Turismo de negócios (MI)

Lisboa vale 80% do mercado português

No total da procura do país, Lisboa ocupa uma posição privilegiada, representando mais de 80% do turismo de negócios nacional.

A capital portuguesa ocupou em 2008 a 10ª posição mundial na realização de eventos, podendo subir para 6º em 2009.

Lisboa é o destino de excelência em Portugal para o segmento Meetings and Incentives (MI) , ao conquistar cerca de 25% da procura turística total na capital, medida pelo indicador hóspedes da hotelaria. No total da procura do país, Lisboa ocupa uma posição privilegiada, representando mais de 80% do turismo de negócios nacional.

A nível mundial, Lisboa ocupou, em 2008, o 10º lugar, com 83 eventos realizados. A evolução nos últimos dez anos tem revelado uma tendência de crescimento no número de eventos realizados, tendo, porém, verificado-se uma ligeira descida em 2008 relativamente a 2007, ano em que a capital contabilizou 90 eventos, ocupando o 6º lugar. O ‘ranking' de 2009 ainda não foi anunciado pela Internation Congress and Convention Association (ICCA), mas o Turismo de Lisboa conta com uma subida para números semelhantes a 2007.

Um cenário que pode vir a manter-se em 2010, visto prever-se "que se mantenham o mesmo número de congressos associativos", apesar do número de participantes ser menor, disse ao Diário Económico Paula Oliveira, directora executiva do Turismo de Lisboa, acrescentando que a perspectiva é que haja "uma linha de crescimento, mas mais lenta que a verificada no segmento lazer".

As perdas registadas no segmento no ano passado devem-se, sobretudo, "ao negócio ‘Corporate' e não tanto aos Congressos Associativos", informa a responsável, revelando que em 2009 o número de incentivos e conferências "sofreu uma elevada redução, estimando-se uma quebra de 50% de 2008 para 2009 neste segmento".

Ricardo Gonçalves, director da área de consultoria em Turismo da Deloitte, diz mesmo que a crise deverá ter diminuido entre 15% a 20%, a receita gerada por este segmento.



Mas Paula Oliveira esclarece não ter havido "situações drásticas", advertindo, porém, "ser prudente olharmos para este produto com bastante atenção e numa perspectiva de que a crise ainda não passou e que é necessário trabalhar na captação e, provavelmente, aderir a algumas situações de apoio que até agora não se colocariam na angariação de eventos para Lisboa."

A directora executiva do Turismo de Lisboa afirma ainda que a concorrência "é cada vez mais apertada, pelo que o factor preço é preponderante". No entanto, a cidade "tem todas as condições para receber muitos eventos MI de pequena e média dimensão."

Ricardo Gonçalves alerta haver ainda muito a fazer pelo país, à qual a capital não escapa. "Portugal, tem actualmente, poucas infra-estruturas que ofereçam condições adequadas à realização de eventos de grande dimensão", adiantando que os equipamentos com essas condições "apresentam, muitas vezes, outros entraves, como o acesso, a logística, a oferta hoteleira de qualidade superior, obsolescência dos espaços e necessidade de remodelações."

O consultor defende ser "crítico apostar na promoção e comunicação juntos dos ‘players' da indústria, procurando atrair eventos de forte projecção internacional, investir em infra-estruturas versáteis, tecnologicamente equipadas, junto a unidades hoteleiras e às principais vias de acesso." E defende ser necessário "maximizar a complementariedade entre o produto MI e os restantes produtos estratégicos." Já Paula Oliveira considera que os agentes devem continuar a trabalhar na óptica de uma tendência de crescimento, sendo para tal necessário "investir principalmente nas acessibilidades e num novo equipamento para congressos".

Como factores distintivos, a responsável frisa o facto de Lisboa ser um destino que "conjuga história com modernidade, excelentes acessibilidades, um aeroporto a 7 km do centro da cidade, profissionais de grande qualidade, excelente hotelaria e gastronomia de excepção", incluindo na lista, ainda, "animação, cultura, golfe, património da humanidade, mar, praias, natureza." Ricardo Gonçalves junta aos pontos fortes "a boa relação qualidade/preço", revelando que os eventos MI tendem a ser "cada vez mais específicos, profissionais e estratégicos". O director da área de consultoria em Turismo da Deloitte diz "sentir-se uma maior procura por infra-estruturas ambientalmente sustentáveis e por destinos que ofereçam experiências únicas".

O Lisboa Convention Bureau tem um orçamento anual de um milhão de euros para trabalhar o segmento de MI, ou seja, 29% do total do investimento directo nos quatro produtos trabalhados na promoção turística internacional: MI, City and Short Breaks, Golf e Touring.




Espaços de eventos em Lisboa...

Centro de Congressos de Lisboa e da FIL
Os espaços da AIP Congressos, o Centro de Congressos de Lisboa, o Centro de Reuniões na FIL e a própria FIL registaram um crescimento superior a 20% no número de eventos acolhidos em 2009. Foram mais 47 do que em 2008, num total de 264. Também o número global de participantes subiu de 198.011 em 2008, para 339.331 em 2009. Maria Rocha de Matos, directora geral da AIP Congressos, informa que 125 dos eventos foram de cariz político-social, 49 foram congressos associativos, 69 ‘corporate meetings' e 15 eventos de diversos tipos, como jantares e festas. À lista juntam-se 16 exposições. A responsável destaca ser o sector médico e farmacêutico os principais clientes, havendo um crescimento de eventos na área das TI's.

Pavilhão Atlântico
Em 2009 o Pavilhão Atlântico acolheu cerca de 24% mais eventos do que em 2008, "o que denota uma tendência de crescimento apesar da retracção do mercado". Quem o afirma é o administrador-delegado daquele espaço, Alexandre Barbosa. Os eventos do segmento MI representam, em média, mais de metade da ocupação anual dos espaços geridos pela Atlântico, que, em ano de crise, "procurou contrariar a tendência de contenção por parte do mercado com uma abordagem proactiva, segmentada e privilegiando sempre a satisfação dos seus clientes", frisa o responsável. Dessa forma, conseguiu "assegurar uma melhoria significativa da performance operacional e um resultado económico-financeiro globalmente positivo".

Centro Cultural de Belém
O segmento MI representou 76,9% dos eventos realizados nos espaços do CCB e 74,9% dos participantes no ano de 2009. Foram 411 os eventos realizados paar este segmento, dos 534 que o CCB acolheu o ano passado e que contaram com 85.754 participantes. No total de eventos, houve um decréscimo relativamente a 2008, em que se registaram 600 eventos, com um total de 97.028 participantes e mesmo comparativamente a 2007, onde o CCB recebeu um total de 100 mil participantes que assistiram a 565 eventos. A quebra no número de eventos foi de 5%, mas o segmento MI registou um aumento de 2,6%. O espaço ultrapassou as expectativas e os objectivos propostas, diz Ana Morais, dministradora do CCB.

Centro de Congressos do Estoril
A actividade do CCE e toda a sua promoção está especialmente vocacionada para o sector de Reuniões e Incentivos, pelo que "a nossa facturação incide sobretudo na organização de congressos e conferências que normalmente decorrem por um perído de dois ou três dias com ou sem exposição", explica Pedro Rocha dos Santos, Director daquele espaço, que, em 2009, teve, em média, 300 visitantes no sector ‘corporate' e 400 no sector associativo. Segundo o responsável, "o ano de 2009 ficou caracterizado por uma redução nos eventos ‘corporate', uma estabilização nos eventos associativos e um aumento importante dos eventos institucionais públicos".


NO PORTO

Centro de Congressos do Europarque
O Norte do País dá cartas no segmento MI, dispondo de várias infra-estruturas com condições para realizar este tipo de eventos, como a Alfândega do Porto, o Palácio da Bolsa, a Fundação de Serralves ou a Casa da Música. Porém, são os centros de congressos da Exponor e do Europarque os mais procurados, tendo atingido, em 2009, "um volume de negócios muito significativo", de acordo com Tavares da Costa, director do Europarque. "O número de realizações ultrapassou o que tem sido habitual nos últimos anos, atingindo cerca de 200 eventos, que acolheram mais de 141 mil pessoas", diz. Já a Exponor acolheu cerca de 130 eventos que contaram com um número total de participantes de mais de 86 mil pessoas".

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