Retrato de um Alentejo envelhecido

No Alentejo prevalece o mais acentuado decréscimo populacional da Europa

De "repentemente", como se diz no Alentejo, uma sociedade rural e estratificada por séculos de dependência das culturas de sequeiro, está envolvida numa verdadeira saga do regresso ao futuro. O concelho de Moura já alberga, há três anos, uma das maiores centrais fotovoltaicas do mundo, que se estende por 250 hectares na freguesia de Amareleja.

No entanto, este cenário do fantástico é apenas um caso isolado numa região que está confrontada com "o mais acentuado decréscimo populacional" de todas as regiões europeias e tudo indica que esse decréscimo prossiga na próxima década, afirma-se no Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território (PNPOT).

Num território que representa quase um terço da superfície do país residem apenas 5,2 por cento dos habitantes, que contribuem com 4,3 por cento para o produto interno bruto nacional. Estes constrangimentos acentuam-se no Baixo Alentejo, região fortemente condicionada por uma progressiva degradação dos indicadores demográficos, agravada por um envelhecimento populacional superior à média nacional. A completar este cenário, o PNPOT realça "as taxas de saída precoce e de abandono escolar superiores à média do continente".

Ao mesmo tempo, a diminuição da proporção de jovens (menos de 15 anos), observa-se de ano para ano. Por exemplo, em Almodôvar , este escalão etário passou de 28,5 por cento em 1970 para 16 por cento em 2001, para continuar a decrescer até hoje.

Esta análise elaborada pela Câmara de Almodôvar evidencia que a população tem vindo a diminuir até à faixa dos 55-59 anos. A partir dessa faixa verifica-se a situação inversa. Nos quatro concelhos - Moura, Cuba, Beja e Almodôvar - a população residente é de 63.242 habitantes. Os jovens dos 0 aos 24 anos são cerca de 16 mil.

Reduzem-se os nascimentos num tempo que que se assiste ao regresso de milhares de alentejanos reformados, que nos anos 50 e 60 emigraram para a cintura industrial de Lisboa. Aldeias que se encontravam quase desertas foram revitalizadas com a chegada da população idosa, enquanto os mais jovens "fogem" da região.

Há dias, quando a ministra da Educação, Isabel Alçada, visitou uma escola secundária de Beja, um dos docentes deixou claro que os formados nas oficinas escolares optam maioritariamente por uma carreira profissional noutras regiões do país e estrangeiro. Os que ficam vão engrossar as fileiras da população inactiva ou do desemprego.

Paradoxalmente, já começaram a surgir apelos para a necessidade de o distrito de Beja receber cerca de 30 mil desempregados e imigrantes para os grandes projectos programados para região (aeroporto de Beja, regadio de Alqueva e complexo de Sines).

Por Carlos Dias
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Comentários

Anónimo disse…
pedro

Em relação à desertificação o que é que querem?

Com aprovação de aborto e desde Julho de 2008 a uma média de 1200 abortos por mês pelo que vo outro dia no jornal, já se perderam quase 30 mil crianças em Portugal, ainda por cima agora os partidos da decadência querem casar os pandeleiros, fazendo-lhes querer que são normais, quando não passam de uns doentes mentais, com estas medidas e leis a taxa de natalidade só pode diminuir.

Assim vai este pais, qualquer dia aparecem ai meia dúzia de malucos a pedir a legalização do canibalismo, do incesto e da eutanásia, e o Ps, ou melhor o PSI, acrónimo para Partido Socialista Iberista bem como o BE legalizam logo, desde que votem neles.

A eutanásia deve estar para breve e até vai dar jeito, visto que com o aumento da esperança média de vida os velhos vão começar a dar muita despesa e a segurança social não aguente, então à que lhe limpar o cebo.

Depois vem estes senhores regionalistas do Porto culpar a regionalização para a falta de população.

É para esta decadência e para esta falta de valores que a 3ª república nos está a conduzir.
Anónimo disse…
Dizer que os abortos são os responsáveis pela desertificação do interior é a anedota do ano...

Ahahahaha...
Anónimo disse…
Sim, culpar a quantidade de abortos e a legalização dos casamentos 'gay' pelo despovoamento do interior é, mesmo, não perceber nada sobre esta problemática.