocratizada, transparente e responsável ao serviço dos cidadãos, no fundo, que assuma e desenvolva o preceito constitucional.

Nesse sentido de verdadeira modernização da administração e do aparelho de Estado, e porque não tem uma visão imobilista e retrógrada da Administração Pública, o movimento sindical tem apresentado propostas que passam:
  • por uma gestão democrática, responsabilizadora e rigorosa dos serviços e pela transparência na sua organização e no seu funcionamento;
  • pelo rigoroso cumprimento das leis e da Constituição da República Portuguesa no que concerne às atribuições do Estado e às suas funções sociais. Na Educação, por exemplo, exige-se um investimento efectivo na Escola Pública e não, como tem acontecido, uma despesa crescente com o privado;
  • pela descentralização administrativa através, principalmente, de um processo de regionalização democrática do país, que tarda, e do reforço das autonomias regionais;
  • pela valorização do poder local democrático, sendo necessário que a cada transferência de novas competências corresponda a atribuição de novos e mais recursos;
  • pelo respeito pelos princípios de participação, desburocratização e responsabilização;
  • pela desgovernamentalização da AP com o reforço da autonomia dos serviços que se deverão sujeitar a balanços e avaliações sistemáticos, tanto dos organismos, como do desempenho, em primeiro lugar, dos seus dirigentes;
  • pela consideração e assunção da formação profissional como um investimento indispensável à modernização da AP e ao aumento da qualificação dos seus trabalhadores e dos seus quadros;
  • pela valorização, dignificação e qualificação das funções públicas e de todos e todas que as exercem.
(...)

Mário Nogueira
Secretário-Geral da FENPROF

Texto da intervenção na iniciativa "Novos desafios aos profissionais de Educação na Europa", organizada pelo SPGL, no passado sábado, dia 13, em Lisboa. O Secretário Geral da FENPROF participou na sessão subordinada ao tema "As mudanças na função pública e a resposta dos sindicatos e dos professores". 
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

A gestão da problemática relacionada com a EDUCAÇÃO é tão complexa que nunca se poderá ignorar o efeito da educação ministrada pelas familias aos seus filhos e netos, de forma a que se comportem como cidadãos exemplares em toda a sociedade, a começar nas escolas. No meu tempo, os pais nunca compareciam nas escolas e quando o faziam, com os filhos em casa, já lá tinha havido antes uma boa ensinadela capaz de serenar os ânimos por muitos anos.
Hoje em dia, os pais comparecem nas escolas, erradamente acompanhados pelos filhos, não a informarem-se do que se passou, mas para acertar contas com os professores, da pior forma possível, num acto tão mal educado (senão malcriado ou violento) quanto pior exemplo para os seus descendentes.
Em segundo lugar, tem a ver com o comportamento oudesempenho dos professores, com ou sem estatuto do aluno ou do professor e, no meu tempo, sem estes mimos legislativos, tudo rolava sobre esferas com a maioria dos professores a desempenhar a sua função que deve respeitar um horário de trabalho não confinante apenas com o período das aulas.
Por isso, se terá de haver uma desgovernamentalização da Administração Pública, neste caso na Educação, onde a regionalização autonómica poderá um contributo decisivo para tal, também terá de ser adoptada uma despolitização das acções de defesa dos interesses profissionais dos professores que nem sempre prezam os interesses superiores das Escolas e da Educação (os alunos), como designio nacional de conhecimento.
E é sempre mau sintoma quando apenas uma das partes se sente sempre no centro da razão objectiva de todos os diferendos políticos e na defesa dos seus inalienáveis direitos, ao mesmo tempo que a identifica na rejeição sistemática de obrigações decorrentes de exigências mais directas e importantes dos tempos modernos, nos quais dirige uma atenção excessiva à componente psicológica das questões do Ensino e menos aos conteúdos pedagógicos e educacionais.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - A regionalização autonómica do Ensino, a qualquer nível, poderá estabelecer patamares diferenciados de qualidade e concorrência saudável entre unidades de ensino, sem se sujeitar a padrões centralizados de funcionamento e estruturação, sempre concebidos e controlados à distância do desconhecimento dos factos e realidades regionais e locais. É aquilo a que se pode chamar "Educação de Gabinete".
templario disse…
Que me desculpe o Caro António Felizes, mas é a melhor maneira que encontro para comentar este Post duma Associação Sindical, que mais parece um programa político de governo.

O valor didático dos
Excertos de um artigo do jornal "Le Monde" de 14 Julho 2009-

Tradução do Professor António Rebelo, responsável do melhor Blogue Local que conheço-

TOMARA DIANTEIRA

de onde copiei estes excertos, pode justificá-lo.

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"CAPES -MUITOS CANDIDATOS E MUITOS ESFORÇOS MAS POUCOS ESCOLHIDOS

Muito selectivo, o concurso que abre as portas do ensino secundário exige um alto nível de preparação, desfasado em relação ao verdadeiro exercício da profissão docente"

"Pus entre parêntessis um ano da minha vida para preparar o CAPES. Durante nove meses trabalhei no mínimo oito horas por dia. E nem uma única vez, entre Setembro de 2008 e Julho de 2009, saí à noite ou me levantei mais tarde." Lauranne Bassoul, 23 anos e recentemente aprovada no CAPES de Letras Modernas (Francês e Literatura Francesa), confessa que, caso tivesse chumbado, "não teria certamente a coragem necessária para voltar a fazer o mesmo sacrifício".

O CAPES, que é a base do recrutamento da maioria dos docentes do secundário (66,5% dos professores titulares em 2008/2009 tinham o CAPES), é igualmente um concurso muito selectivo que exige uma preparação opressiva, realidade que nem sempre é reconhecida por todos. Numa altura em que se debate a revalorização da profissão docente, há quem tenda a esquecer que as portas das EB 3 e do secundário não se abrem tão facilmente como por vezes se pensa.

Este ano apresentaram-se 37.810 candidatos para apenas 5.494 vagas nos diversas disciplinas ou grupos disciplinares. No cômputo geral de todas as especialidades, cada candidato dispunha portanto de menos de 15% de hipóteses de aprovação final. Menos do que a percentagem de admitidos no exame do final do primeiro ano de medicina (Em França, para respeitar a igualdade republicana dos cidadãos, não há número clausus na admissão ao primeiro ano de medicina, mas sim uma prova muito selectiva no final do ano.), no entanto conhecido pela sua extrema selectividade (apenas 16,8% de aprovações em 2008).Tanto mais que, se algumas disciplinas do CAPES pouco procuradas têm percentagens de admissão mais favoráveis (150 lugares para apenas 440 candidatos, em Letras Clássicas (Grego e Latim), a maior parte são muito menos acessíveis. Em Filosofia houve este ano 1122 candidatos mas apenas foram aprovados 72."

Continua........
templario disse…
....... Continuação......

"Segundo Jean Ehrsam, inspector-geral da educação nacional e também presidente do júri único de Letras Modernas (Francês e Literatura Francesa), não há sequer a sombra de qualquer dúvida -"O CAPES continua a ser um concurso dificílimo, cujo nível de exigência é extremamente elevado. Os candidatos aprovados são excelentes. Estamos totalmente satisfeitos com os 750 recrutados este ano em Letras Modernas. Foram seleccionados após quatro provas escritas e três provas orais, todas muito complexas, o que pressupõe uma aprofundada cultura literária, que repouse sobre uma consciência precisa das relações entre língua e literatura, bem como um bom conhecimento dos métodos e dos programas de ensino do francês, tanto nas EB 3 como nos liceus."

Conhecimentos e aptidões que, tanto em Letras Modernas como nas outras disciplinas, não se adquirem do dia para a noite. Nem mesmo num ano inteiro. O relatório final do júri de letras deste ano sublinhas esse aspecto: "É absolutamente indispensável uma preparação a montante do ano do concurso. Não é em seis meses de memorização intensiva e mecanizada que se conseguem preparar os vários exames, adquirindo em simultâneo o método e os saberes necessários a qualquer futuro docente de francês."

Solange Siri que conseguiu este ano o CAPES de inglês, confirma a opinião do júri: "É indispensável uma sólida bagagem cultural para se apresentar ao CAPES. A regularidade do esforços constitui frequentemente a diferença, mas nem sempre é suficiente. Não basta ficar-se pelo "empinanço", é necessário "empinar" com método. Dado que já tinha abandonado o sistema escolar, foi ainda mais difícil para mim fazer essa preparação. Elaborei um planeamento de revisões pessoais, além das aulas preparatórias na universidade. Trabalhei todos os dias das 7 às 22 horas, incluindo os fins de semana."

Continua......
templario disse…
.... Continuação

Por vezes o trabalho desenvolvido é insuficiente. Eva, titular de um "master 1" em História, com menção "muito bem", reprovou nas provas orais do CAPES de História e Geografia, apesar de uma prévia e cuidada preparação intensiva.

"Estudei arduamente durante vários e longos meses. Tive todavia a pouca sorte de fazer as orais logo no começo do ano escolar e ainda não estava preparada."

(Fim de citação)
templario disse…
Lá me enganei outra vez no Link.

o Blogue a que me referi é

"http://tomar a dianteira.blogspot.com"

TOMAR A DIANTEIRA
templario disse…
AINDA SOBRE A TRADUÇÃO ACIMA:

Para quem quiser conhecer melhor o que é o "CAPES", pode ler a introdução no post respectivo, feita pelo Professor António Rebelo, formado numa Universidade de Paris, meu conterrâneo (Tomar), através do respetivo URL:

"http://tomaradianteira.blogspot.com/2009/10/mudar-de-assunto-para-respirar-um-pouco.html"

(o Link continua a não resultar)