Para uma Regionalização realmente oportuna

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O País precisa de estancar o agravamento das assimetrias regionais, precisa de entender de uma vez por todas que a periferia raiana não é nenhuma periferia, mas uma nova centralidade (pois está mais perto de Espanha e do resto da União Europeia) e é, de facto, uma nova oportunidade para as empresas, para as cidades, vilas e aldeias. Mas para que tal ocorra não basta criar uma regionalização ad hoc, de cima para baixo, sob tutela governamental, e com mais burocracia.

Aliás, assim definida e proposta, não passa dum voto piedoso. O importante para atingirmos uma regionalização realmente oportuna, que aumente a riqueza do país e devolva efectiva capacidade de gestão às regiões é isto:
  1. harmonizar imediatamente o peso da fiscalidade com a vizinha Espanha, propondo a Madrid uma comissão bilateral encarregue de estudar e estabelecer rapidamente a paridade fiscal entre os dois países da União;
  2. recriar o ministério do planeamento, agregado em seu redor um conjunto de novos e reformados institutos técnicos do Estado, independentes e com uma forte e prestigiada vertente técnica — para os quais deveriam ser atraídos parte da nossa melhor competência profissional, hoje dispersa pela nova diáspora lusitana;
  3. criar um ministério das regiões-plano com importância hierárquica logo abaixo do ministro das finanças, responsável por todas as CCRs;
  4. elevar as cidades-região de Lisboa e Porto à categoria de regiões autónomas, à semelhança das já existentes, mas inspirando-se nos modelos de governança das grandes cidades regiões existentes um pouco por todo o planeta: Madrid, Londres, Pequim, São Paulo, etc.
  5. completar criteriosamente o plano rodoviário efectivamente necessário ao país, e lançar um ambicioso projecto ferroviário, onde seja prioridade a compatibilização da actual ferrovia, sistema de sinalização e material circulante, com os padrões europeus, dando prioridade a este investimento — uma geração—, e não à estéril discussão do TGV. Salvo a ligação de Alta Velocidade entre Lisboa, Madrid e Barcelona (velocidade média na ordem dos 250-300Km), todas as demais ligações devem apontar para velocidade médias na ordem dos 200 Km, aplicando a poupança no excesso de velocidade (que é caríssima, tanto a construir, como sobretudo a manter!) na densidade da malha de bitola europeia, e na sofisticação tecnológica e conforto das composições. Para tal seria da máxima utilidade estratégica criar um cluster ferroviário ibérico, propondo para tal uma aliança estratégica à Espanha, que dá cartas nesta matéria;
  6. adiar sine die o Novo Aeroporto de Alcochete, levando entretanto até ao limite o potencial ainda por esgotar da Portela (um dos melhores aeroportos naturais do mundo), obviamente com uma nova gestão;
  7. por fim, para coerir estrategicamente o território português, potenciando a continuidade produtiva, económica, fiscal e cultural entre a periferia atlântica e o centro da Europa, em aliança estratégica com a Espanha, Portugal precisa menos de uma pesada burocracia regionalista, do que de mais meios, poderes e responsabilidades atribuídos a esse motor esquecido da coesão territorial que são as freguesias rurais.
(...)

|O António Maria|

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

O aspecto mais importante a referir é a necessidade de se assegurar índices permanentes de desenvolvimento. Este objectivo só pode ser atingido com o exercício do poder por políticos de excelência que se afirmem defensores do primado da política sobre tudo o resto.
Depois, que se disponibilizem para implementar políticas em todos os sectores da vida da sociedade portuguesa orientadas para aquele objectivo, renegando todo o tipo de promiscuidade reinante nos domínios mais problemáticos de vivência social, em que não há um único dia em que não sejam notícia pelos piores e menos veneráveis motivos, havendo sempre quem se tenha posto a jeito para isso.
Tudo isto é impossível de concretizar se, para além do referido, não se conseguirem acréscimos de produção e de riqueza obtidos com o aproveitamento dos nossos recursos endógenos e diferenciados pelas 7 Regiões Autónomas.
Por fim, o maior valor distintivo da nossa sociedade capaz de nos impor junto das sociedades mais desenvolvidas e das outras, por inferência, consiste na demonstração e visibilidade dos nossos índices de desenvolvimento qualitativo, os mais importantes factores de afirmação nacional e internacional, de combate no quadro da competitividade e respeito internacionais, com custos muito mais aceitáveis que qualquer campanha de divulgação de marca, seja ela qual for, muitas vezes de gosto muito duvidoso e de eficácia nula.
O resto é puramente acessório, tal como o perfil dos candidatos que se alinham para comandarem os destinos de um partido conoctado com o exercício do poder, relativamente ao qual tem mostrado uma sede insaciável e avidez irracional, ambas pouco recomendáveis do ponto de vista político voltado para o desenvolvimento.
Infelizmente.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (smepre com ponto final)